Arquivos ficção - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/ficcao/ Cultura e Conhecimento Mon, 25 Mar 2024 19:20:48 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 O negro e o branco no prevalecer-se da moral https://blogdosaber.com.br/2024/03/26/o-negro-e-o-branco-no-prevalecer-se-da-moral/ https://blogdosaber.com.br/2024/03/26/o-negro-e-o-branco-no-prevalecer-se-da-moral/#respond Tue, 26 Mar 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4494 Ler mais]]> O filme

O filme ‘Ficção Americana’ teve cinco indicações ao Oscar este ano, ganhando o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado. Ele mostra a vida do professor e escritor Thelonious (mais conhecido pelos familiares como Monk), revoltado com a indústria literária. 

Monk é um homem negro, nascido em uma família de classe média alta, e possui uma escrita refinada e, digamos, sofisticada. Ele tem dificuldade em publicar as suas obras pois as editoras não o consideram “negro o suficiente”. O que é uma sátira à forma como as polarizações encaixotam grandes questões da humanidade, tornando-as tão polêmicas.

Apesar de negro, Monk não possui a vida da periferia ou as desqualificações esperadas pelos brancos do filme. O que pode denunciar, inclusive, uma possível forma desse branco continuar se sentindo superior em relação ao negro, já que ele promove a ascensão do negro a partir de sua ignorância, miséria e infortúnio. 

A ética, a moral e a razão

O que chama mais atenção no filme são as diversas percepções lançadas em torno da negritude, da branquitude, da ética, da moral e da razão. Há cenas de racismo do branco em relação ao negro, do negro em relação ao branco e do negro em relação a ele mesmo. 

Enquanto Monk tenta representar a intelectualidade negra, seu irmão carrega um não-estigma do “branco rico que não deu certo” e, Sintara, uma outra escritora negra no filme, revela uma divergência lógica com Monk, falando da importância de se mostrar a realidade dos guetos, afirmando ser a realidade de seu povo, apesar de, a priori, não ser a sua própria.

Embora defenda a sua lógica com unhas e dentes, Sintara assume que, de fato, vende-se à indústria literária, mas rebate Monk com questões importantes. Ou seja, no final das contas, cada um tenta viver as suas vidas conforme lhes aprazem: os brancos ricos fingindo que não há racismo e lucrando em cima da causa negra, a negra, a priori, rica lucrando a partir de um ideal que não é dela e um negro ex-rico que, talvez, acredite ser branco. 

Um filme leve, divertido e com muitos pontos importantes de abordagem. Reflete a vida como ela é: brancos e negros em diferentes posições sociais, com seus pontos de vista a partir das suas vivências. Polaridades, refletindo a nossa dificuldade de aceitar a verdade do outro, acreditando haver uma única realidade: a nossa própria.

O livro

O que me faz pensar novamente em ‘O Avesso da Pele’. Mas, no Brasil, acontece de forma inversa ao que ocorre em ‘Ficção Americana’: em vez de aceitação pelos brancos, repúdio, ódio, suspensão, exclusão. No entanto, ainda podemos pensar que, como o próprio nome diz, trata-se de pura ficção. Mas ficção contemporânea também é a nova denominação de gêneros de ‘Fuck’ e ‘We’s lives in da guetto’, obras fictícias do filme ‘Ficção Americana’, assim como de ‘O Avesso da Pele’.

É claro que as culturas brasileira e americana são bem distintas uma da outra, o que influi diretamente na forma como se formam os grupos e como funciona o capitalismo dentro desses grupos. Prova disso é que a diferença de renda entre raças no Brasil é consideravelmente maior do que nos Estados Unidos.

Brasil versus EUA

Em 2016, a Pew Research levantou diversas informações de rendimentos de brancos, negros, hispânicos e asiáticos nos EUA. Os dados mostram, por exemplo, que em 90% da população, a diferença de renda entre brancos e negros é de 31,8%; em 10%, 45,7%, resultando em uma média de 35,2%. Outra informação importante é que não são os brancos que lideram as maiores rendas, mas os asiáticos. 

Já, no Brasil, em 2022, segundo o IBGE em matéria da InfoMoney, a renda média do branco é 75,7% maior que a do negro, sendo que “Entre pessoas com nível superior completo, o rendimento médio por hora dos brancos foi cerca de 50% superior ao dos pretos e cerca de 40% superior ao dos pardos.”.

O jogo do prevalecer-se

Dados como esses podem nos dar indicações do que se esperar de uma população ao esbarrar com grandes questões da humanidade. Afinal, quanto maiores as diferenças salariais entre raças, maior a tendência de um povo a se prevalecer em termos financeiros. Isso quer dizer que, para que eu me sinta superior, eu preciso ter mais que o outro. Já, quando os salários vão se equiparando, a tendência é que eu busque uma outra forma de me prevalecer em cima do outro. O que pode ser através do físico ou do intelecto, por exemplo. 

Esse é o jogo da sociedade civil do qual Immanuel Kant fala:

Kant descreve a relação humana na sociedade como a disputa em um jogo, em que cada um testa as suas forças com os outros. Esse jogo teria sido engendrado, inicialmente, pela natureza, a fim de pôr em atividade o ser humano e fazer com que a sua força vital em geral se preservasse da extenuação e se mantivesse ativa.

A prevalência é um instinto natural do homem: instinto de sobrevivência, que nos primórdios tentava garantir as necessidades fisiológicas, como o alimentação, e permanência da espécie. Hoje, superadas as necessidades básicas, o homem tenta garantir a sobrevivência do seu ego, que pode ter diferentes representações e intensidades de país para país e, inclusive, de cidade para cidade, dentro de um mesmo país. 

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Maternidade https://blogdosaber.com.br/2023/11/08/maternidade/ https://blogdosaber.com.br/2023/11/08/maternidade/#respond Wed, 08 Nov 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=3001 Ler mais]]> Sheila Heti
Os ganhos e as perdas para uma mulher que decide pela maternidade.

Eu não quero ser uma passagem”. Na coluna DICA DE LIVRO desta quarta-feira, falaremos um pouco sobre um tema muito importante, A Maternidade. Tratado na obra da escritora canadense, Sheila Heti, a respeito do seu livro Maternidade. Que nos leva para uma REFLEXÃO profunda sobre a opção de não ter filhos. Em Maternidade, Sheila Heti reflete sobre os ganhos e as perdas para uma mulher que decide se tornar mãe. No entanto, tratando a decisão que mais traz consequências na vida adulta com a franqueza, a originalidade e o humor que lhe renderam reconhecimento internacional por seu livro anterior, How Should a Person Be? Heti dá voz a um tipo de mulher que até agora não tinha sido representada: a que decide não ter filhos

Idade para maternidade

Ao se aproximar dos quarenta anos, numa fase em que todas as suas amigas se perguntam quando irão ter filhos. A narradora do romance intimista e urgente de Heti. ― No limiar entre a ficção e autorreflexão ― questiona se aquela é uma experiência que ela quer ter. Numa narrativa que se estende ao longo de muitos anos. Moldada a partir de conversas com seus pares e seu parceiro e de sua relação com os pais. Ela se vê em um embate para fazer uma escolha sábia e coerente. Depois de buscar ajuda na filosofia, no próprio corpo, no misticismo e no acaso, ela descobre a resposta num lugar bem mais familiar do que imaginaria.

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