Talvez seja por isso que a maioria da humanidade se recusa a evoluir. Justamente porque no fundo, no fundo todos somos conscientes de que ao expandir a consciência e nos tornarmos cada vez mais conscientes a nossa responsabilidade enquanto seres conscientes aumenta. E na mesma proporcionalidade que essa expansão.

Não é fácil e nem é para qualquer um assumir tanta responsabilidade assim. Por isso o ser humano dá tantas voltas e hesita tanto crescer, evoluir e se mais lúcido.

Quantas pessoas passam por essa vida se comportando como se tudo isso fosse uma simples brincadeira? São tantas que nem conseguimos mensurar. Não é a toa que os consultórios psiquiátricos, psicanalíticos e psicológicos estão cada vez mais lotados. Mesmo levando em consideração que muitos só atendem no modo particular cobrando preços astronômicos por uma consulta e não faltam pacientes para atender.

O Autoconhecimento

Muito se fala, hoje em dia, no autoconhecimento. O Instagram está lotado de pessoas tratando do assunto com frases de efeito, aconselhando, promovendo cursos, prometendo a sua autorredenção e até um lugar no paraíso, como se estivesse lhe cobrando uma indulgência.

Isso não é novo, já ocorreu na idade média pela própria Igreja Católica, culminando com o rompimento ou cisão e a criação do protestantismo, através de Martinho Lutero que condenou as indulgências cobradas pelo Clero.

Não é uma questão de Religiosidade, mas de Espiritualidade

Fiz essa analogia só para chamar a sua atenção quanto a confusão feita pela Igreja ao longo de sua existência e agora pelos Coachs da vida com suas formulas prontas, prometendo o Reino dos Céus em troca de dinheiro. O Autoconhecimento é algo intimo, pessoal e intransferível. Não é uma questão de religiosidade, mas sim de espiritualidade. E espiritualidade não obedece a cartilhas, dogmas ou regimentos. A espiritualidade se desenvolve em cada um de acordo com suas experiências vividas e os diversos níveis conscienciais pelos quais todo ser humano é submetido ao longo da sua trajetória cíclica de vidas.

A espiritualidade e o nível consciencial

Portanto, em cada experiência vivida há naturalmente uma expansão da consciência, que pode ser pouca ou muita. Vai depender do nível consciencial que aquele determinado espírito estiver. Sendo assim podemos afirmar que a nossa responsabilidade enquanto seres conscientes que somos, é diretamente proporcional a expansão da consciência. Mas não podemos e nem devemos fugir disso, pois da mesma forma que aumenta a nossa responsabilidade também aumenta a nossa capacidade de assimilar e gerir tudo isso.

Como em Coríntios 10:13 – “Não vos sobreveio nenhuma tentação, senão humana; mas fiel é Deus, o qual não deixará que sejais tentados acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o meio de saída, para que a possais suportar”.

Wagner Braga

Infelizmente, apesar de ter se passado mais de 4 mil anos desde que o homem começou a viver o seu processo civilizatório, em sociedades organizadas, a maioria das pessoas confundem espiritualidade com religiosidade. É uma pena porque, no que tange a intelectualidade ou desenvolvimento cognitivo a civilização humana deu um enorme e verdadeiro salto quântico. Há menos de 1000 anos saiu de um nível consciencial terraplanista, na Idade Média, para desbravador do universo.

Evolução cocnitiva

Vencemos a força da gravidade que nos aprisiona ao solo e conquistamos o espaço, o Cosmos, a lua e estamos rumando a marte, o planeta vermelho. Estamos num processo de libertação na medida que conseguimos um desenvolvimento tecnológico incrível. Isso nos permitiu, inicialmente, cruzarmos os oceanos, transpor céus e mares até conquistar o espaço infinito em naves espaciais. Naves estas construídas com materiais tecnologicamente capazes de resistir a temperaturas extremas em velocidades inimagináveis.

A Religiosidade

Entretanto espiritualmente a humanidade ainda se encontra na era Neandertal. Desculpem o exagero, mas quando paro para pensar e verifico que, em pleno século 21, a maioria dos indivíduos acha que o simples fato de frequentar a missa dominical e outras obrigações, está evoluindo espiritualmente, não tenho como classificar de outra forma.

As pessoas confundem espiritualidade com religiosidade. Cumprir com os mandamentos de Deus e os sacramentos da igreja nada mais é do que praticar a religiosidade. É como morar em um condomínio e obedecer ao regimento de conduta interna. Isso não vai fazer de você um cidadão melhor do que o seu vizinho. Vai apenas igualar você e o seu vizinho quanto aos diretos e deveres de convivência. São normas e obrigações que precisam ser cumpridas para uma convivência amistosa.

A Espiritualidade

Já a espiritualidade é algo intrínseco e inerente a cada indivíduo. Ninguém está no mesmo nível de espiritualidade do seu vizinho ou seu próximo. Cada pessoa tem o seu próprio plano ou nível espiritual e o seu crescimento também é muito particular.

Portanto, alguém pode ser 100% religioso, cumprir com todos os mandamentos e sacramentos da Igreja, mas no entanto ser alguém que trata mal as pessoas, principalmente os mais vulneráveis. E existe um monte de pessoas assim por ai, pois confundem espiritualidade com religiosidade.

Muitos pais, por exemplo, acreditam que a obrigação de educar espiritualmente os filhos é da escola. Eles matriculam o filho em tempo integral achando que o filho sairá de lá pronto para ser canonizado. Ledo engano! Eles só vão aprender religiosidade e mais nada.

Na verdade quem ensina aos filhos o que é espiritualidade são os pais, ensinando aos filhos a agirem sempre dentro da ética, dos bons costumes, do bom caráter, da compaixão e ensinando a amar.