{"id":3822,"date":"2024-01-16T06:30:00","date_gmt":"2024-01-16T09:30:00","guid":{"rendered":"https:\/\/blogdosaber.com.br\/?p=3822"},"modified":"2024-03-11T01:21:58","modified_gmt":"2024-03-11T04:21:58","slug":"objetos-memorias-significados-souvenires-lembrancas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/blogdosaber.com.br\/2024\/01\/16\/objetos-memorias-significados-souvenires-lembrancas\/","title":{"rendered":"Objetos."},"content":{"rendered":"\n
\n
\"Prendedor<\/figure>\n<\/figure>\n\n\n\n

A import\u00e2ncia (ou n\u00e3o) dos objetos<\/h4>\n\n\n\n

Um dos locais que mais gosto nos navios s\u00e3o os caf\u00e9s. Sempre me dirijo para l\u00e1 com um livro embaixo do bra\u00e7o, um objeto simples, mas que cont\u00e9m diferentes mundos em suas p\u00e1ginas. Outro dia, fui para o Caf\u00e9 e, casualmente, prendi meu cabelo com um prendedor, desses comuns.<\/p>\n\n\n\n

Acontece que o objeto que vos falo, era daqueles grand\u00f5es, que me impedia de encostar, confortavelmente, minha cabe\u00e7a na poltrona. Sem muita demora, o removi e o deixei ao lado. Entretida, n\u00e3o vi o tempo passar e at\u00e9 esqueci que tinha chegado com o cabelo preso. Quando meu marido veio me chamar para almo\u00e7ar, levantei e sa\u00ed.<\/p>\n\n\n\n

Horas depois, quando j\u00e1 estava na cabine, dei por falta do prendedor. Lembrei que tinha ido para o Caf\u00e9 com ele, mas voltara sem. Como me custara muito pouco, n\u00e3o quis empreender esfor\u00e7os em sair de minha cabine, esperar o elevador, descer e ir procurar ou perguntar \u00e0s atendentes. Era um objeto t\u00e3o simples, que deixei-o para l\u00e1.<\/p>\n\n\n\n

Os objetos mudam sua import\u00e2ncia conforme acontecimentos.<\/h4>\n\n\n\n

Ent\u00e3o, lembrei de um epis\u00f3dio, de quando era recepcionista no Hospital de Lajes: houvera um grande acidente envolvendo um \u00f4nibus, na BR 304, que passa por Lajes\/RN. As v\u00edtimas (que n\u00e3o eram poucas) eram estudantes que voltavam para Garanhuns\/PE. Lembro que uma delas estava o rosto muito ferido, e os cabelos soltos, tocando as escoria\u00e7\u00f5es. <\/p>\n\n\n\n

Eu juntei-lhe os cabelos, tirei meu prendedor e coloquei nela, para que os fios n\u00e3o ficassem chicoteando aqueles pequenos cortes, o que devia doer bastante. Um objeto insignificante para mim, naquele momento, foi de grande ajuda para ela, creio eu.<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/figure>\n\n\n\n

Viena, seus encantos e objetos.<\/h4>\n\n\n\n

Do mar do Caribe, passando por Lajes, vamos agora pular para Viena, uma das cidades mais lindas que j\u00e1 conheci, n\u00e3o por ser a capital da \u00c1ustria, um pa\u00eds que tem uma carga cultural e cient\u00edfica gigante, mas pela forma com que a cidade se apresentou a mim. <\/p>\n\n\n\n

Fomos no ver\u00e3o (2023), e mesmo com a Europa pegando fogo com o sol causticante e com altas temperaturas, Viena estava fresca e convidativa. Chegamos durante a noite e a cidade, toda iluminada, parecia que nos saudava. O taxista, atencioso, disse que nosso hotel ficava num excelente lugar, que era a pra\u00e7a Helmut-Zilk, onde tamb\u00e9m fica um museu Albertina, alguns monumentos hist\u00f3ricos, o Caf\u00e9 Mozart, e na outra quadra, o Caf\u00e9 Sacher (famoso pela torta de chocolate). <\/p>\n\n\n\n

