Arquivos amizade - Blog do Saber https://blogdosaber.com.br/tag/amizade/ Cultura e Conhecimento Tue, 20 Feb 2024 00:41:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 Redes Sociais https://blogdosaber.com.br/2024/02/20/redes-sociais-relacoes-amizades-virtuais-encontros-roda-de-conversa/ https://blogdosaber.com.br/2024/02/20/redes-sociais-relacoes-amizades-virtuais-encontros-roda-de-conversa/#comments Tue, 20 Feb 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4133 Ler mais]]>

Redes sociais, vilãs ou mocinhas?

Longe de mim vir aqui fazer aqueles discursos contra as redes sociais. Fato é que através delas, os relacionamentos mudaram, o mundo mudou. Tudo ficou mais acessível, e ao mesmo tempo, sem graça.

Antes, víamos as notícias através das lentes de determinadas redes de comunicação, como exemplo, a Globo, SBT, Record (as mais tradicionais). Hoje, podemos ver tudo em tempo real e sem edições (aqueles cortes que fazem, muitas vezes, manipulando o fato).

Não precisamos mais esperar o jornal “X” para saber de tal acontecimento. Agora, as notícias estão em nossas mãos.

As vitrines nas redes sociais

Entretanto, ainda precisamos de um pouco de bom senso ao utilizarmos as redes sociais. Outro dia, li no Facebook, que antes, as pessoas pagavam para não serem vistas. Hoje, é o contrário. Todos querem ser vistos, elogiados e admirados. Para isso, fazem verdadeiras loucuras e postam. Alguns se arriscam tanto, que perdem a dignidade e até a vida.

Um amigo, debochadamente, falou que não precisa mais comprar Playboy, pois só o que tem é foto de mulheres seminuas nas redes sociais e se você não dá um like, “pega mal.”

Vamos combinar que não é somente as mulheres. Os rapazes também gostam de exibir o físico, dançarem e fazer poses. É uma verdadeira vitrine humana de muitas embalagens bonitas, mas muitos, com conteúdo que deixa a desejar.

O lado bom das redes sociais

As redes sociais são realmente democráticas, pois a variedade de perfis atende a todos os gostos. Há quem as use para diferentes objetivos: vendas, negócios, política, memes (meu pecado, confesso), educação e o principal, a influência.

Uma pena que os influenciadores (de grande audiência) não nos tragam conteúdos transformadores. Muitos deles, apenas exibem bens materiais e mostram a parte boa da vida.

Mas há quem tenha tempo para passar o dia assistindo aquela pessoa fazendo uma refeição, indo para o supermercado, para a academia, para um encontro, ou seja, vivendo e gerando entretenimento. Do outro lado da tela, há um expectador parado com um celular na mão, sem viver, apenas assistindo a vida alheia. Não é esquisito isso?

Eu sigo alguns que ensinam coisas do meu interesse: perfis cristãos, finanças, receitas, dicas sobre saúde e minimalismo. Ah, e vejo memes, pois se eu passar um dia sem sorrir, para mim, foi um dia perdido.

Enfim, as redes sociais são um campo vasto e tem espaço para tudo e todos os assuntos. Tenhamos sabedoria em escolher os conteúdos que estamos consumindo.

Sobre o que postar

A vida é sua, mas poste com moderação. Não dê ferramentas para outros usarem contra você.

Depois que inventei de escrever, sigo perfis de escrita e vejo que os “coaches” falam que precisamos estar mais perto dos nossos leitores e se mostrar mais para gerar conexões. Eu fico pensando: “no tempo de Machado de Assis, Graciliano Ramos e Clarice Lispector não tinha nada disso, e eles se tornaram lidos e conhecidos.” Mas, estamos noutra época. Vamos dançar conforme a música.

As relações nas redes sociais

É bem verdade que as redes sociais conectam, promovem reencontro. Outro dia, encontrei pessoas conhecidas que conviveram comigo na escola, trabalho e gostei de vê-las, mesmo que virtualmente.

