Arquivos caos - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/caos/ Cultura e Conhecimento Tue, 16 Apr 2024 23:15:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 Um caos enorme e a vontade de desistir https://blogdosaber.com.br/2024/04/17/um-caos-enorme-e-a-vontade-de-desistir/ https://blogdosaber.com.br/2024/04/17/um-caos-enorme-e-a-vontade-de-desistir/#respond Wed, 17 Apr 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4758 Ler mais]]> Como agir numa situação como essa?

Você já passou por alguma situação em que se deparou com algo que não sabia nem por onde começar a resolver ou fazer? Como você agiu? Como você fez para dar o passo inicial? E se você conseguiu superar, ao olhar para trás, o que deixou? Saldo positivo ou negativo? Um caos enorme e a vontade de desistir. Essa é a sensação!

Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra. Colossenses 3, 1-2.

Fui convidada para participar de um evento e palestrar sobre Medicina e Inovação. Passou um filme na minha cabeça da minha trajetória profissional nestes mais de 20 anos de formada. Lembrei dos momentos mais desafiadores e, sem dúvida nenhuma, o último foi O MAIS desafiador. Qual foi o momento mais desafiador de sua trajetória até aqui? Você sabia como vencer o desafio?

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência,

E a paciência a experiência, e a experiência a esperança.

E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.  Romanos 5, 3 – 5.

Um caos enorme e a vontade de desistir.

O serviço público e a falta de estrutura

Após longa formação e provas tão difíceis que prestei para residência médica, prova de título de especialista, mestrado, concursos públicos (municipais, estaduais e federais), etc. Passar pelos melhores serviços do país na formação. Você simplesmente se “perde” totalmente quando chega em áreas que nada disso tem. Depois de LONGA formação profissional em serviços de excelência, chegar em uma cidade em que não havia minha especialidade consolidada foi extremamente desafiador. Lembro que as primeiras consultas eram “estou há 04 anos esperando este ecocardiograma”, “estou há 05 anos esperando uma consulta com cardiopediatra”.

Eu ficava imaginando quantas crianças tinham morrido nesta lista de espera, pois cardiopatia congênita em criança abaixo de dois anos de idade TEM que ser investigada em caráter de urgência. Ela pode morrer com brevidade se não for diagnosticada e tratada no caso de moderada a grave. Para mim era algo SURREAL haver uma situação assim. Eu só via um caos enorme e a vontade de desistir.

Eu ficava desesperada quando descobria, por exemplo, que as crianças não tinham a sua pressão arterial aferida. Que não faziam eletrocardiograma. Certa vez atendi uma criança do interior de 04 meses de idade com Down, cardiopata gravíssima, que precisava ir para cirurgia urgente, desnutrida grave. A mãe disse que o médico auscultou sopro cardíaco com um mês de vida da criança e orientou a ela não dar o mamar porque a criança não poderia cansar, pois poderia afetar o coração. Orientou que ela procurasse um cardio urgente. A mãe também disse que morava em zona rural e não tinha como comprar leite para a criança. Informou ainda que dava banana amassada com o leite de gado que tinha em casa, para a criança de pouco mais de um mês de vida se alimentar.

Um diagnóstico difícil

Ela não sabia que a criança tinha síndrome de DOWN (ninguém tinha visto isso até então!) e veio de casa para um ecocardiograma somente. Contudo, quando chegou, eu fiz o eco e vi a cardiopatia GRAVE (cardiopatia típica de criança com Down), a síndrome e o gravíssimo estado nutricional da criança, encaminhei URGENTE para internar e operar. Demorei três horas num atendimento que deveria ser 30 minutos (e nada recebi por isso! Apenas recebi o valor do procedimento ecocardiograma, a parte que me cabia)!

Lembro até hoje do rosto da mãe me dizendo “Dra, eu só vim com a roupa do corpo, para um exame, ninguém me disse nada disso. O que eu faço?”. E tantas situações como estas e até muito piores passei ao longo da minha trajetória profissional .

Entretanto, tais situações me fizeram ter vontade de desistir TANTAS vezes de ficar em áreas assim. Quantas vezes eu chorei escondida diante de tanto caos no sistema público e privado de saúde! Várias vezes eu quis largar tudo e voltar para os EXCELENTES centros e serviços de onde tinha vindo. Muitas vezes eu não sabia o que fazer diante daquela situação desesperadora. Um caos enorme e vontade de desistir. O que fazer quando não se sabe o que fazer?

 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. Mateus 5,4.

Desistir não é uma opção

Como desistir na minha vida não é opção, eu segui em frente. Não foi fácil. Hoje eu olho para trás e vejo o legado que deixei na minha área no local onde estou. Quantas vidas salvei, quantos alunos contribuí na formação e que depois fizeram a mesma especialidade e voltaram para esta terra. Vários programas de educação em saúde fundei que se tornaram referência nacional e internacional. E tantas maravilhas foram conquistadas ao longo deste tempo, em que eu associei INOVAÇÃO à minha especialidade e literalmente como o povo diz “tirei leite de pedra” ou “fiz do limão uma limonada”.

