Arquivos reflexões - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/reflexoes/ Cultura e Conhecimento Mon, 11 Mar 2024 04:14:08 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 Amanhecer https://blogdosaber.com.br/2024/01/23/amanhecer-vida-paris-viagem-sol-mensagem-ensinamentos-pessoa-taxi-metro/ https://blogdosaber.com.br/2024/01/23/amanhecer-vida-paris-viagem-sol-mensagem-ensinamentos-pessoa-taxi-metro/#comments Tue, 23 Jan 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=3877 Ler mais]]>

Amanhecendo nas alturas

O amanhecer é uma das coisas mais mágicas que já pude contemplar. O mundo tem muita magia, basta darmos pequenas pausas, para a percebermos em todo lugar: É a flor que desabrocha em cores que só Deus tem capacidade de matizar, é o canto dos pássaros, o riso cristalino de uma criança, o som da chuva….

São tantas coisas, mas para mim, a magia mais extraordinária de todas, é o amanhecer.

Infelizmente, nossa vida cheia de urgências e coisas inadiáveis não nos dá tempo para apreciar o que temos ao redor. Nosso amanhecer já começa cheio de responsabilidades, de compromissos e correrias.

Certa feita, estava indo de avião para Paris. Como não durmo bem nessas latas de sardinhas voadoras, estava olhando pela janela quando flagrei o surgimento de um facho de luz no horizonte, quebrando a escuridão da noite.

Era o sol, nascendo “lá embaixo” trazendo tons dourados numa faixa luminosa, como se dividisse o horizonte em dois. Depois, as cores foram se espalhando lentamente, como se estivessem com preguiça e antes do astro aparecer completamente, o avião pousou.

Nunca vi outra cena igual, por isso ela é para mim, inesquecível, especial. Foi um amanhecer, “nas alturas”, contudo, um amanhecer.

Enquanto esperava, pacientemente, as malas na esteira, no aeroporto Charles de Gaulle, pensava na simbologia daquele momento tão lindo e nas reflexões ele tem: Amanheceres são recomeços. Um novo dia sempre será uma nova oportunidade para iniciarmos nossos projetos, fazermos o que não conseguimos no dia anterior ou consertar algo que “quebramos.”

Amanheceres

Então, comecei a pensar nos diferentes amanheceres que vivenciei. Lembrei de um amanhecer numa maternidade, como acompanhante de minha prima, na ocasião em que ela teve bebê. A criança chorava tanto, acredito que de alegria por ter vindo ao mundo, que cogitei naquele momento nunca ser mãe.

Também recordo de alguns amanheceres abençoados nas vigílias das igrejas, cuja animação era tamanha, que nos deixava acordados com muita alegria.

Pegando o sol com a mão

Não. Nunca tive um amanhecer naquelas festas carnavalescas ou de grandes cantores com aquelas super produções, onde as pessoas, cansadas, mas felizes (acredito) postam “pegando o sol com a mão.”

E para esse tipo de festa, “não me convide, passe longe de mim num raio de dez mil metros,” como diz a humorista Julinha Joia, pois eu não tenho idade, nem paciência para tal.

Um outro momento peculiar foi há muitos anos, na minha fase universitária, onde tive um amanhecer “On the Wings of Love” (nas asas do amor), como diz a música de Jeffrey Osborne, mas não vou entrar em detalhes, pois aqui não é Whattpad, onde predominam os contos hots.

E o que dizer de meus produtivos amanheceres do “saber” quando via o dia clarear estudando para a prova da Ordem… Quantas memórias!

Quando o amanhecer é difícil…

Mas, convenhamos, nem todo amanhecer é assim, agradável. Como qualquer pessoa comum, tive amanheceres difíceis, que são também memoráveis: o amanhecer da aflição, quando minha irmã foi ter bebê e o parto parecia que não tinha fim; o amanhecer da incerteza, quando acordava com um problema que não conseguia resolver. O amanhecer do luto, quando recebi a notícia que meu pai havia falecido e o amanhecer do adeus, quando passei a noite com familiares, velando o corpo de minha mãe.

Ainda assim, em todas essas ocasiões, o sol nasceu, brilhante, irradiando luz, como se me acalentasse ou segurasse minha mão, me dando apoio e forças para continuar.

E é essa, a magia da vida! Sempre desejamos que nosso amanhecer seja feliz, mas temos que ter sabedoria e resiliência para atravessar os que não são e prosseguir na caminhada.

