Arquivos terapia - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/terapia/ Cultura e Conhecimento Tue, 30 Jan 2024 16:52:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 A luta antimanicomial e as origens do AT https://blogdosaber.com.br/2024/01/30/a-luta-manicomial-e-as-origens-do-at/ https://blogdosaber.com.br/2024/01/30/a-luta-manicomial-e-as-origens-do-at/#respond Tue, 30 Jan 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=3932 Ler mais]]> Luta antimanicomial

Se você não conhece uma instituição psiquiátrica ou geriátrica, em algum filme já deve ter visto um paciente com o seu acompanhante enfermeiro, caminhando pelo bosque, jogando cartas ou apreciando uma paisagem, por exemplo.

O acompanhamento terapêutico também costumava ser praticado por Freud, Jung e outros psicanalistas e psicólogos quando visitavam seus pacientes internados. Até hoje, alguns médicos, especialmente psiquiatras, capacitam-se como AT (acompanhantes terapêuticos) no intuito de avaliar esses pacientes fora de um quarto de hospital. Já outros os encaminham para que o avaliem por ele. Afinal, segue a luta antimanicomial.

O movimento antipsiquiátrico se demarcara da psiquiatria organicista incluindo na discussão sobre a loucura seus aspectos psíquicos, sociais e políticos, buscando romper a sinonímia cuidado-exclusão.

O AT é alguém que se faz presente no âmbito social do paciente. Alguém que serve de ponte à socialização. Portanto, indicado para pessoas que, por algum motivo, encontram-se ausentes ou excluídas da sociedade: aqueles que precisaram de um longo período de tratamento, aqueles que sofrem de fobia ou cuja comunidade não está preparada para acolhimento, seja por uma questão moral seja estrutural. Assim, o envelhecimento, as debilidades e as psicoses são exemplos disso.

Comunidades terapêuticas

No Brasil, as comunidades terapêuticas começaram a se formar no final dos anos 1960.

Uma das mais conhecidas no Rio é a clínica Vila Pinheiros onde assim como as experiências europeias, médicos e não médicos, psis e não psis se debruçam na tentativa de aproximação cotidiana com a loucura.

No entanto, com a ditadura militar, deu-se o fim das comunidades terapêuticas e os jovens dedicados a esse trabalho “começam a ser procurados para atendimentos particulares indicados por terapeutas que preferiam esta alternativa à internação psiquiátrica.”. 

Em 1979, um grupo de profissionais multidisciplinar, em São Paulo, funda o Hospital-Dia A CASA, hoje, Instituto A CASA, instituto de desenvolvimento e pesquisa da saúde mental e psicossocial, cujo livro ‘A Rua como Espaço Clínico’, referência das citações deste artigo, é de sua autoria.

Os acompanhantes

O AT deve trabalhar para propiciar ao paciente meios de socializar e de se tornar independente, ou menos dependente, dentro da comunidade em que vive, utilizando-se dos espaços públicos. Trata-se de uma alternativa ou de um complemento às psicoterapias, dependendo do caso. Porque nem sempre o trabalho em consultório é possível. Assim como nem todo paciente é indicado ou suscetível à Psicanálise, podendo entrar como possibilidade abordagens da Psicologia.

As metodologias de trabalho a serem adotadas dependem diretamente do desejo do profissional, do desejo do paciente, bem como de sua estrutura psíquica e emocional. E, muitas vezes, do desejo da família, em vez do paciente. O que deve ser, inclusive, identificado e comunicado ao cliente pelo profissional.

No Brasil, além do Instituto A CASA, existem outros grupos de pessoas investidas em melhorar a qualidade de vida de outras que merecem destaque. Exemplo disso é a Equipe AT, que promove a capacitação de profissionais da área da saúde em hospitais e da educação nas escolas, o encontro de pacientes em atividades sociais e culturais pela cidade de São Paulo, entre outros projetos. Em Porto Alegre, o Clube Social Pertence acolhe pessoas com deficiência em projetos culturais, gastronômicos, de cidadania, saúde e esporte.

