Arquivos Crônicas - Blog do Saber http://blogdosaber.com.br/category/cronicas/ Cultura e Conhecimento Tue, 30 Apr 2024 04:56:11 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 A gentileza saiu de moda? https://blogdosaber.com.br/2024/04/30/gentileza-pressa-gentil-pessoas-vida-mundo-vivencias/ https://blogdosaber.com.br/2024/04/30/gentileza-pressa-gentil-pessoas-vida-mundo-vivencias/#comments Tue, 30 Apr 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4885

O poder da gentileza.

Se tem algo que enche meus olhos é ver gente educada, tratando as outras com gentileza e respeito, independentemente do lugar, da pessoa ou da ocasião.

Outro dia, estava em Vancouver, no Canadá, uma cidade que me ganhou desde o primeiro dia, pois tem o aspecto moderno, mas mantém todo o respeito à sua ancestralidade, mantendo os totens das “Primeiras Nações” preservados e expostos no Stanley Park (visita obrigatória).

Como meu marido e eu íamos para um cruzeiro pelo Alasca, o navio saía de lá. Então, aproveitamos para ficar uns dias para que eu conhecesse a cidade. O hotel ficava bem no centro da cidade e os funcionários, se desdobravam em gentilezas, algo comum em pessoas que trabalham nesse setor, mas há exceções.

Geralmente, gosto de passear na cidade, observando como os cidadãos se comportam no cotidiano, com seus inúmeros compromissos, os celulares os levando para lá e para cá, como um dono ao seu animal e vendo rostos que não conheço, mas sei que tem muitas histórias incríveis.

Sempre que estou numa cidade famosa, um dos meus passatempos é visitar cafeterias e livrarias nas imediações. O mesmo fiz em Vancouver. Marquei algumas que me interessavam. Em seguida, mostrei ao meu marido para ver se ele queria ir. Motivo: ele geralmente acorda bem tarde, devido à sua pregressa rotina de trabalho, em diferentes fusos horários. Agora, ele quer recuperar o sono perdido.

Como ele já conhecia Vancouver, disse que não iria. Então, no outro dia bem cedo, eu me arrumei e saí do hotel com os olhos brilhando, ante a expectativa de caminhar e conhecer a cidade ao meu modo.

Seja gentil, onde estiver!

À princípio, Vancouver é uma cidade relativamente grande, mas não sufocante como São Paulo ou Nova York. Por vezes, percebia alguma aglomeração de pessoas, mas tudo dentro da normalidade.

Pois bem, encontrei a cafeteria. Os atendentes, em sua maioria, jovens. Provavelmente, estudantes. Muito educados no atendimento, porém sem exageros. Mais práticos que acolhedores. Tudo bem, eu até gosto.

Não me sinto à vontade quando estou numa loja e os atendentes ficam me cercando, fingindo uma gentileza que não é natural, com seus sorrisos falsos e olhos inexpressivos, como os jacarés. Em minha cabeça, a gente primeiro sorri com os olhos, depois com a boca.

Tomei um café com um croissant de chocolate e segui rumo à uma livraria. Uma pequena multidão aguardava o sinal abrir: jovens com seus rostos dentro dos celulares, pessoas conversando animadamente, algumas apressadas. No meio delas, uma senhora numa cadeira de rodas.

Pouco depois, o sinal abriu e era daqueles com cronômetro, mostrando em quantos segundos iria fechar. A senhora da cadeira de rodas teve certa dificuldade em se movimentar e eu vendo isso e cronometrando o tempo em que ela se direcionaria, eficazmente, para sair com o tempo do sinal, vi que não iria conseguir. Sem pensar duas vezes, agarrei a cadeira e cruzei a rua a levando.

Consequentemente, todos olharam, batendo palmas, os carros passavam buzinando, fazendo o sinal de “legal” e eu, me perguntando o motivo. Por fim, a senhora me agradeceu muito, cheia de afagos e eu, toda sem jeito. Pensei comigo, será que esse povo é alegre assim mesmo?

Ocorre, meus amigos que toda essa efusividade foi pelo simples fato de eu ter ajudado aquela senhora. Uma coisa super natural, mas na sociedade de hoje, se você para o que está fazendo para ser gentil ou atender alguém é considerado um evento olímpico. Na hora, eu agi por impulso, vendo que ela ia ficar para trás, não foi para ser a “heroína de Vancouver.” Logo pensei, será que a gentileza saiu de moda?

Há frequência para a gentileza?

Definitivamente, hoje é mais difícil ver atitudes de gentileza. O mundo está muito egoísta e arrogante. As pessoas se comportam como semideuses. Agem sem se importar com ninguém, ou melhor, sem sequer olhar de verdade para o outro e muitas são mal agradecidas.

Nos navios, são raros os homens que dão passagem para a mulher ou seguram a porta do elevador, por exemplo. Acontece, mas geralmente, tais gentilezas vêm daquelas pessoas de mais idade, que tiveram uma educação bem diferente da atual.

