Sou idiota ou Imbecil. Sou sempre um idiota,
Quando não sei quem eu sou;
Não me conheço !
Não me interesso !
Autoconhecimento ?
Tenho horror.

Quem sou eu?

Sou um perfeito idiota,
Quando não conheço meus dons;
Fico só imitando os outros,
Minhas virtudes ? Não sei os tons.
O Criador só as deu a mim.
Desprezo meus talentos bons.

Sou um idiota frio,
Extremamente carente;
Não exploro minhas riquezas,
A preguiça é forte, me prende;
Me acho um pobre coitado,
Meu auto-engano é frequente.

Sou um idiota feliz,
Uso meus dons só pra mim;
Não os divido com ninguém,
Sou egoísta assim;
Ser solidário e fraterno ?
Não há no meu dicionário este sim.

Sou um belo idiota,
Só olho pro meu umbigo;
Ensimesmado em mim mesmo,
Não tenho nenhum amigo;
Sou o dono da verdade,
Ser superior é comigo.

Eu sou um grande idiota,
Quando não quero saber;
Acho que sei de tudo,
Não pesquiso, não quero aprender;
Sou teimoso até o fim,
Acho ! Estudar não faz crescer.

Sou um pequeno idiota,
Lá na minha timidez;
Não opino, não participo,
Sempre perco a minha vez;
Sou figura decorativa,
Não domino a timidez.

Sou um ferrado idiota,
Quando não sei o que quero;
Vou no meio da boiada,
Não sei pra que vim e me ferro;
Servir ao próximo é bobagem,
Estar na festa é meu bolero.

Sou o idiota tolo,
Os outros decidem por mim;
Eu não vejo a diferença,
Do que é bom do que é ruim;
Vivo recebendo migalhas,
Meu valor é assim.

Sou idiota vento-leva,
Só faço encher a obra;
Os que me usam riem de mim,
Pois sou massa de manobra,
Não sei nem pra o que vim,
Não veja o que a natureza cobra.

Eu sou o idiota útil,
Me levam pra alcançar a vitória;
Meu líder é um falador,
É muito bom na oratória;
Diz tudo o que eu quero ouvir,
Mas, sua ação, é contraditória.

Sou ingênuo, inocente,
Aprovetam-se de mim toda hora;
Acomodação é meu lema,
Sou o bobo da corte agora;
Não entendo o jogo da cúpula,
Me satisfaço com a sobra.

Meu líder é conversador,
Nivela todos por baixo;
Só ele fica de cima,
Lá na base eu me encaixo;
Ser maioria ? É comigo.
Só faço papel de capacho.

Eu vi lá no Mapa-mundi,
Há 200 países na terra;
A metade são 100 ditaduras;
E é lá que mora a miséria,
Coincidência a essa altura ?
Só idiota aceita essa ideia.

Sou um idiota político,
Não entendo de politica;
Os outros deliberam por mim,
Resolvem a minha vida;
Religião, Política, Futebol ?
Não fazem parte da minha lida.

Sou um cidadão idiota,
Penso que Política é Futebol;
Futebol é um lazer,
Política tem um farol;
Definindo o meu destino,
Se vou pra chuva ou pro sol.

Sou o eleitor idiota,
Votando no meu condomínio;
Não vejo apurar meu voto,
O ganhador exerce o domínio;
Ele leva a urna pra casa,
E apura os votos sozinho.

Sou idiota masoquista,
Gosto mesmo é de sofrer;
Quando a cabeça não pensa,
Meu corpo é que vai padecer;
Enquanto eu não acordar,
Posso afundar e morrer.

Me disseram a diferença,
Do imbecil pro idiota;
A diferença é sutil,
Quase a gente não nota;
O imbecil é um idiota,
Que lidera os alienados;
Faz o povo de brinquedo,
Se diverte com o gado.

Vou me curar dessa doença,
Não seguirei o senso comum;
Vou pesquisar e ser crítico,
Não vou ser igual a qualquer um;
Comparando a gente entende,
O que é ruim e o que é bom.

Vou levantar a cabeça,
Não importa a minha idade;
Por tijolo por tijolo,
Formar minha personalidade;
Deus é amor e sabedoria,
Construirei minha realidade.

O que deixei de fazer

O sono que não dormi

O sonho que não sonhei

A carta que não escrevi

Os passos que não dei;

Me arrependo pelo que deixei de fazer

O filme que não assisti

O abraço que não abracei

A batalha que não insisti.

O não que não dei;

O que deixei de fazer

A comida que não comi

O amor que não amei

O livro que não li

O prato cheio que não dei;

A saudade que não senti

A esmola que neguei

A viagem que não fiz

O adeus que não dei;

O que deixei de fazer

Os lugares que não fui

O chão que não pisei

O amigo que não fiz

A festa que me ausentei;

O cavalo selado que não subi

A oportunidade que descartei

A humildade que não protegi

O perdão que não perdoei;

O que deixei de fazer

O pecado que cometi

Os serviços que neguei

O olhar para mim, que não vi

O olhar que não olhei;

As músicas que não ouvi

As danças que não dancei

O sorriso que não sorri

As gargalhadas que não soltei;

A porta que não abri

O aperto de mão que não dei

A mão que não estendi

O sim que não falei;

O que deixei de fazer

O pedido que não fiz

A lua cheia que não olhei

O pôr do sol que não vi

A gratidão que não externei;

O conhecimento que não aprendi

A ignorância que não eliminei

O silêncio que não fiz

As lágrimas que não derramei;

Me arrependo pelo que não fiz

Os estudos que não conclui

O beijo que não beijei

Os frutos que não colhi

São as sementes que não plantei.

Autor- Leôncio Queiroz