O mais importante desse trabalho é a comunicação: todos os envolvidos, psiquiatra, psicoterapeuta/psicanalista, família e AT devem estar alinhados em relação ao tratamento do paciente. E uma pergunta é fundamental: “Como devolver-lhe a voz e reencontrar sua potência de conexão com o social?”.

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Terror nas escolas: a iminência do ataque https://blogdosaber.com.br/2023/04/18/terror-nas-escolas-a-iminencia-do-ataque/ https://blogdosaber.com.br/2023/04/18/terror-nas-escolas-a-iminencia-do-ataque/#respond Tue, 18 Apr 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1303 Ler mais]]> Nos últimos meses, estivemos sendo surpreendidos por ataques realizados nas escolas do Brasil. Um drama que tem acometido todas as famílias constituídas por crianças e adolescentes. “Será que meu filho corre perigo?”

Atos violentos

A gente pode tentar o que for para evitar a raiva, ou melhor, evitar transparecer a raiva. Mas, não se engane, ela está ali. É na forma como ela vai sair do seu corpo que está a questão. A gente acha errado, não quer sentir, e acabamos reprimindo-a. O fato é que a pulsão agressiva faz parte da natureza humana, do instinto de sobrevivência. E se a gente não souber como lidar com ela, em algum momento, ela vai nos dominar.

“Extravasa! Libera e joga tudo pro ar!”

Não é preciso dominá-la, mas extravasá-la. De alguma forma que, dentro de uma civilização, seja aceitável. Há várias formas de fazer isso: brincando, principalmente em jogos de disputa, praticando exercícios físicos, em especial os aeróbicos, dedicando-se a algum tipo de atividade artística, como o teatro, a música ou a pintura, ou até mesmo ocupando posições profissionais que requeiram um perfil de cobrança, como cargos de liderança ou de coach.

Existem diversas situações do dia a dia que colocam em xeque a nossa tolerância emocional. No frigir dos ovos, tudo aquilo que nos contraria está nos testando. Aí entra, então, o papel do reconhecimento bem como o da frustração na infância. Fundamentais para que o indivíduo compreenda que nem tudo na vida se tratará dele. Assim, os pais precisam entender que uma coisa é ter um ambiente controlado, que é o meio familiar. Outra coisa, totalmente diferente, é o fora da porta de casa. Lá, o indivíduo encontra todo tipo de situação e com os mais diversos tipos de pessoas. Ou seja, o sujeito fica exposto ao desconhecido, ao indeterminado.

Sim, é preciso dizer não!

Se as pessoas não entram em contato com a frustração desde a sua mais tenra idade e não sabe como extravasar a raiva proveniente daquele sentimento, será realmente difícil lidar com o que as contraria nas fases seguintes. Então, tudo pode acontecer, inclusive o inimaginável. A iminência do ataque, da explosão, do desabafo, estará sempre presente. E não só nas escolas, mas em qualquer lugar.

Porém, também é preciso reconhecer…

Toda criança precisa ser reconhecida como indivíduo. Precisa ser olhada, amparada. Ela deve se sentir importante, mas não a ponto de estar acima das outras pessoas. É uma questão de balanço.

Quando se trata de sobrevivência, tema também abordado no texto Poder e submissão: até que ponto o estado é efetivo contra a violência doméstica?, procuramos vítimas mais vulneráveis, menores que nós, mais fracas ou frágeis que nós. Por isso ataques a crianças são preferidos pelos agressores. Além disso, a escola é, muitas vezes, uma representação da nossa primeira exposição ao mundo real, onde sofremos bullying, onde somos forçados a estudar, a nos comportarmos, ou seja, onde somos contrariados constantemente. Uma planta piloto de frustrações.

E qual a saída do caos?

Se as famílias não são garantia de uma educação adequada, as escolas, necessariamente, têm que ter esse papel. Precisamos de instituições de melhor qualidade, que consigam dar atenção individual, envolvendo também as famílias. As atividades terapêuticas e o acompanhamento dos casos precisam fazer parte de uma rotina escolar. A infância é a fase de maior vulnerabilidade e de menor resistência. Se existe um momento de agir e ter êxito, é ali! E, afinal, que tipo de jovens queremos formar? E com que tipo de adultos queremos lidar?

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