Elogiar com sinceridade é uma gentileza

Às vezes, quando vejo uma mulher vestindo ou usando algo que acho bonito, eu elogio, mas de forma bem cordata, pois a gente nunca sabe como a pessoa vai reagir. Da mesma forma, quando um homem me faz uma gentileza, eu agradeço e complemento dizendo “Isso foi muito gentil de sua parte.”

Cá entre nós, eu gosto de elogiar aquelas pessoas que estão com o semblante um pouco caído. E quando faço isso, parece que um raio de luz brilha na frente delas, pois dão um sorriso, erguem um pouco mais a cabeça. O mesmo acontece comigo. Se a gente tem esse poder de melhorar a vida das pessoas com uma gentileza, por que não fazer?

Uma das minhas amigas desse último cruzeiro era uma moça africana, com um sorriso perfeito, natural. Ela dizia que me reconhecia no meio do navio pelo meu cabelo, sempre lindo e arrumado. Um elogio simples, sincero que me deixava muito feliz. Eu, a elogiava pelo sorriso dela que iluminava qualquer lugar que ela estivesse, e dizia também que o sorriso dela vinha da alma.

Gentilezas simples e que transformam o dia de uma pessoa deveriam acontecer com mais frequência, onde quer que estejamos. O custo é zero e o retorno de enorme valor.

Onde praticar a gentileza?

Em qualquer lugar, por exemplo, no trabalho. Não custa nada fazer um favor ao colega, trazer um café. Chega de tanta competição e ambientes que produzem estresse.

Da mesma forma, em casa. É comum, por exemplo, eu levar um copo de água para meu marido e vice-versa. Um gesto simples que demonstra cuidado, atenção.

No trânsito, quando dirijo em Natal, sempre termino o dia com meus ombros doloridos, de tanto susto que passo; buzinas, gente jogando o carro na frente, outros, sem dar passagem. Qual a necessidade disso? Todos têm pressa e compromissos, mas a gentileza deve prevalecer.

Nas redes sociais, gentileza sempre!

Não menospreze aquelas mensagens de bom dia/boa noite que você recebe. Embora, haja pessoas que mandem vídeos longos, não os deixe sem resposta. É extremamente desagradável. Responda com um emogi ou uma saudação curta. É uma gentileza que alguém lhe fez. Sinal que pensou em você. Retribua.

Confesso que quando estou viajando ou ocupada, esqueço de responder. Nesses casos, volto e agradeço, pois sei que o tempo daquela pessoa também é precioso e, ainda assim, ela parou e me enviou uma gentileza em forma de mensagem.

Corrente da gentileza.

Nunca sabemos como nosso semelhante está ou o que ele está enfrentando. Ser gentil deveria ser nossa religião principal.

Podemos, nós mesmos, fazer uma grande corrente do bem: a partir de hoje, devemos realizar pelo menos, uma gentileza diária. Da mesma forma, as das redes sociais também contam, visto que, muita gente vive por lá.

O que vai, volta, não dizem? Por isso, vamos espalhar muita gentileza, para que volte, da mesma forma, para nós.

E você, o que acha de nossa sociedade? Perdeu a gentileza ou é a pressa que tem deixado as pessoas mais “rudes?”

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Os Primeiros Dias https://blogdosaber.com.br/2024/04/23/primeiros-dias-sensacoes-descobertas-vivendo-aprendendo/ https://blogdosaber.com.br/2024/04/23/primeiros-dias-sensacoes-descobertas-vivendo-aprendendo/#comments Tue, 23 Apr 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4817 Ler mais]]>

Os primeiros dias sempre são os mais melindrosos em qualquer situação. Não venha me dizer que você também não se sente assim, pois eu não acreditaria. Será que você se lembra de seus primeiros dias na escola/faculdade, no seu ambiente de trabalho, ou mais divertido ainda, nos seus relacionamentos?

Pois iremos falar sobre esses dias que, geralmente, são memoráveis.

Primeiro dia de cruzeiro

Hoje é o primeiro dia de cruzeiro para os novos passageiros. Para nós, que estamos aqui há quase um mês, não tem muita diferença, mas confesso que gosto de observar as pessoas e suas vicissitudes. Hoje é um dia ideal para isso.

Vi as pessoas perdidas, andando para lá e para cá, querendo descobrir onde ficavam os pontos principais, como os restaurantes, as piscinas, academias, etc., embora, o navio tenha vários diretórios espalhados em cada andar, principalmente, perto dos elevadores.

Ajudo-as, sempre que possível. As meninas da tripulação até brincam comigo, dizendo que vão me dar um crachá.

Para facilitar a vida dos recém-chegados, uma das diretoras de entretenimento simplificou tudo com a seguinte fala: Para vocês não se perderem no navio, eis algumas dicas – na frente, é onde fica a diversão, o teatro, algumas piscinas, o clube, o spa, etc. No meio, é onde o pessoal deve gastar o dinheiro, pois estão as lojas, boutiques e joalherias, além do temível cassino. No final do navio, é onde fica a melhor parte, a comida: são os restaurantes, cafés, etc.

