Até a uns anos atrás nós fazíamos a nossa apresentação dizendo nosso nome, idade, cidade onde morávamos… Haviam formas de fazer diferentes currículos que pudessem falar sobre nós e expressar quão grande era a nossa capacidade.  E quanto mais cursos e diplomas tivéssemos, maior era a importância da pessoa. Até vir a internet, a explosão virtual na pandemia e logo após a mesma, e mudou a forma como você conhece alguém verdadeiramente. Em um mundo onde predomina o virtual, como você conhece uma pessoa?

A arrogância precede a destruição; a humildade precede a honra. Provérbios 18:12

O rito

Era um jantar de confraternização. Eu era novata no lugar, conhecia poucas pessoas. Tivemos o momento inicial com acolhimento, em seguida músicas, na sequência uma palestrante. Após, oração para abençoar o alimento e convite para as pessoas se servirem à mesa.

Uma inversão de valores

Haviam mesas unidas e com alimentos vindo de cada um dos que puderam contribuir. Saladas, frutas, refeições, sobremesa. Eu fiquei observando a reação das pessoas. No meu íntimo, esperava que fosse primeiro à mesa idosos, crianças, portadores de necessidades especiais. Só então eu iria me levantar para me direcionar ao lugar. Infelizmente não foi isso que vi. Jovens e adolescentes foram correndo para mesa, encheram seus pratos, não se preocupando muito se haveriam outras pessoas para também se alimentarem. E os idosos foram se levantando para começar a colaborar com limpeza e organização, pois os mais novos não se preocuparam com isso. Uma cena que, inicialmente, causou-me desconcerto, depois, lembrei da realidade que vivemos no mundo atual diante da geração que encontramos.

Temor do Senhor ensina a sabedoria,

e a humildade antecede a honra.  Provérbios 15:33

Uma pessoa especial

Quando vi o salão praticamente vazio imaginei que todos já tinham se alimentado. Então me dirigi à mesa. Algumas pessoas foram chegando e ficando atrás de mim. Uma senhora muito sorridente e simpática ficou logo atrás de mim. Assim que a vi, orientei que ela fosse para frente, por ser prioridade (pela idade). Ela sorriu e disse que não precisava, iria aguardar ali, junto com todos. O tempo passou, pessoas vinham falar com ela.

Em pouco tempo descobri que ela era a maior autoridade do lugar, com problemas cardíacos que a faziam ter limitação de 70% do seu coração, restando 30% funcionante. Ali, sem que ela me dissesse seu nome ou falasse qualquer coisa a seu respeito, já conheci MUITO sobre ela. Não precisou ela me dizer uma só palavra para saber o quanto se trata de uma mulher valorosa, sábia, honrada e digna, exemplo para a geração atual.

Não sabia seu nome, idade e muito menos o seu currículo, mas só pela sua nobre ação, de se colocar após todos que estavam ali para se alimentar, tendo tido a certeza que todos ali já o tinham feito e estevam bem, mesmo com suas limitações e autoridade que a faziam ser o primeiro lugar à mesa, já me mostraram o quão grande ela é.

Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. Marcos 10:43-45 ARA

Aprendendo com os antigos valores

Que a geração atual possa olhar para a geração passada. Que a atual possa aprender os valores reais que precisamos ter para almejarmos sermos melhores e termos currículos invejáveis. O mundo caminha de modo tão acelerado que a nova geração não percebeu que não precisa mais de muito para se apresentar, bem como o porquê de as empresas estarem fechando por não encontrarem pessoal qualificado: qualificação em soft skills! São os nossos gestos, palavras, ações, o nosso melhor cartão de apresentação e currículo. Não adianta mais falar que você é, se você expressar exatamente o contrário. Então, como você conhece uma pessoa? O conhecer uma pessoa hoje está em observar como ela age, principalmente com aqueles que nada tem a lhe oferecer. Como você está vivendo e se mostrando ao mundo?

Quando a Medicina e a Espiritualidade se encontram os resultados são extraordinários!

Gisele Leite

Essa é a terceira vez que eu leio a obra Don Quixote de Cervantes, na primeira o meu encantamento foi pela fantasia das aventuras daquele personagem que passeava pela ingenuidade e loucura. Entretanto, eu deveria ter entre 17 e 18 anos.

Na segunda leitura já senti um pouco da profundidade da obra e da magnitude do autor que criou situações e diálogos incríveis, que me levaram a reflexões sobre sensatez e razão, loucura e fantasia. Entretanto,
tudo era profundo e necessitava de análises e relações com esse ou aquele ponto de vista, teoria analítica ou sei lá o quê! Eu deveria ter uns trinta e poucos ou vinte e muitos e estava completamente envolvida pela psicologia. A essa altura a essência da obra Don Quixote de Cervantes foi ficando mais clara para mim, mas ainda não o suficiente.

