{"id":4714,"date":"2024-04-16T06:30:00","date_gmt":"2024-04-16T09:30:00","guid":{"rendered":"https:\/\/blogdosaber.com.br\/?p=4714"},"modified":"2024-04-14T17:52:23","modified_gmt":"2024-04-14T20:52:23","slug":"cohousing-e-exodo-urbano-um-retorno-ao-familiar","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/blogdosaber.com.br\/2024\/04\/16\/cohousing-e-exodo-urbano-um-retorno-ao-familiar\/","title":{"rendered":"Cohousing e ex\u00f4do urbano: um retorno ao familiar"},"content":{"rendered":"\n
De ponta-cabe\u00e7a<\/h5>\n\n\n\n

\u00c0s vezes, tenho a n\u00edtida impress\u00e3o de estar tudo de ponta-cabe\u00e7a. A sensa\u00e7\u00e3o de que o fluxo do rio mudou de sentido, fazendo com que passemos novamente por todas as coisas pelas quais j\u00e1 passamos. \u00c9 como se tiv\u00e9ssemos experimentado, n\u00e3o tiv\u00e9ssemos gostado e, por n\u00e3o conhecermos outras possibilidades, decidimos pelo retorno. <\/p>\n\n\n\n

Porque, de repente, parece que o que t\u00ednhamos antes era melhor. Mas ser\u00e1 que era melhor mesmo ou simplesmente estamos t\u00e3o aterrorizados com a atualidade que acabamos depositando nossas esperan\u00e7as numa realidade um pouco mais familiar? Algo que n\u00e3o necessariamente tenhamos vivido, mas que sabemos que nossos pais e av\u00f3s viveram e, mais importante, que sobreviveram.<\/p>\n\n\n\n

Escitalopram ou \u00eaxodo?<\/h5>\n\n\n\n

Na semana passada, falamos sobre a dificuldade de pais e filhos em lidarem com a era digital, no texto Pais e filhos tentam sobreviver \u00e0 era digital<\/a>. Cada vez mais assuntos v\u00eam \u00e0 tona entre os chamados \u201cpais atentos\u201d, pondo \u00e0 prova o exerc\u00edcio profissional de professores, juristas e representantes do povo. Quest\u00f5es relacionadas \u00e0 constru\u00e7\u00e3o de cren\u00e7as das crian\u00e7as s\u00e3o polemizadas diariamente. Uma verdadeira confus\u00e3o, que n\u00e3o deixa de ser interessante por propor de forma oculta uma revis\u00e3o dos nossos conceitos ou pr\u00e9-conceitos.<\/p>\n\n\n\n

Os \u201cpais atentos\u201d, que, neste momento, est\u00e3o na fase de cuidar dos filhos bem como dos pais. Numa era alucinante, com um tempo que corre quase \u00e0 velocidade do som. Como dar conta? Escitalopram. Ou \u00eaxodo.<\/p>\n\n\n\n

Se voc\u00ea leu \u201cescitalopram\u201d e n\u00e3o compreendeu, parab\u00e9ns, voc\u00ea \u00e9 um dos \u00faltimos dos moicanos. O que n\u00e3o significa que a esp\u00e9cie moicana tenha sobrevivido. Voc\u00ea poder\u00e1 ser o pr\u00f3ximo. Ou poder\u00e1 se isolar da civiliza\u00e7\u00e3o em um para\u00edso azul ou verde, \u00e0 sua escolha, onde fundar\u00e1 o seu pr\u00f3prio povo e suas leis pr\u00f3prias. Assim, deu-se origem ao cohousing<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Uma nova tend\u00eancia…<\/h5>\n\n\n\n