As relações entre pessoas mudaram. Eu, por exemplo, converso com gente que que nunca vi na vida, mas que viraram “amigos virtuais.” Geralmente, são escritores e a gente troca informações sobre o mundo da escrita, concursos e cursos. Por vezes, entro na página de algum artista e ele responde, como o simpático Antônio Fagundes, que recita lindos poemas para os seguidores.

Não sei se “ao vivo” ele continua simpático, pois já encontrei com algumas “celebridades” e asseguro-lhes que são completamente diferentes daquelas “amáveis” pessoas que a gente vê através das telas.  São criaturas taciturnas e não gostam de conversas, querem ficar na delas, e tudo bem.

Essa é uma das grandes armadilhas das redes sociais, pois não sabemos de verdade quem é quem. Só se posta o que querem que as pessoas vejam. E convenhamos, ninguém vai postar suas falhas e fraquezas, pois isso não gera “engajamento.”

As verdadeiras redes sociais

Sou cria do interior, meus amigos e sinto muita falta das rodas de conversa na calçada, de dormir na casa das tias e ficar conversando até tarde com a parentela, dos passeios a pé pela zona rural, de se reunir na pracinha para jogar conversa fora… Também tenho saudades dos encontros para estudar, dos cafés com as amigas, isso para mim, sempre serão as verdadeiras redes sociais.

E creio, que temos a obrigação de resgatar ou manter esses bons costumes. Não podemos permitir que as redes sociais virtuais substituam o sorriso, o calor do aperto de mão e do abraço, o som da voz amiga no nosso dia a dia. Vamos criar um lema; Menos virtual e mais presencial, que assim seja!

E vocês, acham que as redes sociais ajudam ou atrapalham?

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Despedidas https://blogdosaber.com.br/2024/02/06/despedidas-sentimentos-familia-brevidade-adeus-tristeza-momentos/ https://blogdosaber.com.br/2024/02/06/despedidas-sentimentos-familia-brevidade-adeus-tristeza-momentos/#comments Tue, 06 Feb 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4013

Tem coisa mais difícil que despedidas? Ninguém gosta desses momentos. Nesse domingo, depois de 28 dias no mar (sem contar com o cruzeiro anterior), pausamos em casa. No dia anterior, aos poucos, fomos nos despedindo das pessoas que conviveram conosco durante esse período: as atendentes do Café, o garçom e sua ajudante, uma indiana muito simpática, bem como o sommelier do restaurante Blue.

No dia seguinte, dissemos adeus ao camareiro Ahmed, que visitava nossa cabine duas vezes por dia, aspirando o carpete, recolhendo as toalhas usadas e deixando chocolates nos travesseiros, dentre outras atividades.

Eu não sei se é pelo fato de eu ser mulher, que me apego demais às pessoas (deve ser essa natureza maternal e aqueles hormônios que abalam nossas estruturas). Procuro não demonstrar, mas é inevitável: se alguém me trata com gentileza, já pode dizer que me conquistou. E, consequentemente, é o tratamento que também vai receber de minha parte.

Aqui, na cultura americana, não tem muito essa coisa de abraços e beijos, mas como tenho “sangue latino,” como diz Ney Matogrosso, sou dada à essas demonstrações de afeto. Meu marido vive me advertindo “não faça isso, que o pessoal não gosta”, mas até hoje, nunca passei constrangimento por oferecer gestos de carinho.

Enfim, despedimo-nos. A atendente do restaurante, cujo nome é “Situante” (escrevo em português para melhor compreensão de meus patrícios) muito agradável, disse que iria escrever para uma amiga que trabalha no Beyond (o navio em que estaremos na próxima sexta) para nos receber. São coisas que o dinheiro não compra, mas somente com amizade e respeito mútuo, se conquistam.

As despedidas inesperadas

Bem, narrei-lhes despedidas comuns, mas, infelizmente, nem todas são assim. A vida em si é uma caixa de surpresas e o tempo, seu principal mecanismo. Se olharmos ao nosso redor, vemos as pessoas com as quais convivemos nas diferentes áreas de nossa vida (pessoal, profissional, recreativa). Algumas destas, chegamos a pensar, que estarão conosco por um longo tempo. Todavia, as despedidas chegam e sem avisar.

