Arquivos cansaço - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/cansaco/ Cultura e Conhecimento Tue, 06 Feb 2024 09:22:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 Descanso: artigo de luxo? https://blogdosaber.com.br/2024/02/06/descanso-artigo-de-luxo/ https://blogdosaber.com.br/2024/02/06/descanso-artigo-de-luxo/#respond Tue, 06 Feb 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4004 Ler mais]]> Luxo, desleixo, sabedoria

Em meio à sociedade da produtividade, da falta de tempo e, consequentemente, do cansaço, o descanso é artigo de luxo ou sinônimo de preguiça e desleixo? Ou quem sabe, coragem e sabedoria?

Para os monges tibetanos, que seguem a religião budista, cuja história é milenar, “a meditação é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da sabedoria e da compaixão”. Eles passam horas sentados em silêncio, diariamente, e “acreditam que a compaixão é a base de todas as práticas espirituais e que ela é essencial para a busca da paz e da felicidade”.

Ainda citação de artigo do jornal ‘O Maringá’:

Eles também enfatizam a importância do desapego e da renúncia, ensinando que a verdadeira felicidade vem de dentro e não depende de bens materiais ou realizações externas.
Sociedade do cansaço

Na contramão disso, vem a Sociedade Paliativa, tema do artigo A felicidade enquanto delírio. A nossa sociedade contemporânea: “deprê”, ansiosa, em busca de um cada-vez-mais: mais dinheiro, mais experiências, mais fotos, mais postagens. Aquela que precisa extrair o máximo de sua produtividade, para poder bancar tudo isso. Aquela que adoece, mas não tem tempo para adoecer. E segue trabalhando incessantemente para poder bancar tratamentos de saúde cada vez mais caros: psiquiatra, psicoterapeuta, medicamentos, internações. Aquela que ainda tem filhos, mas não tem tempo para cuidar. E segue parindo frágeis criaturas.

Em meio à sociedade do cansaço, quem tem tempo pra descansar é rei! Ou vagabundo! No entanto, independente disso, é fato que o descanso pode propiciar tantos benefícios que, em outro mundo, quem sabe, seria impensável não usufruir de tal oportunidade! 

Tempo: o fantasminha camarada

O “ter mais tempo para si” é uma necessidade fruto de um encontro entre a revolução industrial e a era digital. Enquanto a primeira propõe um maior tempo de dedicação ao emprego, a segunda fornece possibilidades mais atrativas de trabalho, ao mesmo tempo que aumenta o leque de entretenimentos. A lida começa a não ter mais a mesma contribuição que tinha para o sentimento de completude, embora ainda seja fonte de pagamento para muitas das experiências que contribuem para essa sensação fantasmagórica. 

O descanso pode ser exacerbado, mas também suficiente. Suficiente para não estarmos no automático, para tomarmos decisões mais assertivas, para pouparmos, para nos pouparmos! É bem verdade que se os especialistas em melhoria contínua, que se dizem de plantão, calculassem as perdas referentes ao seu estresse oxidativo, os seus hábitos imediatamente mudariam! 

Pele, cabelo e corpo saudáveis e bonitos todo mundo quer. Todo mundo quer comprar. Mas pele, cabelo e corpo saudáveis e bonitos não se compram uma única vez, é preciso mantê-los. E para mantê-los, é preciso se privar de descanso, privar-se de tempo. Para poder bancá-los. Assim, em vez dos hábitos saudáveis, tornamo-nos escravos da pele, cabelo e corpo saudáveis e bonitos. Escravos do tempo. De um tempo que não há. E quando há, é luxo.

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Quando a ficção se torna realidade, o herói se materializa https://blogdosaber.com.br/2023/05/30/quando-a-ficcao-se-torna-realidade-o-heroi-se-materializa/ https://blogdosaber.com.br/2023/05/30/quando-a-ficcao-se-torna-realidade-o-heroi-se-materializa/#respond Tue, 30 May 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=1596 Ler mais]]> No mês passado, a BBC publicou um artigo onde se questiona o papel de filmes e séries que trazem cenários apocalípticos provenientes de mudanças climáticas. Tyler Harper, o autor, afirma que somos levados a acreditar que assistir a esses roteiros de ficção científica desperta em nós um ativismo, uma vontade de mudar para que o nosso destino seja transformado e não fadado.

O autor, que é um estudioso literário e dá aula em um curso chamado “Climate Fiction”, não só não acredita nesse potencial de salvação dos filmes, como acredita que o gênero pode ser ativamente perigoso, “prejudicando nossa capacidade cultural de imaginar um futuro digno de ser vivido ou pelo qual vale a pena lutar”. Harper conta, inclusive, que grande parte de seus alunos – muitos dos quais estariam envolvidos com o Youth Climate Movement –, durante suas aulas, acabaram “se convencendo, pelo menos momentaneamente, de que o ativismo climático não tem propósito”.

Nossos heróis

Falamos no artigo Por que fazem corpo mole? sobre o quão importante pensamos ser ou, pelo menos, gostaríamos de ser. E qual é o símbolo máximo da importância? Não são os heróis, aqueles que salvam o mundo? Quando somos crianças, temos até os heróis da vida real: o nosso pai, a nossa mãe, aquele que nos protege e que provê para nós não ficarmos desamparados. Na infância, tudo tem um significado aumentado: os objetos e a casa são gigantes, os puxões de orelha e sermões que recebemos nos provocam a rebeldia ou uma tristeza extrema a ponto de chorarmos, nossos pais são heróis porque, afinal, é deles que dependemos para sobreviver.

Quem não quer ser um herói?

E quem não quer ter tamanha importância para outras pessoas? Quem não quer ser reconhecido, admirado? Quando atendemos a demanda dos outros para que esses outros nos tragam uma satisfação através do reconhecimento da nossa imagem, esse pode ser um jogo narcísico perigoso. E não é essa a demanda do herói: o perigo? Pois então.

Assim, de um lado, temos a necessidade do reconhecimento e, do outro, a inveja. Mas como a inveja entra nesse contexto? No artigo A arte do divertimento – Por que se divertir parece tão fácil?, mas sentimos como se não fosse?, falamos mais sobre esse sentimento, que tentamos evitar a todo custo. Mas o fato é que a inveja está tão presente nas nossas vidas quanto o amor. Ser herói pode ser uma compensação por aquilo que não conseguimos obter de forma material: o casarão que meus amigos construíram, o carro esportivo que meu vizinho comprou e assim por diante. O apocalipse é o ponto em que zeramos as nossas pontuações, igualamo-nos. Finalmente, ninguém é mais que ninguém.

Ufa, chega de ‘correr atrás’, agora, o negócio é ‘correr de’

Enfim, parece valer a pena trocar o cansaço mental pelo físico, não? No apocalipse, temos oportunidades iguais e, então, aumentam as chances de eu conseguir me destacar por uma habilidade inata. Ou, no mínimo, saio de um ciclo vicioso, de uma jornada improdutiva. É o momento de renascer e tentar provar novamente a que viemos. Que não estamos aqui à toa, que temos significado.

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