{"id":515,"date":"2023-02-14T08:00:00","date_gmt":"2023-02-14T11:00:00","guid":{"rendered":"http:\/\/blogdosaber.com.br\/?p=515"},"modified":"2023-02-14T06:19:39","modified_gmt":"2023-02-14T09:19:39","slug":"dialetica-do-reconhecimento","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/blogdosaber.com.br\/2023\/02\/14\/dialetica-do-reconhecimento\/","title":{"rendered":"Por que fazem corpo mole?"},"content":{"rendered":"\n
Entendendo a dial\u00e9tica do reconhecimento<\/h2>\n\n\n\n
O narcisismo no jogo do reconhecimento<\/h5>\n\n\n\n
O ser reconhecido faz parte da constru\u00e7\u00e3o da estrutura narc\u00edsica em todo indiv\u00edduo. O reconhecer a minha imagem diante de um espelho, o reconhecer a minha presen\u00e7a diante do olhar enquanto me alimento atrav\u00e9s do seio ou da mamadeira, o reconhecer a minha necessidade de me alimentar, o reconhecer a minha dor quando tenho c\u00f3licas, o reconhecer as minhas palavras e atitudes cada vez que me exprimo. Por isso, as figuras maternas e paternas s\u00e3o essenciais no fortalecimento do ego do sujeito: afinal, para que haja reconhecimento, \u00e9 preciso que algu\u00e9m reconhe\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Reconhecer \u00e9 conhecer de novo. Ou seja, reconhecer \u00e9 lembrar. E a gente s\u00f3 lembra de algu\u00e9m atrav\u00e9s de atitudes: ou foi algo que esse algu\u00e9m fez ou foi algo que esse algu\u00e9m disse. E, a partir do momento em que se forma uma civiliza\u00e7\u00e3o e passamos a viver em sociedade, o reconhecer deixa de ser uma fun\u00e7\u00e3o exclusiva daquele que gerou e passa a ser de todos que nos cercam. Por isso, sentimo-nos desconfort\u00e1veis quando algu\u00e9m entra no elevador e n\u00e3o nos cumprimenta. Sentimo-nos desconhecidos, invis\u00edveis, exclu\u00eddos. <\/p>\n\n\n\n
A civiliza\u00e7\u00e3o contra a liberdade<\/h5>\n\n\n\n<\/figure>\n\n\n\n
Quando falamos de sociedade, falamos de teoria de forma\u00e7\u00e3o de grupos, ou seja, de psicologia das massas. Para entrar em um grupo, \u00e9 preciso aceita\u00e7\u00e3o. Em outras palavras, aceita\u00e7\u00e3o \u00e9 aprova\u00e7\u00e3o a partir de identifica\u00e7\u00f5es. Assim, as pessoas fazem amizade ou se agregam porque se identificam umas com as outras. No entanto, quando se trata de fazer parte de uma sociedade, as identifica\u00e7\u00f5es ficam bastante a desejar, afinal, s\u00e3o muitos os “por\u00e9ns”. <\/p>\n\n\n\n
Se o sujeito quer participar dessa sociedade, ele precisa abrir m\u00e3o de fragmentos de sua liberdade. Da mesma forma, quando o indiv\u00edduo \u00e9 contratado para trabalhar em uma empresa, ele tamb\u00e9m \u00e9 convidado a abrir m\u00e3o de v\u00e1rios aspectos dessa liberdade para poder cumprir as regras. Fazendo um c\u00e1lculo r\u00e1pido, o sujeito entende que a troca da liberdade por regras \u00e9 justa, tendo em vista que essa \u00e9 a condi\u00e7\u00e3o para ser aceito ou reconhecido naquela comunidade ou quadro de colaboradores.<\/p>\n\n\n\n
Por mais contradit\u00f3rio que pare\u00e7a, quando n\u00e3o h\u00e1 regras, h\u00e1 sofrimento<\/h5>\n\n\n\n
Para o fil\u00f3sofo e soci\u00f3logo alem\u00e3o Alex Honneth, o sofrimento deriva da exclus\u00e3o e da indetermina\u00e7\u00e3o. Dentro de uma empresa, a indetermina\u00e7\u00e3o pode fazer refer\u00eancia \u00e0 falta de regras ou ao n\u00e3o entendimento delas por parte dos colaboradores, quando as regras, por exemplo, s\u00e3o confusas. <\/p>\n\n\n\n
A exclus\u00e3o \u00e9 mais \u00f3bvia: trata-se de n\u00e3o se sentir parte de algo, de n\u00e3o se sentir \u00fatil, de n\u00e3o se sentir contribuinte de um bem maior. Isso acontece quando falta engajamento e delega\u00e7\u00e3o de compet\u00eancias por parte dos gestores ou quando a pr\u00f3pria empresa n\u00e3o possui um plano de carreira ou objetivos claros – o que entra novamente em indetermina\u00e7\u00e3o, pois, se a empresa n\u00e3o tem bem definidos os seus objetivos, o colaborador tamb\u00e9m n\u00e3o consegue definir as suas metas dentro dela. <\/p>\n\n\n\n
Sem regras, n\u00e3o h\u00e1 metas. Sem metas, n\u00e3o h\u00e1 reconhecimento. E, sem reconhecimento, n\u00e3o h\u00e1 negocio. Porque o negocio \u00e9 ser reconhecido. Ent\u00e3o, vira terra sem lei e cada um faz como entende que \u00e9 menos sofrido. Afinal, nessa terra, parece haver espa\u00e7o para cada um criar as suas pr\u00f3prias regras, certo?<\/p>\n\n\n\n
Em suma<\/h5>\n\n\n\n
Lembre-se: todo mundo quer ser importante ou, pelo menos, sentir-se assim. Mas quando a troca da liberdade pelas regras n\u00e3o mais se sustenta, por uma quest\u00e3o de economia de energia ps\u00edquica, o sujeito tende a procurar a vantagem ou o custo benef\u00edcio em outro tipo de rela\u00e7\u00e3o, seja dentro ou fora da sua empresa. <\/p>\n\n\n\n
Fique atento aos sintomas: se na sua empresa voc\u00ea tem a impress\u00e3o de que as pessoas normalmente n\u00e3o est\u00e3o dando o melhor de si ou que a rotatividade de gente \u00e9 anormal, alerta vermelho! Isso \u00e9 um problema estrutural. O sofrimento \u00e9 generalizado: para os colaboradores, que n\u00e3o se sentem reconhecidos, e para os processos, que acabam n\u00e3o evoluindo. <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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