Na semana passada, o Brasil ficou perplexo com a partida repentina da jovem advogada Brena, de Santo Antônio do Salto da Onça, município do agreste potiguar. Uma moça de 26 anos que estava em pleno exercício da advocacia, quando teve sua vida ceifada de maneira covarde. Ela não teve tempo de se despedir da família, dos amigos, das pessoas de seu convívio.

Como Brena, muitas pessoas passam por isso, num país, tão imponente, mas onde a criminalidade vem tomando uma proporção superior ao que a sociedade pode conter.

As despedidas que não percebemos

Além dessas despedidas bruscas, há aquelas que acontecem e não percebemos: Quando criança, na ocasião em que se encerrava um ano letivo, minha preocupação (e, acredito que a dos demais) era saber se tínhamos “passado de ano”’ ou não. Não parávamos para pensar se iríamos ver tal colega no próximo ano, se algum deles ia mudar para outra escola ou para outra cidade.  E, sem perceber, naquela tenra idade, nos despedíamos de nossas professoras, dos colegas, da tia da merenda e de outros atores envolvidos em nossa vida estudantil.

Da mesma forma, aquela turma das brincadeiras de rua como esconde-esconde, tica, corda, cobra-cega, queimada, cantigas de roda (aos leitores que não conhecem as brincadeiras de rua do Nordeste, fiquem à vontade para perguntar), em que também não recordamos quando foi a última vez que nos reunimos e depois, cada um foi para sua casa com os joelhos ralados e pés sujos de poeira, seguiu a vida, sem despedidas…

Ou, as despedidas de nossas avós. Convivi com as duas e não percebi quando foi a “última vez” que minha avó materna cuidou de nós, ou que minha avó paterna deixou de conversar, alegremente, sobre tudo.

Despedimo-nos também da nossa infância, da nossa adolescência, sem sequer saber quem somos ou para onde estamos indo. Despedimo-nos da casa de nossos pais, de nosso bairro, de nossa cidade e, no meu caso, do país.

Quando vim para os Estados Unidos, lembro que meu pai me deu um grande abraço e ele não era dessas coisas. Mamãe, conversava muito, fazendo aquelas recomendações. Despedi-me feliz, pois sabia que em breve retornaria ao Brasil para visitá-los. Foi a última vez que o vi e agradeço a Deus por viver aquele momento.

Particularmente, gostaria que todas as despedidas fossem assim, sem planejar, acho que a gente sofreria menos.

Quando as despedidas são internas

Sim, também nos despedimos de nós mesmos, quando deixamos o “velho” eu para trás e através de novos hábitos, pensamentos, surge um “novo.” Faz parte de nossa evolução como seres humanos.

É sempre válido despedir-se das fraquezas, das falhas, dos defeitos que comprometem nosso crescimento… Tais despedidas são bem-vindas, bem como aquelas de pessoas desagradáveis, como colegas de trabalho complicados ou parentes tóxicos. Para estes, a gente cita a célebre frase musical do cantor Roberto de Souza Rocha, vulgo Latino: “vá, vá em paz e não volte jamais.”

As despedidas sentimentais

Não falo daquelas despedidas cinematográficas que assistimos nos filmes, onde um casal se acaba de chorar, mas é sempre angustiante despedir-se de um relacionamento amoroso que não deu certo, mesmo que ainda existam sentimentos inflamados.

Outra despedida dolorosa é quando damos adeus aos nossos animais de estimação, os quais aprendemos a amar como alguém da família. Lágrimas são inevitáveis.

Ah, não poderia esquecer da despedida dos bons colegas de trabalho, que por diversos motivos, precisam partir. Às vezes passamos mais tempo com eles que, propriamente, com nossa família. Nesses casos, a amizade floresce e vence a barreira do tempo.

