Arquivos regras - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/regras/ Cultura e Conhecimento Mon, 11 Sep 2023 23:34:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 O jovem contemporâneo: um sujeito sem lei? https://blogdosaber.com.br/2023/09/12/o-jovem-contemporaneo-um-sujeito-sem-lei/ https://blogdosaber.com.br/2023/09/12/o-jovem-contemporaneo-um-sujeito-sem-lei/#comments Tue, 12 Sep 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=2468 Ler mais]]> A violência e a lei

Como foi abordado no artigo Projeto Eu Me Protejo: a luta contra a violência sexual infantil, as vítimas mais prováveis de violência são os jovens, especiamente os menores de idade, cujos registros de estupro representam 68% de todos os registros no sistema de saúde. Sendo as mais vulneráveis vítimas, acabam se encaixando também como aqueles que mais provavelmente praticarão violência. 

Em Expressões: a arte e a coragem, refletimos sobre o senso de coletivo como pré-requisito para a construção e manutenção de comunidades. Afinal, quando falamos de civilização, tratamos de ideias voltadas para um conjunto, para “o bem de todos”, não do indivíduo isolado. Socializar requer regras, maneiras, etiqueta. Porque quando vivemos em comunidade, é preciso respeitar as diferenças e, muitas vezes, deixar de lado o que pensamos ou sentimos.

Só que, para que exista uma sociedade com regras etc, é preciso que haja a lei. Assim como nas religiões os padres, pastores e profetas são aqueles que pregam “a verdade”, os políticos são os representantes legais de uma nação que disseminam o que pode e o que não pode, os direitos e deveres.

Sociedade moderna e frustrada

Então, chegamos em um ponto crítico da sociedade moderna: a crise da autoridade. Entramos numa época em que qualquer um se sente confortável o suficiente para se colocar numa posição acima da lei. Segundo o escritor e psicanalista Contardo Calligaris, em sua obra Hello, Brasil!, isso teria tido origem entre o fim do século XVIII e o início do XIX, quando “a infância se constitui no Ocidente como uma época protegida e separada da vida adulta”. Calligaris também coloca que a criança teria se tornado uma peça central na família, onde os adultos projetam os seus anseios e desejos. Desejo de que a criança realize o que o pai e a mãe não conseguiram realizar. 

Somado a isso, quando entramos em países como o Brasil, nos quais a maioridade acaba tendo um caminho prolongado, os jovens passam muito tempo sob a jurisdição única dos próprios pais. Pais, estes, frustrados com um Estado que não dá conta de seus desejos. Internet, redes sociais, tudo entra para escancarar essa frustração e provar que, aqui, vale tudo. Vale tudo, exceto a lei.

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Bom senso: uma doce ilusão ou uma boa desculpa? https://blogdosaber.com.br/2023/04/11/bom-senso-uma-doce-ilusao-ou-uma-boa-desculpa/ https://blogdosaber.com.br/2023/04/11/bom-senso-uma-doce-ilusao-ou-uma-boa-desculpa/#respond Tue, 11 Apr 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1242 Ler mais]]> Tudo é bom senso!

Quem não adora enfiar o bom senso no meio das sentenças que atire a primeira pedra! A gente mete o bom senso em cada situação… Mas é que o bom senso, a princípio, parece justificar um monte de coisas. O problema é que, analisando minuciosamente, ele diz muito sobre quem fala, mas não sobre de quem se fala. E, no final das contas, não se chega a solução alguma. 

Onde não há regras, não há bom senso

O fato é que o bom senso não existe sem regras, educação ou orientação. A gente não para pra pensar que o bom senso é sempre em relação a alguma coisa. Algo que já existe e que, conforme padronização, estudos ou indicação, é feito ou dito de determinada maneira. Convido-lhe a lembrar do menino Mogli, criado por animais em meio à selva. Imaginemos que ele venha para o centro urbano, pergunto: o que será bom senso para Mogli? Percebe?

Certo, agora, voltemos aos humanos criados por outros seres humanos. Se pensarmos no homem e na mulher, já conseguimos visualizar diferenças significativas de comportamento, provenientes da forma como um menino e uma menina são criados dentro de uma sociedade. Em geral, nos estados patriarcais, as mulheres são mais higiênicas, organizadas e cuidadosas do que eles. Afinal, desde pequenas, elas brincam com bonecas, tratando-as como se fossem suas próprias filhas, são orientadas dentro da cozinha e ajudam suas mães com as atividades domésticas.  

Lidando com as diferenças

Enquanto isso, os meninos são normalmente atraídos para um outro universo: de brincar de carrinho, de auxiliar o pai nos trabalhos domésticos, que incluem manutenção e limpeza do carro, bricolagem, manutenção predial ou, em muitos casos, apenas brincar de carrinho mesmo. Então, pergunto: o bom senso para a mulher vai ser o mesmo bom senso para o homem? Quando se casam e começam as discussões, um acusa o outro de falta de bom senso. Interessante, não? 

