Arquivos possibilidade - Blog do Saber http://blogdosaber.com.br/tag/possibilidade/ Cultura e Conhecimento Mon, 08 Jan 2024 20:08:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 A leitura enquanto pilar da possibilidade https://blogdosaber.com.br/2024/01/09/a-leitura-enquanto-pilar-da-possibilidade/ https://blogdosaber.com.br/2024/01/09/a-leitura-enquanto-pilar-da-possibilidade/#respond Tue, 09 Jan 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=3722 Ler mais]]> Dia do leitor

O último domingo (7) foi o dia do leitor. Bom, se formos checar o calendário, constataremos que todo dia é dia de alguma coisa, certo? As datas comemorativas estão para nós normalmente mais a título comercial do que propriamente ideológico, seja para capitalizarmos ou fazermos merchan. Embora os motivos sejam práticos, pode ser importante elegermos essas datas como tentativa de valorizar e popularizar o que está sendo celebrado. 

O leitor deve ser valorizado porque a leitura é essencial para a nossa formação enquanto cidadãos e indivíduos. Para que possamos entender quais são os nossos direitos, deveres e, inclusive, desejos. Os desejos podem estar atrelados à lei, mas não necessariamente. Sem leitura, não é possível fazer interpretações, gerar questões, tirar dúvidas e, por fim, compreender. Sem leitura, não há como saber quais desejos estão atrelados à lei e quais são independentes dela. Ficamos, assim, eternamente reféns de um outro, que talvez seja bom o suficiente para nós, mas talvez não. 

Que falta que ler faz…

O analfabetismo estrutural está presente em grande parte da população brasileira, mas é sutil, pois é mascarado pela conveniência econômica e social. Consiste na repetição de palavras e frases de efeito sem uma fundamentação teórica ou uma concatenação de ideias. Trata-se de pura repetição, sem compreensão de fato do que está sendo dito. 

Lembre-se que a repetição é uma estratégia de marketing: se uma afirmação é repetida muitas vezes, ela se torna automaticamente uma verdade. Mesmo que não seja. Afinal, quem teria a audácia de questionar algo que provém de tantas partes? “Há de ser verdade!”

A verdade do encontro

O negócio é que construímos as nossas vidas baseadas nessas verdades. E como faz quando a fundação de uma construção não é segura? E como faz se ela finalmente desaba? Damos “graças a deus” ou caímos em desespero?

A leitura diversificada propõe possibilidades, assim como a Psicanálise. Afinal, existem várias formas de construir: taipa, madeira, alvenaria, concreto, aço etc. E toda forma de construção tem seus prós e contras. Ou seja, todas são possíveis, mas alguma delas deve requerer uma manutenção mais enxuta. É isso que a leitura e a Psicanálise têm em comum: elas proporcionam a possibilidade do encontro. 

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Madrinha, por Ana Madalena https://blogdosaber.com.br/2023/01/25/madrinha-por-ana-madalena/ https://blogdosaber.com.br/2023/01/25/madrinha-por-ana-madalena/#respond Wed, 25 Jan 2023 19:53:33 +0000 http://blogdosaber.com.br/?p=276 Ler mais]]> A nossa colaboradora e cronista Ana Madalena está fazendo muito sucesso, aqui na coluna CRÔNICAS com suas histórias originais e pitorescas, de leitura fácil e gostosa. Mas tenho a impressão que a crônica desta quarta-feira será imbatível, pois “A Madrinha” é uma história que prende o leitor até o fim, uma história criativa e fascinante. Então, lhe convido a fazer esta gostosa leitura.

Tem sempre alguém no mundo tendo o melhor dia de sua vida. Essa frase pipocou na cabeça de Larissa; queria saber se todos teriam esse dia ou se essa alegria era reservada apenas para alguns. Dizia que não fazia sentido viver toda uma vida esperando por essa possibilidade. Pense numa pessoa complicada! A minha vontade era dizer algumas verdades, mas não gosto de passar na cara. É cruel.

Tudo começou há alguns anos. Estávamos no primeiro ano da faculdade e fomos fazer uma pesquisa, num bairro afastado. Sem muito senso de direção, nos perdemos e demos muitas voltas até que o motor do carro começou a fumaçar. Nossa reação imediata foi desligá-lo e sair correndo, imaginando que fosse explodir. Depois de uns minutos percebemos que a fumaça diminuía e finalmente paramos para olhar onde estávamos. A rua, enlameada, tinha poucas casas e as pessoas à porta não pareciam cordiais. Senti que éramos intrusas, mas por sorte vimos uma borracharia e seguimos em busca de ajuda.

O proprietário nos olhou com desprezo; com um palito no canto da boca, apontou a placa e depois os pneus ao redor. Ali não era oficina, respondeu grosseiramente. Nessa hora apareceu um rapaz muito bonito e disse que poderia nos ajudar. Percebi uma troca de olhares entre ele e o borracheiro, mas também entre ele e Lari.

O problema do carro tinha sido a falta de alguma coisa, que esquentara o motor. Aguardamos um pouco enquanto esfriava e pedimos orientação para sairmos dali, local que abrigava uma boca de fumo, como soubemos depois. Ele se ofereceu para deixar-nos no posto de gasolina da “principal”, e enquanto eu dizia que não precisava, Lari toda “derretida” agradecia pela ajuda. Ele sentou no banco do carona, o meu lugar, e eu intrigada, pensei: quem é esse sujeito folgado na fila do pão?

Era Firestônio! Cai na risada pensando ser um chiste. Não era. O pai, o borracheiro, achava esse nome bonito e forte! Que excêntrico, comentei. Para os íntimos era Tônio e pelo que entendi, Lari já era dessa turma. Finalmente chegamos ao posto, quando

vi que trocaram o número de celular.

O namoro deles foi instantâneo. Naquela mesma noite ele foi à casa de Larissa. Estava na cara que ele era um sedutor oportunista e a minha amiga, que sofria de carência crônica, caiu feito um patinho. A resistência da família em relação ao namoro foi enorme, mas ela bateu o pé e os pais resolveram não implicar. Assim como eu, aguardariam  o dia que caísse a ficha, coisa que aconteceu uns quatro meses depois, com a notícia da gravidez.

Larissa é dessas pessoas inconstantes; precisa de novidades e adora ir contra a maré. Durante seu namoro com o “nome de pneu” nos afastamos. Ele, assim que soube que ia ser pai, foi logo exigindo casa, comida e roupa lavada, além de uma mesada. A coisa toda foi tão absurda que até Larissa percebeu a situação e terminou o namoro. Aí foi outra confusão, com ele ameaçando tomar o filho e mais uma série de coisas. Muito antes do bebê nascer foi preso por venda de drogas.

Pedrinho nasceu numa quarta feira de cinzas, com pouco mais de sete meses. O parto, prematuro, foi uma loucura. Estávamos caminhando na orla da praia quando a bolsa estourou. Nossa sorte foi ter uma ambulância por perto que nos levou para a maternidade mais próxima. Lari chorou todo o percurso num misto de medo e sabendo que a partir daquele momento sua vida mudaria por completo. Desde esse dia, nunca mais colocou seu “bloco na rua”. E como é amarga, ficou feliz por esse ano não ter carnaval. Ainda bem que essa não é uma história triste, pelo menos para Pedrinho, que é uma criança pra cima, feliz e tem um amor de madrinha, que faz jus ao “cargo”.  Eu, claro!

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