Arquivos máscara - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/mascara/ Cultura e Conhecimento Mon, 26 Jun 2023 23:19:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 Uns com tanto, outros com tão pouco: as diferenças culturais perante o caos https://blogdosaber.com.br/2023/06/27/uns-com-tanto-outros-com-tao-pouco-as-diferencas-culturais-perante-o-caos/ https://blogdosaber.com.br/2023/06/27/uns-com-tanto-outros-com-tao-pouco-as-diferencas-culturais-perante-o-caos/#respond Tue, 27 Jun 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1806 Ler mais]]> O que não faz uma pandemia?!

No Japão pós pandemia, desde março, quando o uso de máscaras deixou de ser obrigatório, popularizou-se um curso para exercitar o sorriso. A hora/aula custa em torno de 55 dólares, servindo para fortalecer os músculos faciais e ajudar os seus alunos a se acostumarem com o riso novamente.

Durante a pandemia de Covid-19, muitos hábitos foram extintos e outros colocados em seus lugares. Foi um momento de readequar as nossas rotinas: o uso de máscaras, o isolamento social, as compras online, as aulas à distância. Tudo isso acompanhado de notícias trágicas e de desesperança. Era o fim do mundo!

Alguns países mais e outros menos enrolados em leis e metodologias de tratamento e profilaxia. Alguns países com mais e outros com menos mortes. Alguns com mais e outros menos contaminações. Dependendo de onde você estivesse, você poderia estar mais ou menos isolado, mais ou menos melancólico. Mas, dependendo do que, afinal? Da cultura, claro.

As leis falam sobre um povo

A verdade é que as leis são reflexo da sociedade. As legislações vão se implementando conforme a permissividade. Quando as pessoas de uma sociedade, por exemplo, tendem a ser mais individualistas, mais fácil será de adotarem regras que convergem para a individualidade. O Brasil, por exemplo, assim como a maioria dos países latinos, é conhecido pelo calor humano. As pessoas gostam de abraçar, de beijar, enfim, do toque. O Japão, por outro lado, é uma nação pouco calorosa.

Enquanto no Japão e outros países economicamente desenvolvidos o uso de máscara e o isolamento eram comuns, no Brasil as pessoas não sabiam muito bem o que fazer em relação a isso. Longe de uma necessidade de obedecer às autoridades, tratava-se mais de uma mistura dos sentimentos de medo (da morte) e do desejo de manter o calor humano, de manter o que já fazemos naturalmente, de manter o laço (bem apertado).

A irreversibilidade da personalidade

Mascarados, nós brasileiros aprendemos a rir com os olhos e a cumprimentar com as piscadelas! Já as aglomerações, apesar de tratadas como algo proibido, não eram nada que o jeitinho brasileiro não pudesse dar um jeito! Que fosse a céu aberto, com máscaras abaixo do nariz, parcelando ou reduzindo o número de convidados. Nós aprendemos a fazer de um jeito que se encaixasse em uma brecha do que as autoridades divulgavam.

O japonês vem de uma cultura que, além de contar com a disciplina, é mais fechada, de pouco toque, de pouco riso. O isolamento apenas intensificou o que já era inato. Nesses casos, o uso de máscaras pode inclusive ser uma forma de fuga em massa do contato social. Por isso a necessidade das aulas de prática do sorriso ao retornar da tormenta. Prática de algo que não tem lugar de pertencimento. Muito diferente do que representa para nós do país tropical. Assim, tormenta para uns e não tão atormentador para outros.

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Rotina, por Ana Madalena https://blogdosaber.com.br/2023/02/15/rotina-por-ana-madalena/ https://blogdosaber.com.br/2023/02/15/rotina-por-ana-madalena/#respond Wed, 15 Feb 2023 12:10:15 +0000 http://blogdosaber.com.br/?p=587 Ler mais]]> Hoje é quarta-feira! Por isso temos que honrar a criatividade, o talento e a produtividade dos nossos colaboradores. Principalmente, quando esses colaboradores é quem nos proporciona essa maravilhosa audiência.

Portanto vamos ficar agora com a leitura da CRÔNICA Rotina da talentosa Ana Madalena! 