Amanhecendo com a cidade de Paris

Ainda no aeroporto, muito bem decorado com relógios patrocinados pela Rolex, pegamos as malas e fomos para o local dos taxis, que tinham amanhecido esperando por nós, seus passageiros. Demos o endereço do hotel e fomos enfrentando o engarrafamento das primeiras horas do dia.

Ao adentrar no centro de Paris, nos famosos “arrondissements,” a cidade amanhecia conosco: os comerciantes abrindo os Cafés e boulangeries, colocando as cadeirinhas nas calçadas, gente apressada para pegar o metrô, jogando a fumaça de seus cigarros para cima, antes de desaparecerem numa das muitas entradas em art noveau. O cheiro do café e de baguete no ar, que nos saudava naquele frenesi de uma cidade acordando.

Antes de chegarmos, ainda tive tempo agradecer a Deus por cada amanhecer que tive, que me fizeram a pessoa que sou (e continuará me transformando até o último momento). Enfim, ainda tentei imaginar “de quantos amanheceres serão minha vida?”

E você, já teve um amanhecer memorável? Se puder, conte para mim.

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As Aves Marinhas https://blogdosaber.com.br/2024/01/09/aves-marinhas-fabulas-reflexoes-viagens-porto-mar-vida/ https://blogdosaber.com.br/2024/01/09/aves-marinhas-fabulas-reflexoes-viagens-porto-mar-vida/#comments Tue, 09 Jan 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=3731 Ler mais]]>

O que as aves marinhas podem nos ensinar?

A crônica hoje é bem leve, como as aves pescadoras que vejo durante o caminho marítimo para o Caribe. Elas, com grande desenvoltura, passam bem perto do navio em voos rasantes, em direção ao mar, onde mergulham para capturarem seus alimentos.

A mágica de aprendermos com os animais é muito antiga. Remonta dos tempos antes de Cristo, quando os assírios, sumérios e babilônicos, utilizavam fábulas, para que, através das historinhas com os animais, pudéssemos nos compreender melhor.  

Fábulas e aves.

Quem não lembra da “raposa e as uvas, da cigarra e a formiga, o corvo e o jarro,” dentre outras? Recordo que meu pai nos contava fábulas ou “histórias de trancoso”, depois do jantar, como forma de entretenimento. Com muito humor, que lhe era peculiar, ele narrava histórias divertidas sempre com uma lição de vida embutida. Estudiosos, depois, vieram dizer que é uma técnica de aprendizado.

Pois bem, andando por esse mundo fantástico que Deus criou, presencio as fábulas desenrolando-se em minha frente, tais quais as que ouvia, quando criança. Como tenho viajado bastante pelo mar, as aves marinhas são as personagens principais.

Percebi que, sempre que estamos nos aproximamos das Bahamas, centenas de aves, geralmente, martim-pescadores ou andorinhas-do-mar (trinta-réis-escuros) seguem o navio. São aves pequenas, alegres e que adoram uma algazarra. Voam baixo, mergulham ferozmente para apanhar os peixes. Quando não obtém sucesso, preparam novos mergulhos até conseguirem. Umas, mais atrevidas, tomam o peixe da outra, sem nenhuma cerimônia. Deve ser a conhecida “lei do mais forte”.

Não sei se elas têm algum tribunal judicial, para que a queixa de crime de roubo seja processada e julgada. Como boa brasileira, fico imaginando se nesse tribunal também teria algum “arrumadinho”, algo que burlasse a lei e, por conseguinte, a aplicação da pena, como vemos acontecer em nossa sociedade.

Ih, vejo que minha crônica está ficando pesada, vamos respirar e recomeçar.

A importância das aves.

As aves têm sua importância desde os tempos do Antigo Testamento, quando Noé soltou algumas para averiguar se havia terra à vista. Dizem que eram pombas, mas poderiam ter sido gaivotas (quem vai saber).

Como elas não voltaram, deduziu-se que as aves encontraram um local para pousar, se alimentar, etc. Eu também teria feito o mesmo depois de 40 dias, presa, ouvindo alarido de todo tipo de animal, incluindo a risada maléfica das hienas, os urros de elefantes, os rugidos dos leões, além de suportar as peripécias dos macacos brincalhões, mexendo com todos.

