Arquivos vazio - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/vazio/ Cultura e Conhecimento Tue, 19 Sep 2023 01:22:29 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 Acontece nos filmes, acontece na vida: toxicomania https://blogdosaber.com.br/2023/09/19/acontece-nos-filmes-acontece-na-vida-toxicomania/ https://blogdosaber.com.br/2023/09/19/acontece-nos-filmes-acontece-na-vida-toxicomania/#respond Tue, 19 Sep 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=2533 Ler mais]]> Acontece nos filmes

Com duas indicações ao Oscar, o filme de 2018 comprado pela Prime Video, ‘Querido Menino’ (do inglês, Beautiful Boy), conta a história real de um pai que tenta ajudar o seu filho a sair da toxicomania. Nic está entrando na vida adulta e desde criança vive na ponte Los Angeles-São Francisco, entre a mãe e a nova família do pai. A sua relação com o pai, a madrasta e os irmãos pequenos é extremamente calorosa. Nota-se em duas cenas, Nic criança e Nic aos 18 anos, que o retorno para Los Angeles é doloroso. Também é possível observar, em uma discussão com o pai, ainda sob o efeito das drogas, que Nic se sente pressionado a ser algo além do que ele entende poder ser, como se ele fosse a grande criação de seu pai.

Quando as cenas chegam ao fim, um dado, de certa forma, perturbador é exposto: nos EUA, a overdose é a principal causa de morte de pessoas abaixo dos 50 anos. Muitos outros filmes, séries e documentários americanos corroboram para essa informação.

Na mesma linha, o filme de 2023, também comprado pela Prime Video, ‘Uma Boa Pessoa’ (do inglês, A Good Person), narra a história de uma jovem mulher que se envolve em um acidente de carro, cujas fatalidades são de sua responsabilidade. Para combater a dor física, durante a sua recuperação, receitam oxicodona para ela. E, para se livrar do sentimento de culpa, o opioide acaba também caindo como uma luva. Assim, Allison desenvolve a toxicomania e luta para se livrar dela.

Acontece na vida

Seguindo o mesmo raciocínio, a Netflix lançou em 2023 a série ‘Império da Dor’ (do inglês, Painkiller). Esse drama conta a história do OxyContin, da Purdue Pharma, analgésico de uso contínuo, cuja ação é semelhante à da morfina. A série traz histórias reais de pessoas que se tornam viciadas nesse forte opioide em diferentes situações: seja para fugir da dor física, seja para fugir da dor emocional. ‘Império da Dor’ escancara a epidemia de opioides nos Estados Unidos. Uma epidemia silenciosa, cuja cortina de fumaça se mantém pela legitimação da legalidade.

Segundo a reportagem da BBC, Crise de opioides: ‘as máquinas de refrigerante’ que dão antídoto de overdose em ruas dos Estados Unidos, o fentanil, um opioide sintético “cem vezes mais potente que a morfina e 50 vezes mais forte que a heroína”, contribuiu para o aumento das fatalidades. Ainda de acordo com o artigo, o fentanil costuma estar misturado a outras drogas nos EUA. “As máquinas de refrigerante” espalhadas pelas cidades mais intensamente a partir da pandemia de covid-19, oferece, dentre outros, teste para fentanil em drogas e naloxona, um antídoto nasal contra overdose de opioide.

Quando entramos no Brasil, enfrentamos uma outra realidade, mas não muito menos caótica. Talvez, inclusive, trate-se de um sinal de alerta para o que há por vir. O Jornal da USP publicou este ano a seguinte matéria: Busca por medicamentos para a saúde mental cresce a cada ano no Brasil. Segundo o texto, a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor “cresceu cerca de 58% entre os anos de 2017 e 2021”. 

Toxicomania: da necessidade ao desejo
Uma colherada de remédios

Bom, os filmes e séries citados no presente texto trazem diferentes histórias que circundam a toxicomania. Apesar de algumas delas falarem de pessoas, a priori, felizes, completas, bem resolvidas, é importante termos em mente que a completude não existe. Porque falamos uma língua que gera ambiguidades, porque nos relacionamos, consequentemente somos seres faltantes. A droga reconforta porque proporciona uma sensação de preenchimento. Um falso preenchimento. Uma sensação instantânea e enquanto durar o efeito. Um querer imediatista. 

Aos poucos, a necessidade de se livrar da dor para que seja possível retomar uma vida vai sendo substituída pelo desejo de não sentir nenhum tipo de desprazer. A dúvida, o ser contrariado, a culpa, a perda, todas essas são formas de desprazer. E todos esses são sentimentos aos quais estamos vulneráveis, expostos, na iminência de ocorrer. Talvez, não haja outra maneira de se livrar do vício ou de lidar com a vida, a não ser aprendendo a aceitar esse buraco. Esse furo. Esse vazio.

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Quando o amor acontece: da paixão ao vazio https://blogdosaber.com.br/2023/06/06/quando-o-amor-acontece-da-paixao-ao-vazio/ https://blogdosaber.com.br/2023/06/06/quando-o-amor-acontece-da-paixao-ao-vazio/#respond Tue, 06 Jun 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1637 Ler mais]]> Valentine’s!