Segundo Rosangela Rachid, arquiteta e urbanista paulistana, em entrevista \u00e0 \u00c9poca Neg\u00f3cios<\/a>, explica que \u201cCohousing<\/em> \u00e9 uma esp\u00e9cie de condom\u00ednio pensado para promover a coopera\u00e7\u00e3o, o sentimento de pertencer e a troca de experi\u00eancias.\u201d A ideia ainda engatinha no Brasil, mas \u00e9 popular na Europa e nos Estados Unidos: \u201cum ant\u00eddoto para combater a solid\u00e3o e melhorar a qualidade de vida\u201d. <\/p>\n\n\n\n

O combate a uma solid\u00e3o que se espalha desenfreadamente por entre condom\u00ednios cada vez mais populosos, meios de comunica\u00e7\u00e3o cada vez mais robustos e pessoas cada vez mais investidas de debate. Por\u00e9m, um debate, muitas vezes, vazio. Sem proposta de constru\u00e7\u00e3o ou reflex\u00e3o. Sem inten\u00e7\u00f5es de coletivizar. Um debate que, muitas vezes, se transforma em mon\u00f3logo. Ou doutrina. Assim, apesar de a era digital prover meios de facilitar a comunica\u00e7\u00e3o entre sujeitos, ela acaba provocando um efeito contr\u00e1rio. Talvez, seja muita informa\u00e7\u00e3o para um HD humano ainda t\u00e3o primitivo. O resultado \u00e9 um sistema que “buga” ou que responde lentamente. <\/p>\n\n\n\n

Ent\u00e3o, quando o concreto j\u00e1 parece opacar em demasia as nossas vidas, tentamos retornar \u00e0 natureza, ao micro, \u00e0s pequenas coisas, aos pequenos grupos, como as tribos “pr\u00e9-civilizat\u00f3rias”. Assim, pessoas com interesses em comum, hoje, buscam se reunir e, al\u00e9m de outras coisas, conviver em espa\u00e7os coletivos dentro de uma determinada privacidade. No Brasil, o cohousing<\/em> come\u00e7a como um espa\u00e7o destinado a envelhecer com qualidade, como mostra a reportagem da BBC, Os amigos que se uniram para construir vila no interior de SP para viver juntos na velhice<\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Para envelhecer, para viver, para tentar ser feliz<\/h5>\n\n\n\n

Afinal, a pir\u00e2mide et\u00e1ria j\u00e1 se inverteu, estamos vivendo mais e esse \u00e9 um dos novos desafios enfrentados pelos brasileiros: como ter qualidade de vida na chamada \u201cmelhor idade\u201d? E como fazer jus a essa express\u00e3o?!<\/p>\n\n\n\n

No RN, o historiador H\u00e9lio Oliveira deu origem \u00e0 Vila Feliz, um espa\u00e7o de tranquilidade, vida em comunidade e simplicidade. A inicialmente pousada e, agora, condom\u00ednio fechado est\u00e1 localizado no distrito de Pium, possui 42 unidades habitacionais de 36 m\u00b2 – inspiradas nos antigos aldeamentos mission\u00e1rios jesu\u00edtas -, capela e p\u00e1tio. Vila Feliz est\u00e1 de p\u00e9 h\u00e1 quase 30 anos, o lugar que Oliveira escolheu para se aposentar. Mas ele conta em entrevista \u00e0 Tribuna do Norte<\/a> que, al\u00e9m dos aposentados, dentre os inquilinos, tamb\u00e9m est\u00e3o professores, estudantes, artistas e \u201cgente de passagem pela capital potiguar que compartilha entre si o gosto por uma vida simples\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Oliveira complementa:<\/p>\n\n\n\n

\u201cAs pessoas ligadas a filosofias alternativas e grupos exot\u00e9ricos, de uma espiritualidade diferente, sempre falam que em Pium h\u00e1 um portal de luz. Quando elas entram na Vila Feliz j\u00e1 disseram que \u00e9 como se entrassem num tempo diferente, conectado com um mundo distante.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Talvez, um mundo n\u00e3o t\u00e3o distante, mas que, definitivamente, parece mais acolhedor do que o que vivemos hoje. <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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