Arquivos sol - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/sol/ Cultura e Conhecimento Thu, 23 Mar 2023 00:54:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 Descobertas de Nina a auxiliar de cozinha https://blogdosaber.com.br/2023/03/22/descobertas-de-nina-a-auxiliar-de-cozinha/ https://blogdosaber.com.br/2023/03/22/descobertas-de-nina-a-auxiliar-de-cozinha/#respond Wed, 22 Mar 2023 09:00:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1071 Ler mais]]> Hoje trago mais um maravilhoso texto, aqui na coluna crônicas, da grande escritora das horas vagas, Ana Madalena, nossa colaboradora e fundadora desta coluna. Com muita simplicidade e naturalidade ela comenta e disserta sobre o seu novo cotidiano em casa de praia alugada, em praia não divulgada para não atrair os fãs. Com Nina a auxiliar de cozinha, uma nativa da região. O seu novo conto se chama descobertas de Nina a auxiliar de cozinha e ao longo da leitura você vai descobrir o porquê. Vale a pena ler fechar os olhos e se imaginar no lugar dela de tão bem contada que essa história!

Música inspiradora

É como um sol de verão queimando no peito,

Bate um novo desejo em meu coração…”

 Canção de verão, Roupa nova

O verão a todo vapor

O veraneio começou e vai ser daqueles, com direito a muito protetor solar e creme hidratante.

Está muito quente, em todos os sentidos; praias lotadas e festinhas por toda parte.

Ainda bem que estou bem longe de todo esse burburinho; na virada do ano mudei meu local de home office e agora estou numa casa à beira mar, um lugar praticamente deserto.

Os primeiros dias foram confusos; a rotina rígida que tive há tantos anos foi para o espaço.

O barulho das ondas do mar e o balanço das folhas dos coqueiros embalaram meu sono até mais tarde.

A minha sorte é que, com o aluguel da casa, veio uma ajudante de cozinha.

Acordo com o café pronto, um verdadeiro banquete de frutas coloridas e outras coisinhas.

Na minha “vida passada”, só tinha tempo para uma xícara de café e crackers. Estou no lucro.

A internet por aqui “dá para o gasto”, disse o proprietário.

Por sorte, consigo fazer meu trabalho; as reuniões online faço propositalmente com o cenário da praia, enchendo uns poucos de admiração e matando uns muitos de inveja.

Essas reuniões são praticamente minha única conexão com o mundo exterior.

Ainda não fui ao vilarejo fazer compras; por aqui vem sempre um vendedor de frutas, cujo peso/medida é feito com garrafas pet, uma evolução das antigas latas de óleo, segundo ele.

Compro meia garrafa de todas as frutas! Em dias intercalados ele também traz um peixinho, vindo diretamente da rede do arrasto. Um luxo!

A auxiliar de cozinha: Sibito baleado

A mocinha que trabalha aqui é bem franzina, um “sibito baleado”, como ela disse que era chamada, apesar de ter um nome lindo, uma homenagem à bisavó.

Não sei se Nina é “magra de ruim”, mas por via das dúvidas, desde que cheguei, fazemos as refeições juntas, que por sinal são as melhores que já provei.

No começo ela ficou envergonhada, mas agora até repete o prato.

Ela é muito calada, um ” bichinho do mato”, mas eu sempre puxo assunto e logo no primeiro dia descobri que ela tinha problemas para lavar louça.

-Eu não gosto, mas lavo, viu? É porque tenho trauma de infância; levei muita surra quando criança; minha mãe dizia que os copos ficavam com “cheiro”.

Fui solidária com seu trauma, afinal quem não os tem?  Se listasse os meus …

Decidi que lavaria a louça e ela enxugaria; seria uma oportunidade para eu ficar um pouco em pé, uma vez que trabalho sentada o dia todo.

Ela estranhou minha atitude e também meu método.

– A senhora usa essas esponjas todas de uma vez?

– Expliquei que tinha uma para panelas, outra para pratos e talheres e uma para copos.

– Ela perguntou como eu sabia qual era para cada uma, se todas eram iguais?

– Mostrei a letra que escrevi para identificá-las.

– Ela conferiu e murmurou “uhum”. Depois disse-lhe o que lavar primeiro.

– Ela olhou espantada: E tem isso, é?

A descoberta

– Expliquei que meu escorredor era “de primeiro andar”, e por isso eu lavava primeiro os pratos, que logo secavam, e depois os copos, pois assim a água não empoçava sobre eles.

– Ela me olhou como se tivesse feito uma grande descoberta. Espantada mesmo ficou quando viu o armário de roupas, dobradas milimetricamente iguais e cabides com mesmo espaçamento.

