Arquivos submissão - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/submissao/ Cultura e Conhecimento Tue, 09 May 2023 01:16:09 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 O perverso e a Alegoria da Caverna de Platão: por que tantas pessoas se submetem a atos religiosos macabros? https://blogdosaber.com.br/2023/05/09/o-perverso-e-a-alegoria-da-caverna-de-platao-por-que-tantas-pessoas-se-submetem-a-atos-religiosos-macabros/ https://blogdosaber.com.br/2023/05/09/o-perverso-e-a-alegoria-da-caverna-de-platao-por-que-tantas-pessoas-se-submetem-a-atos-religiosos-macabros/#respond Tue, 09 May 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1475 Ler mais]]> No Quênia, seguem as investigações a respeito da quase uma centena de corpos encontrados e de outras dezenas de pessoas resgatadas, membros da Good News International Church. O líder da igreja teria induzido os fiéis a passarem fome para que pudessem “encontrar Jesus”.

Essa é apenas mais uma de tantas outras histórias conhecidas de atos macabros praticados pela própria humanidade dentro de cultos religiosos. Podemos citar aqui: o Templo do Povo – Jonestown, o Ramo Davidiano, Heaven’s Gate, a Igreja dos Mórmons que não abandonou a poligamia de Warren Jeffs, entre outros.

O que se espera de uma religião?

Conforto? Motivos para continuarmos seguindo a nossa caminhada? Seja na busca de amigos, respostas ou de sensação de paz ou de utilidade, a religião, não importa qual seja a linha, tem um papel muito importante na civilização. Ela controla o que hoje chamamos de barbárie e traz esperança para a espécie humana.

Independente do motivo, muitos líderes religiosos creem piamente naquilo que pregam, outros nem tanto. Normalmente, estes últimos, mesmo se dizendo profetas, não se colocam na lista de sacrifícios. Eles se satisfazem com o poder que têm sobre os outros.

O que querem os perversos?

Querem satisfazer os seus desejos. Assim, como qualquer outro indivíduo, o perverso é movido por instintos. Raiva e inveja são os principais sentimentos. Mas, nesse caso, não existe o recalque, aquele fornecido pelas religiões e que barram o sujeito da passagem ao ato. O perverso passa por cima da lei bem como do desejo dos outros.

Por que caímos na lábia do perverso?

Todos nós temos experiências completamente diferentes. Nascemos diferentes, nos lugares mais diversos e com mais ou menos oportunidades. Dizem que até um ateu chama pelo “meu deus” em momento de desespero! Pois é, todos sabemos que, em algum momento, a procura por uma religião também pode ser uma forma de pedir socorro. Já que não dou conta sozinho, alguma outra coisa pode me ajudar.

Quando estamos angustiados, dificilmente conseguimos parar para raciocinar. Queremos um resultado imediato: uma palavra que conforte, uma saída para o nosso sofrimento. Tornamo-nos frágeis, vulneráveis às perversões. Aqui, tudo parece impossível, embora, ao mesmo tempo, tudo o que aparece seja possível.

Escultura do rosto de Platão
E o que Platão tem a ver com isso?

Por outro lado, há também aqueles que só conhecem uma única realidade, uma única verdade. Aqueles que nunca saíram da caverna, como na Alegoria da Caverna, de Platão. Para quem não conhece, o mito conta a história de um grupo de pessoas que viviam acorrentadas em uma grande caverna. As suas sombras projetadas na parede a partir da luz da fogueira eram a única paisagem que elas podiam enxergar.

Um dia, uma dessas pessoas consegue se libertar das correntes e sai da caverna. Em contato com a luz do sol e todas as cores refletidas pela natureza, o ex-prisioneiro se sente assustado e pensa em retornar à caverna. Mas ele logo percebe a preciosidade de suas descobertas e resolve voltar apenas para contar aos demais sobre a novidade. Os outros não acreditam nas histórias que conta o ex-prisioneiro, chamam-no de louco e o matam a fim de evitar que suas ideias os atraiam para os “perigos da insanidade”.

Quanto ao templo de Warren Jeffs, por exemplo, a grande maioria das mulheres que vivia na pequena comunidade não tinha vivência fora daquele ambiente nem acesso aos estudos. Eram disciplinadas a rezar, obedecer aos seus maridos, conviver com suas outras esposas e reproduzir.

Da mesma forma, podemos pensar na religião mulçumana, quando as mulheres têm o seu órgão genital mutilado ainda enquanto crianças. Ou quando as suas penas, em relação ao homem, são muito mais severas em caso de adultério ou seus direitos são ínfimos frente aos deveres. Apesar da dor, como se trata de algo cultural, naturalmente, não se pensa em outras possibilidades. O proibido é proibido e ponto final. Questionar “por que não posso mostrar o meu cabelo?” seria, na cultura ocidental, como perguntar “por que não posso roubar?”.

