Você conhece a parábola do leão e da gazela? Ela é assim: “Toda manhã, na África, uma gazela acorda. Ela sabe que deve correr mais rápido que o leão ou será morta. Toda manhã, na África, um leão acorda. Ele sabe que deve correr mais rápido que a gazela ou irá morrer de fome. Moral da história: não importa se você é um leão ou uma gazela; quando o sol nascer, é melhor começar a correr.”

Como diz a moral da história, não importa se você é leão ou gazela; quando o sol nascer, é melhor você começar a correr. É a lei da selva e da natureza. Ela vale para todo e qualquer animal como também para nós seres humanos, já que lá em Gênesis 3:19 temos o seguinte: com o suor do teu rosto comerás o teu pão…

É o suor do teu rosto que te garante o pão

Se retroagirmos para a era do homem caçador e coletor, era necessário literalmente correr atrás das feras para caçá-las, matá-las, matar a fome e garantir a sua sobrevivência. Isso lhe custava muito suor, não só do rosto, mas de todo o corpo também. Com o passar do tempo e a evolução da humanidade a corrida atrás da caça foi substituída pelo trabalho, que em muitos casos também exige dispender o suor do rosto. Mas em todo caso é o trabalho suado ou não que garante o sustento e a sobrevivência da maioria das pessoas até os dias atuais. As exceções ficam por conta de uma pequena minoria que não chega a 5% da população mundial. Gente que já nasceu em berço de ouro e não precisa trabalhar.

Sobreviver ou viver?

O que é fato é que, nos dias atuais com mais de 8 bilhões de pessoas transitando sobre a face da terra, a cada dia se faz necessário correr cada vez mais. Levando-se em consideração que o mercado de trabalho se torna a cada dia mais e mais competitivo, e como se não bastasse, com a 4ª revolução industrial e a Inteligência Artificial tomando todos os espaços desse mercado sobreviver termina se sobressaindo ao simples viver. Que crueldade e que ironia não?

O desenvolvimento tecnológico até certo ponto trouxe menos trabalho físico e mais trabalho intelectual, mais conforto e qualidade de vida. Nas décadas de 60, 70, 80 e 90 as casas, apartamentos e os automóveis eram espaçosos, luxuosos e acessíveis. Mas a modernidade acabou proporcionando à maioria das pessoas jornadas de trabalho desumana, casas, apartamentos e carros minúsculos e caros. O custo de vida nunca foi tão caro em qualquer lugar do mundo como atualmente para uma vida corrida, estressante e repleta de problemas, principalmente os psíquicos. A humanidade nunca esteve tão doente, seja física, mental, emocional e espiritualmente como agora. Os médicos, os esteticistas, os psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e a indústria farmacêutica nunca ganharam tanto dinheiro.

Não importa se você é leão ou gazela

Portanto a parábola do leão e da gazela nunca esteve tão atual como agora, pois apesar de o mundo continuar girando da mesma forma e com a mesma velocidade as pessoas passaram a correr muito mais do que os nossos antepassados e não importa se você é leão ou gazela, pois se um dia é da caça o outro é do caçador. E ai, você já descobriu se é leão ou gazela?

Parece que a atriz Rosamund Pink, transformou a garota exemplar, filme lançado em 2014, em uma mulher de negócios determinada a conquistar o sonho americano a qualquer preço. No filme “Eu me importo”, lançado em 2020, filme que faz parte do catálogo da Netflix. Conta a história de uma mulher que aplica golpes em idosos para roubar as suas economias, sem escrúpulos, pena ou compaixão, mas a minha atenção aqui não é para o enredo do filme e sim para a reflexão da nossa preparação para a finitude.

Encarando a finitude

Falar sobre finitude, terminalidade, fim de vida, ou qualquer outro termo que substitua a palavra MORTE, é, para muitas pessoas um verdadeiro terror!!!

As famílias não costumam” trazer o assunto a mesa” e sabe o que é mais interessante nisso? É que a morte é a única certeza que temos na vida e mais nada.

Partindo deste fato, e como disse o filósofo Friedrich Nietzsche: “Contra fatos não há argumentos. ”

Eu me peguei pensando em como é que vamos nos afastando tanto de um assunto tão natural como é a morte? Esse comportamento faz com que nos alimentemos da ilusão de que tudo se resolverá.

Delegando responsabilidades

Colocamos muita responsabilidade, para os que creem em algum tipo de religião, em um tipo de salvação e com isso vamos entregando a nossa responsabilidade com a vida ao destino ou a alguma entidade maior.

Ficamos à mercê das decisões de parentes ou de alguém que tenha sido delegado para conduzir um processo que poderia ter sido planejado de acordo com as minhas vontades e não me refiro ao meu querer e sim as condições que eu preparei durante a minha vida.

Envolvendo desde uma programação financeira até um estilo de vida que me permita o maior grau de autonomia possível.

Assistir o filme, e aqui não pretendo dar spoiler, me fez refletir sobre o tamanho da minha responsabilidade com a minha vida e morte. O quanto um planejamento para a forma como eu quero viver o meu envelhecimento em sua fase terminal, pode gerar tranquilidade para mim e principalmente para os meus familiares.

No filme, a protagonista faz a pergunta que intitula o texto: “ Você é um leão ou um cordeiro?”

Não sei como você irá interpretar esta pergunta.

Sugiro que assista o filme e elabore a sua resposta. Quem sabe ela te dará o direcionamento que você precisa?

Enquanto não encararmos a nossa finitude estaremos vulneráveis… pensemos nisso!