Ter inspiração e fé

Todavia, quando você ama o que faz o trabalho se torna um lazer e desistir não é opção. Tudo que é novo assusta e nos deixa sem saber o que fazer. No entanto, para que algo seja criado, é preciso ter alguém que pague o alto preço para que as coisas se iniciem e, mais do que isso, se mantenham. E focar no alto, em Jesus, nos dá a história de vida que precisamos para saber O QUE FAZER quando NÃO se sabe o que fazer e não desistir diante dos desafios e da incompreensão das pessoas diante do novo, que sempre assusta. Quando você não soube o que fazer, em quem se inspirou? Como você fez? Olhando para trás, qual foi o resultado disso em sua vida?

Ei, psiu, pare, pense, reflita!

Quando a Medicina e a Espiritualidade se encontram os resultados são extraordinários!

Gisele Leite

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Terror nas escolas: a iminência do ataque https://blogdosaber.com.br/2023/04/18/terror-nas-escolas-a-iminencia-do-ataque/ https://blogdosaber.com.br/2023/04/18/terror-nas-escolas-a-iminencia-do-ataque/#respond Tue, 18 Apr 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1303 Ler mais]]> Nos últimos meses, estivemos sendo surpreendidos por ataques realizados nas escolas do Brasil. Um drama que tem acometido todas as famílias constituídas por crianças e adolescentes. “Será que meu filho corre perigo?”

Atos violentos

A gente pode tentar o que for para evitar a raiva, ou melhor, evitar transparecer a raiva. Mas, não se engane, ela está ali. É na forma como ela vai sair do seu corpo que está a questão. A gente acha errado, não quer sentir, e acabamos reprimindo-a. O fato é que a pulsão agressiva faz parte da natureza humana, do instinto de sobrevivência. E se a gente não souber como lidar com ela, em algum momento, ela vai nos dominar.

“Extravasa! Libera e joga tudo pro ar!”

Não é preciso dominá-la, mas extravasá-la. De alguma forma que, dentro de uma civilização, seja aceitável. Há várias formas de fazer isso: brincando, principalmente em jogos de disputa, praticando exercícios físicos, em especial os aeróbicos, dedicando-se a algum tipo de atividade artística, como o teatro, a música ou a pintura, ou até mesmo ocupando posições profissionais que requeiram um perfil de cobrança, como cargos de liderança ou de coach.

Existem diversas situações do dia a dia que colocam em xeque a nossa tolerância emocional. No frigir dos ovos, tudo aquilo que nos contraria está nos testando. Aí entra, então, o papel do reconhecimento bem como o da frustração na infância. Fundamentais para que o indivíduo compreenda que nem tudo na vida se tratará dele. Assim, os pais precisam entender que uma coisa é ter um ambiente controlado, que é o meio familiar. Outra coisa, totalmente diferente, é o fora da porta de casa. Lá, o indivíduo encontra todo tipo de situação e com os mais diversos tipos de pessoas. Ou seja, o sujeito fica exposto ao desconhecido, ao indeterminado.

Sim, é preciso dizer não!

Se as pessoas não entram em contato com a frustração desde a sua mais tenra idade e não sabe como extravasar a raiva proveniente daquele sentimento, será realmente difícil lidar com o que as contraria nas fases seguintes. Então, tudo pode acontecer, inclusive o inimaginável. A iminência do ataque, da explosão, do desabafo, estará sempre presente. E não só nas escolas, mas em qualquer lugar.

Porém, também é preciso reconhecer…

Toda criança precisa ser reconhecida como indivíduo. Precisa ser olhada, amparada. Ela deve se sentir importante, mas não a ponto de estar acima das outras pessoas. É uma questão de balanço.

Quando se trata de sobrevivência, tema também abordado no texto Poder e submissão: até que ponto o estado é efetivo contra a violência doméstica?, procuramos vítimas mais vulneráveis, menores que nós, mais fracas ou frágeis que nós. Por isso ataques a crianças são preferidos pelos agressores. Além disso, a escola é, muitas vezes, uma representação da nossa primeira exposição ao mundo real, onde sofremos bullying, onde somos forçados a estudar, a nos comportarmos, ou seja, onde somos contrariados constantemente. Uma planta piloto de frustrações.

E qual a saída do caos?

Se as famílias não são garantia de uma educação adequada, as escolas, necessariamente, têm que ter esse papel. Precisamos de instituições de melhor qualidade, que consigam dar atenção individual, envolvendo também as famílias. As atividades terapêuticas e o acompanhamento dos casos precisam fazer parte de uma rotina escolar. A infância é a fase de maior vulnerabilidade e de menor resistência. Se existe um momento de agir e ter êxito, é ali! E, afinal, que tipo de jovens queremos formar? E com que tipo de adultos queremos lidar?

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