Do hotel, dava para chegar a outros locais tur\u00edsticos a p\u00e9, algo que gosto muito de fazer – caminhar e analisar o que vejo meticulosamente, pesquisar objetos e curiosidades para criar novas hist\u00f3rias.<\/p>\n\n\n\n

Pois bem, no dia seguinte, come\u00e7amos a explorar Viena e parte de sua beleza. Na mesma pra\u00e7a de nosso hotel havia uma doceria e loja de souvenir bem antiga, cheia de curiosos objetos, disputando clientes com a temida Zara Casa, que ficava perto.<\/p>\n\n\n\n

A doceria parecia uma casinha de contos de fada, com toda a mob\u00edlia antiga em madeira escura, pequenos bibel\u00f4s espalhados, souvenires, al\u00e9m do famoso bombom Mozart (um chocolate comum, redondo embrulhado com o papel com a cara do g\u00eanio austr\u00edaco da m\u00fasica, que encantou o mundo).<\/p>\n\n\n\n

Os bombons Mozart, objetos de desejo dos turistas<\/h4>\n\n\n\n
\"\"<\/figure>\n\n\n\n

Do lado externo da loja, havia uma vitrine muito bem arrumada com parte do mostru\u00e1rio dos doces e objetos e, para chamar a aten\u00e7\u00e3o do turista, uma enorme caixa de acr\u00edlico cheia dos bombons Mozart. Meu marido, ent\u00e3o, encheu a m\u00e3o deles e entramos na lojinha para pagar. Uma senhora, muito simp\u00e1tica com seus cabelos brancos e fei\u00e7\u00f5es bondosas, reprimiu um risinho dizendo (em ingl\u00eas) que aqueles \u201cbombons\u201d era apenas decorativos, ou seja, eram bolas “sei-l\u00e1-de-qu\u00ea” embrulhadas e nos mostrou onde estavam os reais bombons, dispostos em caixas, parecendo presentes. Rimos juntos, afinal, nessas situa\u00e7\u00f5es, o bom humor prevalece.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m dos bombons, a loja tinha v\u00e1rias del\u00edcias, tais como castanhas caramelizadas, balas de gomas caseiras (em formato min\u00fasculos de lim\u00f5es, laranjas, framboesas), caramelos, marzip\u00e3s e uma das coisas que mais gosto: cascas de laranja cristalizadas com chocolate. \u00c9 meu \u201cobjeto de desejo.\u201d Como eram guloseimas artesanais, o pre\u00e7o era alto, pois condizia com a qualidade. Quatro pedacinhos de casca de laranja eram quase seis euros, mais ou menos 32 reais.<\/p>\n\n\n\n

Mesmo assim, eu comprava e dividia em partes iguais com meu marido, que \u00e9 pior do que formiga por doces e guardava as minhas para quando estivesse bem desejosa, pois comer algo delicado e saboroso de qualquer jeito, n\u00e3o tem gra\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

Danke<\/em>, obrigada.<\/h4>\n\n\n\n

Bem, fiquei freguesa dessa lojinha de doces durante nossa estadia em Viena. Adentrava no ambiente sorridente e era recebida da mesma forma. Fiz uma breve amizade com a senhorinha simp\u00e1tica, disse que era brasileira e, para meu espanto, ela pronunciou algumas palavras em portugu\u00eas como \u201cboa tarde, boa noite, obrigado.\u201d Oh povo culto, esses austr\u00edacos. Eu s\u00f3 sabia dizer \u201cdanke<\/em>\u201d que \u00e9 obrigado em alem\u00e3o, a l\u00edngua oficial da \u00c1ustria.<\/p>\n\n\n\n

A doceria, que era pequena, estava quase sempre cheia e eu esperava todos sa\u00edrem para comprar minhas laranjas, e conversar com a senhora, ao mesmo tempo em que passeava os olhos pelos objetos e souvenires. J\u00e1 havia comprado alguns pelos locais que visitara, principalmente, cart\u00f5es de Gustav Klimt, meu pintor favorito. <\/p>\n\n\n\n