A verdade, meus amigos, é que a vida, com sua engenharia, vai nos tangendo para lá e para cá e, sem perceber, vamos nos despedindo de tudo, aos poucos.

A última despedida

A última despedida, que sempre vai deixar cicatrizes em nossos corações, é a despedida que mais evitamos, mas não podemos fugir dela, ou seja, a morte.

Sempre pensamos em longevidade sem nos preocuparmos com nossa finitude. No fundo, somos conscientes que a vida é mesmo breve e cada dia é uma despedida, de forma invisível, mas real. Portanto, temos a obrigação de vivê-la bem, em paz conosco, com os que amamos e com a sociedade em que fazemos parte.

Agora me conte, qual foi a sua despedida mais marcante ou uma despedida que, se você pudesse, teria feito de forma diferente.

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A Amizade. https://blogdosaber.com.br/2023/12/19/amizades-manter-a-amizade-viajando-gente-confraternizacao-natal-boas-festas/ https://blogdosaber.com.br/2023/12/19/amizades-manter-a-amizade-viajando-gente-confraternizacao-natal-boas-festas/#comments Tue, 19 Dec 2023 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=3516

Sobre a amizade, uma vez li um ditado que ilustrava um calendário de mesa que dizia assim: “Visite os amigos com frequência. O mato cresce depressa em caminhos pouco percorridos” e guardei essa mensagem em meu coração.

Honestamente, tenho enorme facilidade em fazer amizades, mas sem perceber, permito que o mato cresça. A vida, as muitas ocupações urgentes que criamos e a rotina de cada um vai nos afastando. A timidez também, pois nem sempre sabemos quando o outro tem tempo para nós ou disposição em conversar, e, sem querer incomodar, ficamos “na nossa.”

A amizade não tem fronteiras!

Faço muitas amizades durante os cruzeiros em que viajo, com pessoas do mundo inteiro, uma coisa a mais que a língua inglesa proporciona.

Já conheci tanta gente: médicos que estiveram na Segunda Guerra Mundial, professores, um ex-agente do departamento de narcótico dos EUA, que segredou que tinha atuado no Brasil; dancei com escoceses com seus kilts (saias), tive longos papos com artistas, cantores, músicos, mas são com os garçons e garçonetes que estreitamos os laços, pois os vemos todos os dias, por vários meses durante o ano. Alguns, já conhecemos por nome e eles também, sabem até mesmo do que gostamos, como água com gás, por exemplo, e nos recebem como se fôssemos de casa.

Meu marido, sabendo de minha facilidade em fazer amizade, “se aproveita de minha nobreza” e consegue beneficies nos navios, como cafezinhos grátis, mesas sem hora marcada, lagosta extra, etc.

Dewa – uma amiga indonésia.

Há três semanas, conhecemos Dewa, uma jovem muito simpática e simples, que conquistou nossa amizade de imediato, por sua amabilidade. É claro que todos são amáveis, mas há pessoas em que você percebe que é algo natural e não porque o trabalho assim requer.

Dewa, uma indonésia muito solicita, respeitosa e que poderia ser minha filha. Sim, com meus 42 anos, poderia ter tido filhos de 22 anos, a idade que, acho eu, Dewa tem.

Sempre procuro saber um pouco da vida de quem nos atende. Não por curiosidade, mas por experiência própria, pois sei o quão prazeroso é falar de nossa terra, nossos familiares, coisas nossas, quando estamos longe de casa.

Numa noite, meu marido pediu escargots, um prato fixo no menu dos navios, e isso despertou em Dewa lembranças de sua terra natal e de sua avó. Ela disse que a avó era coletora das lesmas, dos escargots nos grandes campos na Indonésia, perto de Bali, onde morava.

Os campos de arroz de Bali

Eu aproveitei a deixa e pedi que contasse um pouco mais sobre sua terra, sua família, o que ela gostava de fazer quando estava em casa. Ela sorriu, feliz em falar um pouco sobre si: Disse que gostava de andar de bicicleta com o sobrinho no bagageiro entre os “terraços de arroz” e descia com ele, logo cedo, rindo atravessando os arrozais e respirava um ar muito puro. Não sei se foram as lembranças, mas ela fez a pausa e respirou o ar, como se estivesse em Bali.