O mesmo ocorre quando estamos no mundo corporativo. O que é uma organização empresarial? É um ambiente contendo pessoas de diversos backgrounds e, portanto, de pontos de vista diferentes. Não dá pra esperar que essas pessoas tenham bom senso se bom senso é relativo. É preciso orientá-las, educa-las e supervisiona-las, como os nossos pais fizeram conosco um dia.  

Alguns dizem que educação vem de casa, outros jogam a responsabilidade para as escolas. Mas a realidade é que vivemos num país onde tanto a educação em casa quanto na escola é precária. O que esperar, então, das pessoas? Nada. Assim, se você está tendo dificuldades em transformar a cultura na sua empresa, comece tentando mudar a sua própria.  

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Por que fazem corpo mole? https://blogdosaber.com.br/2023/02/14/dialetica-do-reconhecimento/ https://blogdosaber.com.br/2023/02/14/dialetica-do-reconhecimento/#respond Tue, 14 Feb 2023 11:00:00 +0000 http://blogdosaber.com.br/?p=515 Ler mais]]> Entendendo a dialética do reconhecimento
O narcisismo no jogo do reconhecimento

O ser reconhecido faz parte da construção da estrutura narcísica em todo indivíduo. O reconhecer a minha imagem diante de um espelho, o reconhecer a minha presença diante do olhar enquanto me alimento através do seio ou da mamadeira, o reconhecer a minha necessidade de me alimentar, o reconhecer a minha dor quando tenho cólicas, o reconhecer as minhas palavras e atitudes cada vez que me exprimo. Por isso, as figuras maternas e paternas são essenciais no fortalecimento do ego do sujeito: afinal, para que haja reconhecimento, é preciso que alguém reconheça.

Reconhecer é conhecer de novo. Ou seja, reconhecer é lembrar. E a gente só lembra de alguém através de atitudes: ou foi algo que esse alguém fez ou foi algo que esse alguém disse. E, a partir do momento em que se forma uma civilização e passamos a viver em sociedade, o reconhecer deixa de ser uma função exclusiva daquele que gerou e passa a ser de todos que nos cercam. Por isso, sentimo-nos desconfortáveis quando alguém entra no elevador e não nos cumprimenta. Sentimo-nos desconhecidos, invisíveis, excluídos. 

A civilização contra a liberdade

Quando falamos de sociedade, falamos de teoria de formação de grupos, ou seja, de psicologia das massas. Para entrar em um grupo, é preciso aceitação. Em outras palavras, aceitação é aprovação a partir de identificações. Assim, as pessoas fazem amizade ou se agregam porque se identificam umas com as outras. No entanto, quando se trata de fazer parte de uma sociedade, as identificações ficam bastante a desejar, afinal, são muitos os “poréns”.

Se o sujeito quer participar dessa sociedade, ele precisa abrir mão de fragmentos de sua liberdade. Da mesma forma, quando o indivíduo é contratado para trabalhar em uma empresa, ele também é convidado a abrir mão de vários aspectos dessa liberdade para poder cumprir as regras. Fazendo um cálculo rápido, o sujeito entende que a troca da liberdade por regras é justa, tendo em vista que essa é a condição para ser aceito ou reconhecido naquela comunidade ou quadro de colaboradores.

Por mais contraditório que pareça, quando não há regras, há sofrimento

Para o filósofo e sociólogo alemão Alex Honneth, o sofrimento deriva da exclusão e da indeterminação. Dentro de uma empresa, a indeterminação pode fazer referência à falta de regras ou ao não entendimento delas por parte dos colaboradores, quando as regras, por exemplo, são confusas.

A exclusão é mais óbvia: trata-se de não se sentir parte de algo, de não se sentir útil, de não se sentir contribuinte de um bem maior. Isso acontece quando falta engajamento e delegação de competências por parte dos gestores ou quando a própria empresa não possui um plano de carreira ou objetivos claros – o que entra novamente em indeterminação, pois, se a empresa não tem bem definidos os seus objetivos, o colaborador também não consegue definir as suas metas dentro dela. 

Sem regras, não há metas. Sem metas, não há reconhecimento. E, sem reconhecimento, não há negocio. Porque o negocio é ser reconhecido. Então, vira terra sem lei e cada um faz como entende que é menos sofrido. Afinal, nessa terra, parece haver espaço para cada um criar as suas próprias regras, certo?

Em suma

Lembre-se: todo mundo quer ser importante ou, pelo menos, sentir-se assim. Mas quando a troca da liberdade pelas regras não mais se sustenta, por uma questão de economia de energia psíquica, o sujeito tende a procurar a vantagem ou o custo benefício em outro tipo de relação, seja dentro ou fora da sua empresa.

Fique atento aos sintomas: se na sua empresa você tem a impressão de que as pessoas normalmente não estão dando o melhor de si ou que a rotatividade de gente é anormal, alerta vermelho! Isso é um problema estrutural. O sofrimento é generalizado: para os colaboradores, que não se sentem reconhecidos, e para os processos, que acabam não evoluindo. 

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