Foi ent\u00e3o que coloquei os olhos num dedal com o desenho de Sissi, a famosa imperatriz austr\u00edaca que seduziu toda a Europa, por sua beleza e encantos. H\u00e1 muitas hist\u00f3rias dizendo que a coitada era feiticeira, mas nada que prove tais alega\u00e7\u00f5es, mas voc\u00eas sabem: quando certas anedotas caem no imagin\u00e1rio popular, depois que se espalham, n\u00e3o tem jeito.<\/p>\n\n\n\n

Sissi, a Imperatriz.<\/h4>\n\n\n\n
\"\"<\/figure>\n\n\n\n

Sissi \u00e9 adorada pelo povo austr\u00edaco. https:\/\/rainhastragicas.com\/2021\/05\/12\/imperatriz-da-moda-o-esplendoroso-estilo-de-elisabeth-sissi-da-austria\/<\/a><\/p>\n\n\n\n

Tinha a popularidade da Princesa Diana, em nossa \u00e9poca. Por isso, \u00e9 poss\u00edvel visitar um museu totalmente dedicado \u00e0 ela, com suas roupas (lindos vestidos luxuosos), joias, mobili\u00e1rio, lou\u00e7as, pratarias e coisas que ela usava. Em todas as lojinhas se encontram souvenires com sua linda face, como cart\u00f5es, caixinhas de ch\u00e1, porta-joias, lou\u00e7as, len\u00e7os, blocos de anota\u00e7\u00f5es, bolsas de moedas, chocolates, enfim, o que voc\u00ea puder imaginar de objetos com a figura da idolatrada Sissi.<\/p>\n\n\n\n

Ao ver o dedal, imediatamente, lembrei de minha tia Isabel, que mora em Natal e \u00e9 costureira. N\u00e3o tinha outro souvenir mais perfeito para ela. Pois bem, comprei e embrulhei bem direitinho, afinal, ainda \u00edamos passar uns dias em Budapeste, Hungria, voltar para Miami e depois de uma semana, viajar para o Brasil. Um objeto pequeno e delicado desses poderia quebrar a qualquer momento.<\/p>\n\n\n\n

Lembro que cheguei a Natal com ele, em meio a outras coisinhas, como im\u00e3s de geladeira, bloquinhos de escrever, marcadores de p\u00e1ginas e etc. <\/p>\n\n\n\n

Souvenires ou lembrancinhas, em nosso bom portugu\u00eas, s\u00e3o objetos simples, mas de grande significado, pois lhe remetem a um lugar em que voc\u00ea esteve, em determinado momento de sua vida. Nossa mem\u00f3ria, um dia, ir\u00e1 falhar (a minha, j\u00e1 me prega pe\u00e7as), e ser\u00e3o essas pequenas lembran\u00e7as, materializadas, que v\u00e3o lhe ajudar a recordar.<\/p>\n\n\n\n

O objeto perdido<\/h4>\n\n\n\n

Para encurtar a conversa, esse dedal desapareceu. Procurei no apartamento inteiro, em Natal. Quando cheguei a Miami, tamb\u00e9m revirei tudo e n\u00e3o o encontrei.<\/p>\n\n\n\n

O pior de tudo era que eu tinha mandado as fotos para titia, que adorou a lembran\u00e7a e criou expectativas. Que sensa\u00e7\u00e3o desagrad\u00e1vel \u00e9 n\u00e3o cumprir uma promessa. \u00c9 melhor n\u00e3o faz\u00ea-la. <\/p>\n\n\n\n

Sinceramente, n\u00e3o sei qual o prop\u00f3sito do misterioso desaparecimento desse objeto (uma li\u00e7\u00e3o?). Eu me considero uma pessoa cuidadosa demais para t\u00ea-lo perdido. Talvez, algum dia, quando eu tiver esquecido de procurar, ele apare\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

Por fim, era um simples objeto, poder\u00edamos pensar, mas foi escolhido com muito carinho para uma pessoa que eu sabia que iria gostar. Por esse prisma, o objeto ganha valor e deixa de ser \u201cmero.\u201d<\/p>\n\n\n\n

Agora quero saber se voc\u00eas possuem algum objeto, que por mais simples que pare\u00e7a, tem um significado especial. Contem para mim!<\/p>\n\n\n\n

<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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