E eu, sem querer, a acompanhei na respiração, pois a maneira que ela falou me fez sentir como se estivesse lá também.

Eu disse a ela que realmente não era fácil estar longe das pessoas, mas a vida é cheia de surpresas. Que ela estava trabalhando para ajudar a família e isso era muito nobre da parte dela, que eles estariam orgulhosos por isso. Depois de seis meses, ela irá vê-los.

Aproveitei que estamos em época de fim de ano e das festas comemorativas e disse: “Aproveite e ligue, mande mensagens para eles.”

 Falei com muito tato, pois sei que a religião deles, o Islamismo, não comemora o Natal e os poucos cristãos que moram lá são proibidos de celebrarem (Coisas de extremistas). Foi então que ela me falou que a mãe não tinha celular, nem internet e, portanto, não teria como se comunicarem.

A tecnologia ajuda a manter os laços.

Por um instante, fiquei sem saber o que dizer, pois na nossa cabeça, dominada pela tecnologia e morando em países que nos impulsiona a nos conectarmos cada vez mais e com inúmeros veículos de comunicação à nossa disposição, não dá para conceber que ainda existem pessoas sem acesso à internet, mas sim, é a realidade de muita gente.

E só pude dizer: “que pena.” Tem momentos que as palavras faltam para nós, escritores.

Queria ajudar Dewa sem que ela se sentisse constrangida, ou “coitadinha”, coisa que ela não era. Imaginem o quanto é difícil para uma jovem sair de casa com a cara e a coragem, num mundo desconhecido, para trabalhar num navio cheio de estranhos, dia e noite. A maneira que tivemos de ajudá-la foi dando generosas gorjetas para que ela pudesse comprar um celular, mesmo que simples, mas que pelo menos, servisse para se comunicar com sua mãe.

Happy Hollydays – Boas Festas aos amigos e familiares

Na última noite, dei-lhe um abraço e desejei “Happy Hollidays.” Se você está num país/local e convive com pessoas de diferentes partes do mundo, é educado falar isso, pois assim, você deseja boas festas, sem desagradar ninguém. Dewa foi mais uma amizade que fiz e desejo preservá-la, como tantas outras.

No nosso ocidente, é Natal. Tempo de reconectarmos com nossos familiares e amigos e celebrar a vida, o amor, a amizade. Como disse nosso ex-presidente (americano), Barack Obama, “você pode!” – Aproveite as facilidades de comunicação e tecnologia que tens em mãos, tire um tempo e ligue, mande mensagens queridas, e se puder, se reúna pessoalmente, com as pessoas importantes de sua vida. Vamos podar um pouco do matinho que surge entre as amizades e também, na família!

Feliz Natal, queridos leitores! Um forte abraço em cada um!

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Relacionamento aberto https://blogdosaber.com.br/2022/11/30/relacionamento-aberto/ https://blogdosaber.com.br/2022/11/30/relacionamento-aberto/#respond Wed, 30 Nov 2022 20:38:17 +0000 http://blogdosaber.com.br/?p=86 Ler mais]]> É com muito orgulho e prazer que trago mais um texto inédito da nossa ex-colaboradora e fantástica cronista Ana Madalena para publicar, aqui na nossa coluna crônicas de todas as quartas-feiras do ano. Como sempre, é impossível não ter a curiosidade de ler do começo ao fim, não só pelo prazer, mas principalmente para ver até onde vai a sua imaginação. O título, relacionamento aberto não é, como sempre, o que imaginamos antes de começar a ler e sempre me surpreendo com o desenrolar de suas histórias. Por isso convido você a ler mais essa crônica maravilhosa dessa fenomenal escritora.