– Sim, tenho “toc” e tentei explicar a Nina, mas ela não entendeu.

Nina apareceu toda sorridente na manhã seguinte.

Disse que falou para a mãe “das minhas formas” de cuidar da casa e disse que vai treinar para fazer igual.

Depois, meio sem jeito, perguntou como eu aprendi a ler.

Essa pergunta me pegou de surpresa e questionei se já tinha estudado.

Respondeu com o mesmo monossílabo “uhum”, mas completou dizendo que a escolinha do vilarejo tinha fechado há tempos e tinha esquecido muita coisa.

Uma mão lava a outra

Carlos Drummond de Andrade disse que “entre a raiz e a flor, há o tempo”.

Pensando nisso, prolonguei minha estadia aqui por mais dois meses;  Nina vai me ensinar a cozinhar e eu lhe retribuirei,  ensinando a ler e escrever.

Tenho certeza que nosso verão vai ser de grandes Descobertas!

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Motivação https://blogdosaber.com.br/2022/11/30/motivacao/ https://blogdosaber.com.br/2022/11/30/motivacao/#respond Wed, 30 Nov 2022 22:21:58 +0000 http://blogdosaber.com.br/?p=118 Ler mais]]> A coluna de ponta-cabeça desta segunda-feira chama o leitor para refletir a respeito da nossa motivação. O que nos faz seguir sempre adiante? Boa leitura e boa reflexão!

O FAMIGERADO PROPÓSITO

As pessoas buscam incansavelmente o seu propósito. Qual o seu propósito de vida? Onde você quer chegar? Você quer fazer o bem às pessoas? Quer salvar vidas? Quer criar grandes projetos? Quer aumentar o market share da sua empresa ou da empresa em que você trabalha? Quer tornar a sua empresa conhecida internacionalmente? Quer ganhar prêmios? Quer fazer revolução? Quer ser o melhor? Quer ter a melhor casa? O melhor carro? Quer casar? Encontrar a sua alma gêmea? Quer formar a família perfeita? Filhos educados?

A gente está sempre despendendo energia naquilo que a gente busca um dia ter, naquilo que a gente almeja um dia ser. Mas qual a sua motivação? O que lhe faz acordar todos os dias querendo viver integralmente aquele dia? Querendo ver o sol subir e, depois, descer? O que lhe faz acordar querendo sentir o sol queimando a pele, o frio cortando o rosto, o suor escorrendo, os neurônios borbulhando, na correria do dia a dia?

Você acha que é o propósito que lhe dá toda essa força? E o que acontece quando o propósito nunca é alcançado? O que acontece se, depois de cinco, dez anos, nada aconteceu? Nada mudou? Quando as coisas não saem como o planejado? E o que acontece quando acontece e você descobre que o que aconteceu não era o que você realmente queria que acontecesse?

E AGORA?

A gente desaba? A gente senta e chora? A gente reclama para o vento? A gente desconta no colega? No marido? Ou nos filhos? A gente sai para se embebedar e tentar esquecer, pelo menos, por algumas horas? E no outro dia? A gente procura terapia? Ou vai na farmácia e compra um calmante? Consegue uma receita de um amigo médico para comprar tarja preta? Ou come compulsivamente?

O QUE ACENDE A CHAMA?

Não acredito que um propósito possa ser o nosso combustível. Não acredito que, diante de tantas coisas palpáveis, experienciadas, desfrutadas, deliciosamente vividas, o que nos motive seja justamente algo que nunca vivemos, que nunca tivemos, que nunca fomos.

Na empresa em que trabalho, lucro é um dos valores divulgados. Mas lucro enquanto consequência dos esforços. Nós entendemos que quando focamos em lucro, todas as outras coisas importantes ficam descobertas. Por outro lado, quando focamos em qualidade e satisfação do cliente, o lucro vem como resultado.

Não pode ser diferente do que vivemos enquanto indivíduos, cheios de emoções, de vontades, de traumas, de dramas. Focar em um objetivo intangível pode nos levar a um caminho tortuoso e cheio de frustrações. Foque no que já lhe faz comprovadamente feliz.

O QUE ME MOTIVA…

A minha motivação é viver o novo todos os dias. É ser desafiada. É conhecer gente nova. É receber novas informações e compartilhar com quem ainda não sabe. É aprender novas receitas e transformá-las pouco a pouco, para que, cada vez, tenham sabores diferentes e, no final, eu possa eleger a melhor. Ou apreciá-las igualmente. Cada uma com a sua particularidade.

Essa é a minha motivação. Qual é a sua?

Desfrute a jornada, as construções serão naturais.

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