Bom, por um ou por outro motivo, a submissão tem sempre um porquê que nem sempre é acompanhado de argumentos racionais, mas são o suficiente para fazer sentido a algumas pessoas em determinados estados de espírito ou de determinada formação.

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Crime contra a mulher

A Câmara dos Deputados aprovou no último dia 21 um projeto de lei voltado para a proteção de mulheres vítimas de violência. Para mais informações sobre o projeto, acesse https://www.camara.leg.br/noticias/947084-camara-aprova-projeto-que-determina-protecao-imediata-a-mulher-que-denuncia-violencia.

Em meio a tantas notícias de feminicídio no Brasil, torna-se realmente necessário tomar algumas atitudes mais drásticas. Isso não quer dizer que o alto índice de feminicídio seja uma novidade aqui no país.

A questão é que o número de denúncias feitas por mulheres contra violências causadas por atuais ou ex parceiros tem aumentado.

Como viralizar?

Quando os assuntos se tornam manchete, eles ficam em evidência, e quando passamos a ver evidências de algo que ainda não havíamos parado para prestar atenção, ele se torna novidade.

Assim, quando uma grande quantidade de pessoas entende como novidade, o assunto é repercutido ou, na linguagem atual, viralizado.

E a moral da mulher, onde fica?

No caso da violência doméstica, soma-se o fato de que se trata realmente de um assunto que acomete grande parte das mulheres. Porque violência doméstica não inclui apenas agressão física, trata-se também de moral.

A desmoralização da mulher dentro de um núcleo familiar é um dos temas mais abordados na clínica psicanalítica. Essa desmoralização começa quando o homem diminui o papel da mulher dentro da sociedade ou de sua própria casa:

O trabalho dela não é importante, ela ganha uma mixaria, ela não sabe cozinhar, ela não cria bem os filhos, ela não faz nada direito.

Um problema estrutural

É por isso que se fala tanto em machismo estrutural.

No entanto, não nos damos conta que não existiria machismo se não fossem as diferenças claramente marcadas pela sociedade entre o homem e a mulher, mas, em sociedades patriarcais, ainda reina Édipo.

Quem não conhece o mito do rei que matou o pai e se casou com a mãe? Uma história que, em outras palavras, resume-se à agressão e conquista de um homem e à submissão de uma mulher.

Jacques Lacan, o segundo nome da Psicanálise, diz em seu quinto seminário “As formações do inconsciente”:

“A virilidade e a feminização são os dois termos que traduzem o que é, essencialmente, a função do Édipo. Encontramo-nos, aí, no nível em que o Édipo está diretamente ligado à função do Ideal do eu”.

O poder e a submissão

O que quero dizer com isso?

Que existem características que são típicas masculinas e outras tipicamente femininas.

Na sociedade fálica, o homem representa o poder e a mulher, a submissão e em qualquer sociedade, uma pessoa que gosta de agredir naturalmente é atraída por uma outra que aparenta ser mais frágil.

É uma questão de sobrevivência. Você não vai bater em alguém maior que você, certo?

Dentro de uma sociedade, as características típicas dos dois sexos podem ficar mais ou menos evidenciadas, dependendo se ela dá mais ou menos importância às diferenças.

No entanto, é interessante ter em mente que quando falo de sociedade, não estou me referindo às autoridades, mas aos próprios indivíduos que compõem essa organização.

O papel do estado

O que mais quero dizer com isso?

Que o feminicídio constata uma cultura vivida e propagada pela própria sociedade, tanto por homens quanto por mulheres, e que tratar desse assunto é algo muito mais complexo, mas, ao mesmo tempo, não tão menos viável do que se imagina.

O projeto de lei da ministra Simone Tebet é, a princípio, válido e pode salvar muitas vidas, mas, como com diversos programas que temos no Brasil, pergunto-me “até quando?”.

Programas estes que não possuem fiscalização, que não têm um plano estratégico associado. Esses tipos de programas e leis acabam sendo uma forma de “tapar o sol com a peneira”.

As mulheres não precisam de cota ou espaço para atuarem, isso elas já têm. O que elas precisam é se sentir livres dos papéis atribuídos pela sociedade patriarcal.

Ao se sentirem livres dessa posição enrijecida, elas não sentirão mais que precisam de proteção, seja de seus parceiros (proteção essa, muitas vezes, contraditória) ou da polícia.

Mas isso, apesar de ser uma mudança individual, deve acontecer em coletivo, marcando, assim, uma mudança cultural, estrutural. E o início dessa transformação deve ocorrer na infância.

Então, se o estado tem um papel grandioso nisso, é o de garantir a segurança e uma educação de qualidade para as crianças. Escolas onde elas sejam incentivadas a se questionarem.

Sem mais.

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