Que saudade das minhas viagens! Me orgulho em dizer que, quando planejo um passeio, sou disputada pelos amigos; dizem que na minha companhia não ficam entediados, nem sentem o tempo passar. Realmente, viajar, mesmo em pequenos grupos não é para qualquer um. Eu mesma me preparo alguns meses antes; estudo temas variados para entreter quem estiver por perto. Óbvio que sigo algumas regras, como não conversar assuntos delicados, muito menos pela manhã. Geralmente essa é a hora de conversar amenidades, contar algum sonho, eu mesma invento vários, embora na vida real não sonhe nunca. Ou se sonho, não lembro. O café da manhã tem que ser festivo, com sorrisos de bom dia. Claro que muitas vezes não são retribuídos; algumas pessoas só acordam depois das dez, mesmo que fisicamente já tenham feito várias coisas, desde as sete.  Não se brinca com o relógio biológico!


Gosto de dirigir,  fazer viagens onde possa conhecer caminhos e, sobretudo, ver paisagens (adoro a palavra “sobretudo”, dá um ar de sofisticação ao vocabulário, cada vez mais empobrecido). Viajar é uma oportunidade de aprender várias coisas e eu realmente me organizo para tirar o melhor proveito dessa experiencia; faço playlist, lanchinhos e meto o pé na estrada! A única coisa que me irrita é ter hora marcada. Geralmente viajo com hotel reservado somente na chegada e no meu destino final. O meio do caminho é sempre uma surpresa!


Não gosto de viajar de avião, principalmente voos longos. Quem gosta? Além de desconfortável, exige um grau de intimidade que me incomoda, principalmente quando meu assento é na fileira do meio, entre estranhos. Por mais que procure fazer as coisas com antecedência, selecionar meu lugar, as vezes acontece de grande parte dos passageiros terem me antecedido. E o percurso vira, no mínimo, um tédio. Geralmente levo um livro, o que me salva por algum tempo, e. rezo para que as pessoas ao meu redor não ronquem, o que invariavelmente acontece.


Nunca fiz um cruzeiro, embora seja um desejo antigo, mas fiquei com um pé atrás depois de ouvir sobre infecções alimentares e, mais recentemente, surtos de covid, etc. Acho que, tirando esses problemas, é uma viagem muito boa. Não ter que fazer e desfazer malas o tempo todo, além de ter uma estrutura que possibilite fazer mil coisas, é o melhor dos mundos.


O único meio de transporte que tenho fobia, ou melhor, claustrofobia, é o elevador. Sempre tive medo de entrar naquela cabine, desde quando, ainda criancinha, me mudei para um prédio, numa época quando ainda não era comum ter geradores residenciais.   Não, não foi na pré-história, se é o que está pensando. A verdade é que a sina de ficar presa em elevadores me acompanha desde então.


Na primeira vez , eu tinha sete anos de idade e vinha com minha irmã mais nova do colégio, no fim da tarde. Nós morávamos no terceiro andar, uma viagem até rápida, mas  mal entramos, faltou energia. Ficou tudo escuro e eu me desesperei. Ela, muito madura, segurou a minha mão e disse que não me preocupasse. Minha irmã sempre foi uma pessoa corajosa; nunca derramou uma lágrima por nervosismo, nem quando precisava  tomar injeção. Já eu, ao contrário, nasci com todos os medos! Dizem que os filhos mais velhos são um poço de insegurança, por causa da inexperiência dos pais, que depois do “estágio” do primeiro filho, tiram de letra os próximos. O primogênito que lute contra seus fantasmas, no meu caso, muitos!


E como exercício contra a timidez e medos bobos, meus pais me colocaram desde cedo para fazer um curso de música. Quer coisa mais aterrorizante do que se apresentar para uma plateia? Minha professora, percebendo que eu gostava de saber sobre a história por trás da música, aos poucos foi quebrando meu nervosismo, me incentivando a, antes da apresentação, comentar um pouco sobre a autoria da música a ser apresentada. Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida! Eu discorria sobre tudo, desde a vida do músico, em um grau de intimidade como se fôssemos os melhores amigos, até sobre questões técnicas da partitura. Isso quebrava um pouco minha timidez e dali seguia com menos medo de errar.


