Desde que o mundo é mundo, que a humanidade debate sobre ética e moral. Os maiores filósofos de todos os tempos deixaram, cada um, a sua contribuição no que tange a formação de uma sociedade cada vez mais justa e saudável. Infelizmente estamos bem longe ainda de alcançarmos tal excelência. Isso ocorre porque, numa sociedade, seja ela qual for, mesmo que cumpra a ferro e fogo os princípios da ética e da moral, se não houver, também, a lealdade e a verdade, caminhando juntos, a ética e a moral estarão incompletas ou órfãs de pai e mãe.

Os pilares basilares da Igreja

A ética e a moral são os pilares basilares da Igreja, no entanto é comum vermos por ai padres pedófilos, padres que transgrediram os princípios do Celibato e os votos de castidade, seja homo ou hétero afetivamente falando. Quando isso ocorre pelo menos dois ilícitos foram cometidos: a deslealdade e a mentira. Então alguém, em algum momento jurou ou se comprometeu publicamente e perante uma divindade com todas as honras que lhe são concedidas que jamais se relacionaria sexualmente com outrem. Agindo assim ela foi desleal e também faltou com a verdade na medida que escondeu de todos esses ilícitos.

Portanto, a ética e a moral caminham invariavelmente juntas e de braços dados com a lealdade e a verdade. Infelizmente, na prática e em todos os ofícios não é assim que funciona. O que vemos com muita frequência são médicos recomendando pacientes a fazerem ou deixarem de faze coisas que eles próprios não fazem ou não deixam de fazer. Escritores publicando livros recomendando aos seus leitores coisas que eles próprios nunca fizeram. São pessoas com milhares e até milhões de seguidores que buscam naquele líder um exemplo a seguir e o sucesso garantido.

Um mau exemplo

O exemplo clássico é o do médium João Batista que durante décadas iludiu milhares de pessoas. Fazendo-as acreditar que o que ele demonstrava era exatamente o que dizia ser. E hoje nós sabemos o quão amoral, antiético, mentiroso e desleal ele foi com seus(uas) pacientes e seguidores.

Coração, Intuição e Gratidão – um atalho

Então, convém que daqui por diante sejamos leais e verdadeiros, até mesmo, antes de sermos éticos e moralmente corretos para que não haja perigo de falharmos em nenhum desses quatro pilares. Desta forma estaremos sempre pensando, falando, sentindo e agindo com o coração. Aguçando a intuição e praticando a gratidão. Este sim, um atalho para a vida plena.

Muito se fala em fidelidade. Fidelidade conjugal, fidelidade profissional, fidelidade entre amigos ou entre pai e filho, fidelidade empresa/cliente e por ai vai. Inclusive é muito comum, hoje em dia, se emitir cartão fidelidade para clientes que se mantenham fiéis a um determinado estabelecimento comercial. Essa é, por sinal a mais recente estratégia de marketing que o mercado inventou para se defender da concorrência cada vez mais acirrada e muitas vezes predadora entre as empresas comerciais. Mas o que é ou onde está essa tal fidelidade?

Lealdade

Segura um pouco ai esse raciocínio porque, antes de continuarmos falando sobre fidelidade vamos falar um pouco sobre outra palavra que parece ter o mesmo significado, mas no fundo não tem. Essa palavra é LEALDADE.

Você deve estar pensando: Ué, lealdade e fidelidade não são a mesma coisa não?

Realmente não são a mesma coisa. Vou explicar. Ocorre que você pode ser fiel sem ser leal, mas é impossível você ser leal sem ser fiel. Vou citar um exemplo: digamos que você adora um determinado modelo de sapato de uma determinada marca, tipo um mocassim. E quando aquele velhinho que você não consegue mais usar precisa ser substituído você vai até a loja daquela marca de calçado e compra um novo. Ao tomar essa atitude você foi fiel e também foi leal a marca em questão.

Fidelidade

Mas digamos que você está precisando comprar um sapato social novo, entrou numa loja da concorrência e provou um modelo mas o modelo que estava mais bonito, confortável, moderno e elegante do que o dessa marca que você foi fiel com o mocassim e você também tem um. Você preferiu comprar o do concorrente porque lhe satisfez mais em diversos itens. Essa atitude não foi de infidelidade porque você continua fiel àquela primeira marca no que tange ao mocassim. Você continua tendo um vínculo com aquela marca. Mas você foi desleal na medida em que já não consome mais todos os modelos da marca inicial.

A diferença entre fidelidade e lealdade

Portanto existe uma diferença fundamental entre fidelidade e lealdade. Na lealdade o vínculo entre as duas pessoas ou entre uma pessoa física e outra jurídica é total, é 100%, é em todos os sentidos. No caso do exemplo citado, se o cliente fosse leal, ele até poderia ter provado o sapato social da outra marca, mas ele não o compraria sem antes conversar com o vendedor da marca a quem ele é fiel e daria a chance desse vendedor lhe apresentar um modelo similar que, de repente o satisfizesse tanto quanto o da marca concorrente. No final, talvez o vendedor não o convencesse de comprar o modelo social, mas ele teria sido LEAL ao expor a situação e o vendedor saberia da ocorrência, mas consciente que teve a sua chance e tentou tudo que pôde. Já a fidelidade deixa brechas e eu vou explicar o porquê.

O case

Imagine a seguinte situação: Um casal jovem com um casal de filhos pequenos, mas que já não têm uma vida sexual ativa juntos. Por motivo de dependência financeira não ocorre a separação propriamente dita. De repente a esposa conhece outra pessoa e passa a se relacionar ocultamente com ela durante um certo período. Se olharmos a situação friamente podemos concluir facilmente que houve uma infidelidade por parte da mulher. Mas a coisa é bem mais complexa na mente dessa pessoa e dependendo da ótica que se enxergue esse drama é possível não estar havendo uma infidelidade, já que o casal já está separado de corpos há um bom tempo. Porém para toda a sociedade eles ainda são um casal. Até porque a sociedade não sabe que existe uma separação de corpos entre eles.

Então eu pergunto, nesse caso existe infidelidade e deslealdade? Só infidelidade? Só deslealdade ou ambas as coisas?

Minha opinião

Na minha visão, levando em consideração que a separação de corpos foi consensual e certamente o homem também deve estar dando seus pulos fora da relação não houve infidelidade. Porém houve deslealdade de ambas as partes, já que essa “traição” de ambas as partes é velada, ou seja, nenhum dos dois chegou para o outro e disse: fulano(a) já que não temos mais vida a dois eu quero lhe deixar livre para ter os seus casos amorosos fora da nossa relação e também gostaria de ter essa liberdade. Isso sim seria lealdade.

Olha que coisa altamente esdruxula! Você esclarecer com o seu companheiro ou companheira de vida que permite que ele ou ela tenha seus relacionamentos extraconjugais e o outro também possa ter. Mas apesar de ser esdruxulo é leal.

Conte aqui o que você acha disso!