Talvez você tenha um amanhã

Talvez você tenha amigos

Talvez você até tenha tempo para dar e vender

Mas algumas pessoas só têm o hoje, igual a todos os hojes…

Rotina 

Dormia com a janela aberta, mesmo sabendo que o sol entraria muito cedo.

Não era de acordar tarde, mas também não queria saudar o astro rei.

Usava máscara nos olhos para evitar a claridade; tinha fotofobia.

Todos os dias ela acordava “na marra”, quando sentava na beira da cama, fazia suas orações e finalmente se levantava.


Era reservada, mas não perdia oportunidade de saber da vida alheia.

Ao lado da sua casa havia uma obra.

Logo cedo os pedreiros se reuniam para o café, ao mesmo tempo em que ela preparava o seu.

E enquanto aguardava as  torradas ficarem prontas, apurava os ouvidos para saber das fofocas dos trabalhadores.

Há alguns dias acompanhava o romance de um deles com uma mocinha da sua rua.

Estava indignada. Ela era de menor e ele era casado. Qualquer dia contaria tudo! Onde já se viu?


Outro pedreiro, José, um sujeito calmo, cheio de predicados, comprara um carrinho usado para presentear a esposa.

Há alguns meses estava apertado para pagar as prestações.

Não fez as contas do custo de manutenção e a gasolina tinha aumentado bastante.

A esposa não queria mais andar de ônibus; dizia que era coisa de pobre.

Ele, muito apaixonado, arranjara outro emprego, dessa vez como vigia.

Passava os dias cansado e cochilando pelos cantos.

Na única folga, dormia o dia todo enquanto a esposa reclamava que queria passear.

Ele pensou que com a pandemia ela fosse se aquietar, afinal era obesa e tinha pressão alta…


Fátima adorava escutar essas histórias mas tinha que sair para caminhar; dava voltas e mais voltas no quarteirão.

Na pracinha, fazia musculação numa dessas academias ao ar livre.

Não gostava de se exercitar, mas era importante para sua saúde.

Felizmente as pessoas da sua rua eram tão disciplinadas quanto ela.

E entre um exercício e outro, procurava saber da artrite de D. Celeste, o machucado de S. Luís e a saúde da filha de D. Arlete, uma história triste, sem solução.

Sabia que ela precisava desabafar suas dores e a ouvia com atenção.

Vez por outra aconselhava, conselhos ótimos, por sinal.

Ela própria se sentia a melhor psicóloga do mundo quando alguém lhe dizia que suas palavras surtiam efeito. E no íntimo ela pensava porque ela própria não se ouvia…


Voltava pra casa louca por um banho.

Sempre reclamava do calor! Daí até o horário de almoço era em home office, sem chance de levantar para nada.

Odiava aquele emprego mas diante da situação do país, melhor continuar.

Pelo menos tinha um fixo, carteira assinada, férias e décimo.

Ao meio dia fazia seu almoço, mas quando não estava inspirada, comia macarrão instantâneo mesmo.

Às vezes nem isso; apenas um suco para ter tempo de dar um cochilo.


À tarde digitava o relatório das cobranças que tinha feito pela manhã.

Ela negociava as dívidas dos clientes de uma corretora de imóveis.

Algumas vezes fechava ótimos acordos, mas no geral ouvia xingamento de todo tipo.

Estava tão acostumada com a gritaria no “pé do ouvido” que até abstraía; geralmente ficava escolhendo uma nova série, enquanto vez por outra dizia um “compreendo, senhor”.


Às 18.00h se ajoelhava diante da imagem de N. S. de Fátima, de quem sua mãe era devota,  e agradecia por outro dia de trabalho.

Depois se vestia com apuro e ia para a parada de ônibus.

Ali, puxava conversa com alguém disposto a uma prosa e inventava histórias sobre uma vida completamente diferente da sua, talvez sonhando em voz alta.

Se a conversa estivesse boa, pegaria o mesmo ônibus do ouvinte, fingindo fazer o mesmo percurso.

Ou, do contrário, voltaria para o silêncio da sua casa, onde jantaria qualquer coisa.

Depois, assistiria tv e pegaria no sono por volta da meia noite, com a janela aberta, até que o sol entrasse novamente no seu quarto, às cinco e quinze, dezesseis, dezessete…

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