Trouxe esse ensinamento para minha vida. No colégio, eu sempre pedia para apresentar trabalhos, mesmo que na véspera não conseguisse dormir e chorasse de nervoso. Sou canceriana e “chorar” é quase como respirar; os sentimentos vêm antes de mim, para o bem e para o mal. E foi assim que me tornei uma pessoa comunicativa, embora tímida. Só eu sei o deserto que tive que atravessar para me tornar quem sou hoje.


Fiz intercâmbio em uma época que não era  comum. Ali eu realmente quebrei barreiras! Ter que conviver com pessoas de uma realidade totalmente adversa da minha foi, em princípio, um susto, mas também uma libertação. Eu não só tive que superar medos, como também superá-los noutra língua. Minha família estrangeira era maravilhosa, conversava bastante comigo e eu, envergonhada e sem saber o que falar, comecei a inventar histórias. O café da manhã era a minha hora da mentira;  eles prestavam atenção a cada detalhe do que eu contava. Lembro que meu “pai americano” sempre perguntava se a história era em cores ( inventei uma vez de dizer que sonhava em preto e branco) e se em inglês. No dia que respondi “yes” para as duas perguntas, ele me deu parabéns e disse que eu estava totalmente adaptada à minha nova vida. Nova vida? Quer dizer que posso ter mais de uma? Que maravilha!


Como já disse antes, sou canceriana. Levo esse signo muito a sério, até porque explica grande parte das minhas ações. Esse ano, pelos astros, vai ser um grande ano para mim! Dizem que Júpiter me atrapalhou nos últimos onze anos e finalmente mercúrio, que aqui comparo com minha professora de música, vem com tudo para abrir meus caminhos. E pelo que li, vai ser uma guinada daquelas! Novas oportunidades, desafios e, sobretudo (olha minha palavrinha preferida), uma nova vida! Há a previsão de eu viajar, para outro país! Um novo intercâmbio se abre para mim, só que dessa vez não ficarei com uma família. Depois do Airbnb, a possibilidade de me hospedar em um lugar onde possa “participar” diretamente da vida de outra pessoa é muito instigante. É quase como um relacionamento, onde inicialmente trocamos algumas informações, depois conversamos um pouco sobre nossos interesses e finalizamos quando ocupamos o espaço daquela pessoa que aluga não só seu imóvel, como parte da sua vida. É o que chamo de  relacionamento aberto! Compartilhar uma casa, manusear objetos de outra pessoa, folhear seus livros, ver fotos de família na estante… O meu primeiro relacionamento aberto foi em um outono distante, quando aluguei um quarto numa casa linda, cercada de pinheiros e esquilos, o famoso “bed and breakfest”. Depois que selecionei o local, que entrei em contato com o proprietário e quando já estávamos quase amigos, ele precisou viajar na véspera da minha chegada. Para minha surpresa, ele deixou um bilhete de boas vindas, em cima do balcão da cozinha, junto com vários cupcakes que devo ter mencionado que gostava nas nossas conversas. A geladeira estava abastecida, e na porta, pregado com um imã, nome de vários mercadinhos e dicas de locais interessantes para conhecer.


E foi assim que vivi outra vida, de tantas que já tive oportunidade de viver. Raramente me hospedo em hotéis, gosto de conhecer novas pessoas e formas de viver. De comum, todos “Airbnbistas” que conheci, têm a cultura do desapego, de uma vida minimalista, além de uma lista de regras para boa convivência, que poderiam perfeitamente existir em todos os lugares, inclusive nas nossas próprias famílias. Sou muito a favor do que é dito, do não deixar  subentendido. Todas essas pessoas com quem pude partilhar um pouco, tornaram-se amigos, principalmente com a ajuda das redes sociais.


Alguém disse, certa vez, que não é a distância que separa as pessoas, mas o “tanto faz”… Tenho amigos espalhados pelos quatro cantos do mundo, de várias vidas que já vivi, para quem nunca fui “tanto faz” e com quem divido minha “camuflada” timidez. À eles, dedico meu patrimônio emocional.

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