Um novo olhar

Agora com quase 50 anos releio a obra e, ai sim, parece que estou em outro universo, mais leve e descomprometido das “análises explicativas”. Talvez isso tenha me feito prestar atenção em Marcela, mais precisamente em seu discurso no enterro de Grisóstomo. Homem que se matou por não ter o seu amor por ela correspondido. Uma mulher que escolheu a liberdade, o desapego e o desprendimento como valores a seguir, rompendo os paradigmas da sua época.

Marcela amava a sua liberdade e pronto!

Reflexão

E em seu discurso, que ocupa duas páginas da obra, Cervantes nos faz refletir sobre as nossas “DES culpas”. Mas o mais belo que eu achei foi a descrição da forma transparente e ampla que Marcela se relaciona consigo e com as outras pessoas.

Sem mais, sigo na fascinante leitura desta obra, que não à-toa, é considerada o maior livro já escrito na porção Ocidental do mundo.

Nossos valores não são imutáveis

Contextualizando: *As crenças são suposições ou convicções julgadas verdadeiras a respeito de pessoas, conceitos ou fatos.*Os valores, são um método simplificado de descrever o que é importante para nós. São uma forma rápida de descrever nossas motivações individuais. Em conjunto com nossas crenças, são os fatores causais que orientam nossa tomada de decisões.

Nossos valores não são imutáveis, eles podem variar dependendo do momento, da maturidade ou contexto. Ex:  amizade pode ser um valor alto para os jovens, que precisam se relacionar em grupo, trabalhar aceitação e inclusão. À medida que envelhecemos, esse valor pode diminuir, dando lugar de prioridade para outros, como saúde e qualidade de vida.   

O valor da Confiança

Para mim, a confiança sempre foi um valor importante, independente da época, idade ou lugar. Ao longo do passar dos anos, com essa realidade que fomos nos “acostumando” a viver, o lema que eu trazia, da fala do meu pai, foi sendo distorcido: melhor desconfiar, até prova em contrário!!!

Confiança não é algo que nascemos com ela ou a trazemos no nosso DNA. Não está escrito em nossa testa: “sou confiável”. Confiança é um valor que se adquire, que se conquista e nunca é da noite para o dia ou de uma hora para outra. Leva tempo, trabalho e atitude. Por isso

Desta forma, chamo a atenção para refletirmos sobre nossas relações interpessoais, em casa ou no ambiente profissional: cada vez mais será necessário restabelecer vínculos com base na confiança, para a elevação da consciência e o alcance de resultados.

Na semana passada, refletimos sobre valores. Qual o valor que você dá para as coisas? Na semana retrasada, refletimos sobre ser solidário. E o quanto isso pode ter um cunho egoísta. Do quanto a gente pode se doar, esperando algo em troca. Mas as minhas experiências têm me levado para um outro lado. Para a vertente do amor incondicional.

AMOR

Tenho visto pessoas que se entregam de corpo e alma. Que fecham os olhos para as consequências. Ou mesmo para as causas. Pessoas preocupadas com o bem-estar das outras, como os pais de crianças que nascem com algum tipo de deficiência. Que estão ali para o que der e vier. Sem se preocuparem com o olhar de julgamento dos outros. Tendo olhos somente para os seus próprios filhos, tão dependentes de seus pais.

Tenho vivenciado o amor de uma forma tão extrema, que jamais pensei que pudesse existir. É como se as pessoas estivessem despidas e tivessem um único desejo: que as outras pessoas, ao redor, tenham as mesmas melhores experiências pelas quais elas já passaram.

CHOQUE

Tem sido difícil receber agradecimentos. Eu não estava preparada. Quando me disponibilizei a ajudar, esperava apenas me doar. Mas tenho recebido muito mais do que doado. E, de repente parece errado. Porque parece que só os outros precisam. A gente é auto suficiente. A gente é forte. A gente não passa nem por 1% do sofrimento pelo qual as outras pessoas passam. E, por isso, a gente acha que só a gente tem a dar.

Tenho me surpreendido. Meus relacionamentos foram todos surpreendentes. Sempre me achando tão madura, aprendi quão questionável eu poderia ser. Um choque.

Um choque ver pessoas, que nem sabem o meu nome, tão preocupadas comigo. Mesmo no meu estado de perfeição em saúde física e mental. Um choque que elas me tratem como se eu fosse um de seus filhos acometidos pela falha genética ou pela tragédia.

E isso me leva ao questionamento “Por que percebo isso dessa forma? Isso não deveria ser o normal?”. E se isso fosse normal, será que seria tão mágico experienciar?

CONTRADIÇÃO

Como diria Lulu Santos:

“Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão”

Os contrastes vão sempre existir. É a única forma da gente perceber que:

• A gente está onde a gente, na verdade, não quer estar
• A gente está com alguém que a gente, na verdade, não quer estar
• A gente está fazendo o que a gente, na verdade, não quer fazer

Os contrastes se resumem em duas possibilidades:

• Quanto eu sou estranho
• Quanto o outro é estranho

Com sorte, vamos levar ambas em consideração. Incondicionalmente.