Bem, quando vejo aves passeando perto do navio, assim como Noé, acredito que estamos perto de algum pedaço de terra, o que me deixa, ao mesmo tempo, feliz e curiosa: será que por lá habita alguém, que tipo de flora e fauna existe, ou se a ilha esconde algum tesouro do tempo dos piratas. (Desde que não seja o tesouro dos gatos). Como estamos constantemente nas imediações do Caribe, há ilhas inexploradas ainda, mesmo tendo sido descobertas e catalogadas nas cartas náuticas.

Pauso minhas divagações e fico observando o comportamento das aves: primeiro, aprendem a voar, algo que é da natureza delas e me questiono que, assim como as aves, temos consciência de tudo que é de nossa natureza? E por que tememos tanto certas coisas, inerentes a nós, seres humanos, como exemplo, a caça, a sobrevivência, a morte…? (Pergunta para os universitários da vida).

Depois que aprendem a voar, as aves deslocam de onde vivem e vão à luta, em busca de alimento. Se arriscam, mergulham com a cara e a coragem à procura de seus objetivos. Não conseguem, se decepcionam e tentam de novo. Não desistem.  São admiráveis. É a vida e disso, depende sua sobrevivência. E não somos todos assim?

As aves de Marselha, França.

Outro dia estava num porto, em Marselha, Le Vieux Port (O Porto Velho), que é um ponto turístico, onde os pescadores ainda trazem suas pescarias, tratam e vendem os peixes. Nesse porto fica uma linda marina, e é todo margeado de restaurantes, cafés-bares, hotéis e a Igreja de Saint-Laurent, do século XII, tida como a paróquia dos pescadores. Tais estabelecimentos, sempre lotados de elegantes franceses e turistas do mundo todo.

Se tem algo que aprecio ver mesmo é a vida como ela é, como diria Nelson Rodrigues. Então, quando chego em locais de forte apelo turístico, tenho cuidado em identificar o que é real e o que é feito para “pegar turistas,” o que é comum em todo lugar, inclusive, em nosso Estado (RN), basta observar.

A cena dos pescadores, literalmente, tratando e vendendo o peixe em voz alta, os clientes – em sua maioria, os donos de restaurantes e Cafés ou moradores dos arredores – escolhendo os mariscos, polvos e pescados mais vistosos, negociando, saindo satisfeitos, prenderam minha atenção por um bom tempo.

Umas moças de branco, brigando entre si.

De repente, ouvi um barulho peculiar e me virei na direção de onde vinha, ou seja, para o chão, ao lado das bancas de peixes: algumas gaivotas, muito matreiras, aguardavam algo cair para bicarem. Duas delas começaram a brigar como duas moças sem educação, vociferando e se peitando. Eu me aproximei e bati com o pé no chão para apartar aquela briga. Como pode, duas senhoritas, tão bonitas, duelando por causa de um pedaço de peixe, tendo o mar à disposição e até mesmo, os pescadores, que ainda tinham muitos peixes a limpar?

Pelo visto, nenhuma delas era paciente. E por vezes também não agimos assim, com imediatismos, querendo tudo agora, sem sabedoria, sem esperar por algo melhor?

Pouco depois, um pescador, desprezou um monte de peixes menores que não dava para vender e aquelas daminhas de branco (e outras) fizeram a festa. Com certeza ainda levaram para casa para fazer a famosa bouillabaisse, a sopa de peixes sortidos com vegetais e ervas, tradicional em Marselha (já estou criando uma história dentro de uma crônica. Perdoem-me, é coisa de escritor). Como eu disse, são as fábulas acontecendo sob nosso nariz.

Aves, Noé, Fábulas…

E assim, deu a hora de voltar para o navio, e fui inspirada por aquelas gaivotas briguentas. Hoje, da minha cabine, vendo as aves pescadoras mergulhando por entre a espuma do mar, causadas pelo quebrar das ondas no casco desse gigante navio, resolvi escrever sobre as aves e suas lições, tais como nas fábulas.

E falando em Noé, vou passar quase quarenta dias dentro de uma gigante arca, cheia de entretenimentos, tecnologia e da coroa da criação de Deus, que são os seres humanos. Amanhã, ao parar nas Bahamas, vou sair e estirar as pernas, lembrando das aves que estiraram suas asas depois de tantos dias navegando.  

Agora, me falem quais fábulas vocês conhecem:

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