Arquivos ENTRETENIMENTO - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/entretenimento/ Cultura e Conhecimento Mon, 22 Jan 2024 13:29:53 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 Os Domingos Precisam de Feriados  https://blogdosaber.com.br/2024/01/22/os-domingos-precisam-de-feriados/ https://blogdosaber.com.br/2024/01/22/os-domingos-precisam-de-feriados/#respond Mon, 22 Jan 2024 13:29:51 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=3864 Ler mais]]> Hoje quero compartilhar um dos textos mais sábios, e irretocáveis, que já li. Os Domingos Precisam de Feriados do Rabino Nilton Bonder. Perfeito, do começo ao fim: desejo boas reflexões.

O conceito do Shabat

Toda Sexta-feira à noite começa o Shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso  ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino no sétimo dia da Criação. Muito além de  uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo  o que é vivo.  A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue. Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser  suficiente,  onde o meio  ambiente e a terra imploram por uma folga, onde  nós mesmos não suportamos mais a falta  de tempo,  descansar se torna  uma necessidade do planeta. Hoje, o tempo de ‘pausa’ é preenchido por  diversão e  alienação. 

Os domingos precisam de feriados. O conceito doShabat.

Entretenimento e o desejo de não parar

Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações ‘para não nos ocuparmos’. Sendo assim, a própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma  de depressão. A própria  palavra entretenimento indica o desejo  de não parar. E a incapacidade de  parar é uma forma de depressão. 

O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se  parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas  para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem  ruim. Dia pronto para ser esquecido,  não fossem as fotos e a memória de  uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o  gostinho ao próximo… 

Então, entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária, solitário é quem dorme.

Desta forma, as bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam, fazendo do ganhar e perder das informações e dos rumores,  atividade incessante.

Parar é preciso de vez em quando

Portanto , a CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim. Mas as paradas estão por toda a  caminhada e  por todo o processo. Contudo, sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico, de uma paisagem que passa…

O futuro é tão rápido, que se confunde com o presente. As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, os domingos precisam de feriados… Sendo assim, nossos namorados querem ficar, trocando o “ser” pelo “estar”. Saímos da escravidão do século XIX, para o leasing do século XXI

Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante.

Parar ou interromper?

Nunca fizeram tanto, por tão poucos. Todavia, parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma  interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair ­literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo, com sua vida. Mas, a pergunta que as pessoas se fazem em um dia de descanso é: o que vamos fazer hoje? Já marcada pela ansiedade. Então, sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de domingo. Portanto, quem ganha tempo, por definição perde. Quem mata tempo, mortalmente fere-se. É este o grande “radical livre” que envelhece nossa alegria. O sonho de fazer do tempo uma mercadoria.

Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa, e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática desse milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio, do que aquele que souber quando algo terminou, e quando algo vai começar.

Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que  iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído. 

Sarita Cesana

Psicóloga

CRP 17/0979

@saritacesana_              @implementeconsultoria

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Recomeços https://blogdosaber.com.br/2022/11/30/recomecos/ https://blogdosaber.com.br/2022/11/30/recomecos/#respond Wed, 30 Nov 2022 20:08:35 +0000 http://blogdosaber.com.br/?p=75 Ler mais]]> Quarta-feira é dia de crônica, aqui no blog do saber. A nossa mais nova coluna recheadas de boas e saudáveis crônicas da melhor qualidade. A nossa estreia, na semana passada foi com a bela história de paz e guerra, uma trégua no natal, escrita por Ana Madalena, que dá agora uma nova contribuição com a crônica “recomeços”. Então, vamos lá, faça uma boa leitura e tire suas conclusões!

Foi no início de julho de 2019, alguns dias antes do meu aniversário. Estava muito feliz e tinha planejado chegar bem cedo, mas chovia bastante e faltou energia o dia todo. Escolhi o meu apartamento pela vista, que é magnífica, mas o prédio, bem antigo, não tem gerador. Meus amigos disseram que foi uma compra por impulso, mas quando vieram para o “open house” entenderam o porquê da escolha. Meu apartamento de 35,7 metros quadrados era tudo que eu precisava para ser feliz.  E acredite, cada centímetro fez uma grande diferença no decorrer desse ano…

Sou o tipo básica, mas gosto de conforto e de beleza nas mínimas coisas. Decorei meu apartamento do jeito que sonhei. Infelizmente, pouco depois da minha mudança, a empresa onde trabalho resolveu me “promover” e eu passei a fazer viagens a cada quinze dias. O meu sonhado “lar doce lar” virou apenas um lugar para dormir. Até que…

Recordo quando meu supervisor ligou, já tarde da noite, cancelando minha viagem de março. Disse que seria por uns dias e que assim que tudo normalizasse, eu retomaria a agenda de trabalho. Desliguei eufórica, até abri um vinho para comemorar! Finalmente eu teria tempo para curtir meu cantinho!

Liguei a TV para saber da tal pandemia;  confesso que me assustei com o que ouvi. Telefonei para meus pais e irmãos e pedi para que não saissem de casa. Corri ao supermercado e fiquei impactada com as filas intermináveis; parecia que estávamos numa guerra. E era, só que invisível.

Preparei um roteiro para meus próximos dias. Não poderia ficar sem foco, sou movida à rotina. Tentei me exercitar, ter horário de leitura, de trabalho, fazer cursos online e outras tantas coisas que sempre reclamei não fazer por falta de tempo. Mas o tempo foi passando e a quarentena se prolongando… Veio a inquietação. De tudo. O mais estressante foi não saber quando isso acabaria.

Chegou julho, a Terra deu mais uma volta ao redor do sol e eu fiz aniversário sozinha. Não, minto! Comprei um hamster chinês, apesar da minha desconfiança de tudo que vem de lá. Nossas noites foram reservadas para os exercícios: eu na esteira e ele na rodinha. Tomei a resolução de cuidar de um ser vivo depois que vi todas as minhas plantinhas morrerem por descuido. Aquele planejamento de uma rotina saudável ficou no papel por meses, quando vestia pijamas e arrastava chinelos.

Agora falta pouco para esse ano ser mais um calendário jogado fora. Apesar de todos os percalços e das milhares de pessoas que perderam a vida, confesso que depois que peguei o ritmo, só tenho coisas positivas para levar comigo. Descobri que sou ótima companhia e que, apesar do caos do isolamento, fiz descobertas incríveis e aprendi novas habilidades. Também comprei uma estante de exatos 70 centímetros e já preenchi duas prateleiras dos livros que li, de longe o melhor programa cultural e à prova de aglomeração. Também escrevi um diário; quem sabe um dia eu venha a ter filhos e eles possam entender como alguém vive em meio a uma pandemia.

O ano de 2020 realmente ficará marcado na vida de todos nós. Aos amigos e familiares eu cito Oswaldo Montenegro, na música Sem mandamentos,  “hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse e até desculpo o que você falou”. Esse é o meu hino de esperança; deixemos rusgas e outros sentimentos incômodos para trás.  Vamos agradecer! Nós sobrevivemos!

Ana Madalena

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