Para quem está disperso ou desolado, perdendo a decoração romântica das vitrines das lojas, enfatizemos que em menos de uma semana ocorrerá o tão celebrado Dia dos Namorados. Por todos os lugares, não importa se será uma odiada ou descansada segunda-feira, estarão todos organizando jantares ou fazendo reservas. E quem não fizer com antecedência, terá que comemorar em casa mesmo. Quem sabe com um jantar à luz de velas?

Esse é o famoso dia, comemorado em todos os países do mundo. Mesmo em datas diferentes, dele ninguém esquece. Nem mesmo quem está sozinho! Em casa, luzes baixas, uma taça de vinho na mão, assistindo ‘O Diário de Bridget Jones’ pela centésima vez, talvez? Ou comemorando em uma festa para solteiros em pleno Dia dos Namorados? Bom, os estilos são diversos. Escolha o seu!

As fases do amor

Mas quem já se relacionou sabe bem como funcionam as fases do amor, certo? No início, tudo é borboletas no estômago. A euforia corre solta. São muitos os pequenos estados de excitação e pânico. Eles vão se intercalando: ora ficamos empolgados, ora apavorados. Criamos expectativas e percebemos a possibilidade delas não se cumprirem. Tudo é muito incerto, pois não conhecemos suficientemente o outro para já existir uma relação de confiança. Até lá, haja adrenalina!

Essa é a paixão. Nessa fase, estamos normalmente bem atentos aos nossos erros e pouco atentos aos erros do outro. Cobramos de nós mesmos os melhores modos, o melhor discurso, as melhores roupas, o melhor asseio, enfim, a melhor aparência. Por outro lado, relevamos as gafes, o pouco cuidado e, muitas vezes, até o desinteresse do outro. Para muitos, trata-se de “tudo ou nada”. Para poucos, trata-se de fazer uma escolha sensata. Mas, no frigir dos ovos, estamos todos no mesmo barco de emoções.

É bem verdade que alguns relacionamentos podem estar repletos de adrenalina mesmo depois de algum tempo. Mas não se engane. Isso pode significar, sim, que no relacionamento ainda há muitas boas surpresas. Se não, serão as más surpresas que aparecerão. As boas surpresas são aquelas que seu parceiro proporciona com prazer e que igualmente lhe dá prazer. Já as más surpresas são situações em que o seu companheiro lhe coloca devido a um erro de cálculo, ou melhor dizendo, devido a uma falha de comunicação.

Meio cheio ou meio vazio?

As pessoas costumam colocar o amor como um sentimento que amadureceu. E alguns realmente levam bastante tempo para dizer “eu te amo”! Mas o fato é que no amor parece haver uma entrega maior. Uma espécie de relaxamento. É até comum que as pessoas engordem quando passam a morar juntas! Mas será que é porque um adquiriu o hábito do outro ou porque não se vê mais sentido em segurar suas ânsias? Afinal, ainda estaremos falando de amor?

Por mais que se envolver com alguém implique em preencher vazios, o amor deve completar todos os vazios? Com o amor, curam-se todas as feridas? E se o amor não curar, pode apenas fingir que curou? Pois é, muitos relacionamentos funcionarão assim, como um paliativo. Ou como um medicamento de uso controlado: sem ele, você estará perdido! Não que não possa funcionar assim. Será eterno enquanto durar. Mas a que preço?

Caiu de maduro!

E por falar em preço, qual é o preço do amadurecimento? O encolhimento da paixão? Apesar do amor ser maduro, se a paixão não estiver minimamente presente, teremos um casal de amigos, certo? Mas, afinal, por que a paixão é diminuída ao longo dos anos? É uma condição para que se amadureça ou é uma consequência da intimidade?

Já anuncia o dito popular “a intimidade é uma merda”. Todos nós temos fantasias sobre as pessoas das quais nos aproximamos. Temos expectativas. Queremos que sejam boas, educadas, inteligentes, com uma beleza apreciável e que não façam coisas consideradas “nojentas”. Mas, na intimidade, expõe-se a realidade nua e crua: nós acordamos inchados, temos estrias, espinhas, geramos gases e resíduos, rangemos os dentes, roncamos e nos descontrolamos.

Cada vez que esses “defeitos” vão se revelando, vamos somando as decepções. Claro que as decepções têm gravidades diferentes dependendo do nível de fantasia em que o sujeito se encontra e obviamente do nível de descontrole em que está o outro indivíduo. Mas o fato é que todos passamos por essa fase dentro de um relacionamento. Se as coisas positivas construídas estiverem em maior número que os defeitos, o amor sobrevive e maior será a probabilidade de que lhe restem vestígios de paixão. Se não, o amor se dissolve e a paixão pode dissolver junto, dando origem a uma relação em que se crê que todas as feridas podem ser curadas, por exemplo, ou até mesmo se transformar em um objeto de compulsão.

Então, retornamos à pergunta: o amor preenche todos os vazios?

Se você está procurando uma companheira para preencher todos os seus vazios, esqueça! Não, o amor não cura todas as feridas e nem completa todos os espaços. O amor bem como a paixão preenchem lacunas: são formas de entretenimentos. Mas, se existem feridas – e sempre há, mais ou menos fechadas -, elas estarão lá assim que o efeito da adrenalina passar, assim que a amada sair para trabalhar ou quando os planos entre vocês se esgotarem. No entanto, trago-lhe uma ponta de esperança: o amor pode, sim, transformar. Transformar você. A ponto de você perceber que nem todos os vazios precisam ser preenchidos.

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