Realmente, os primeiros dias são mesmo divertidos, eu diria. Hoje, um casal desceu do lado errado do restaurante e ficou procurando uma porta que não existia. Também vi algumas pessoas errando o lado da cabine. (Já fiz isso, confesso). Ainda bem que o bom humor prevalece, não sei se por estarem entrando num cruzeiro, que em tese, é onde as pessoas vão para se divertir, mas posso dizer que é raro encontrar alguém de mau humor nos navios.

Outros primeiros dias

Essa euforia me fez recordar os primeiros dias em outros aspectos de nossas vidas. Por exemplo, os primeiros dias dos relacionamentos amorosos são mesmo interessantes. Um querendo agradar ao outro, vencendo a timidez, e também a preocupação em se apresentar como a pessoa ideal. Os risos contidos, as palavras com a pronúncia do “r” perfeita, os melindres do amor…

Não menos interessante são também os primeiros dias num ambiente de trabalho, onde tentamos fazer tudo direitinho, cheios de dedos com os colegas, afinal, não conhecemos ninguém em sua totalidade.

Os primeiros dias de aula também dão certo “frisson.” Eu tive a sorte de cursar desde a alfabetização até a faculdade com minha irmã. Ou seja, tínhamos uma à outra, então tudo estava bem. Depois que fui cursar Direito sozinha, mesmo muito tranquila, do jeito que sou, olhava para aquele monte de desconhecidos reunidos numa sala de poucos metros e me perguntava quem era aquela gente. Depois, fui fazendo amizades, que as preservo até hoje.

Sobre isso, uma das coisas que um professor costumava dizer era que durante o curso, era para observarmos quem poderia ser seu parceiro de trabalho no futuro. Afinal, é na faculdade que a gente descobre quem poderá ser um bom profissional ou não.

Mesmo não sendo mãe, acredito que os primeiros dias com um ser humano pequenininho dá um calafrio. É um ser totalmente dependente e que não fala, não tem como saber o que está querendo. Deve ser um misto de loucura e encantamento. Mas, tem o chamado instinto materno, que deve funcionar perfeitamente, pois aqui estamos.

Não se assustem com os primeiros dias

Eu sempre fui assustada com novidades. Os primeiros dias em todas as áreas relatadas me eram terríveis, até que a maturidade chegou aderi àquela filosofia de que “tudo é passageiro,” sejam as coisas boas ou ruins e passei a ser mais tranquila paciente comigo e com os outros.

Quando chego em algum lugar e percebo que a pessoa é iniciante, trato com a maior delicadeza. Hoje, inclusive, um ajudante de garçom deixou cair uma garrafa de café, que derramou seu conteúdo inteiro no carpete.  Eu vi que ele ficou tenso. Para amenizar o mal estar, eu disse que ele não se preocupasse, pois poderia acontecer com qualquer um e que não tinha perfume mais gostoso para o ambiente do que o de café. Ele riu um pouco. Talvez, eu tenha amenizado seu pânico.

Primeiros dias de tristeza

São aqueles dias em que a gente encerra ciclos, de forma voluntária ou não. Por exemplo, um relacionamento duradouro, onde já se construiu uma base, uma vida juntos, os primeiros dias podem ser bem desafiadores, com pessoas que pensam até em fazer alguma bobagem.

As mudanças de emprego, por promoção ou demissão ou aposentadoria mesmo, geram uma quebra de rotina e também é necessário ter muita sabedoria para conduzir os primeiros dias. Os primeiros dias são bem desafiadores, mas basta ter os pés no chão para dar novos primeiros passos.

Quando perdemos pessoas muito especiais, os primeiros dias são os mais dolorosos, pois é quando mais sentimos a falta deles. Depois, a dor vai dando lugar à saudade. É preciso ter muita espiritualidade (não estou falando em religião) para atravessar esse vale de sofrimento.

Nunca é tarde para primeiros dias

Eu sou uma novem senhora na casa dos 40 anos e sei que ainda vou ter novos primeiros dias e torço para que vocês também tenham. Que sejam primeiros dias de coisas maravilhosas na vida de cada um.

Agora, me fale, quais foram os primeiros dias mais impactantes (no bom ou mau sentido) de suas vidas?

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Reaproveitar. https://blogdosaber.com.br/2024/04/16/mania-de-reaproveitar-reciclagem-relacoes-pessoais-consumo-consumismo/ https://blogdosaber.com.br/2024/04/16/mania-de-reaproveitar-reciclagem-relacoes-pessoais-consumo-consumismo/#comments Tue, 16 Apr 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4746

Em suma, nossos relacionamentos, sejam quais forem, quando não temos mais como reaproveitar, devemos ter a coragem para dispor daquele lixo que nos incomoda e colocá-lo num depósito devido, para que, com sorte, possa ser reciclado.

Até onde podemos reaproveitar pessoas?

Nos estados Unidos, você não pode levar roupas rasgadas, com furinhos ou manchas para os postos de reciclagem. Ninguém aceita. É considerado lixo.

Da mesma forma, há pessoas que por mais que você se esforce, faça reparos aqui e acolá, não tem mais como reaproveitar. São aqueles parceiros e amizades tóxicas, parentes também, colegas de trabalho que só nos dão lixo em suas falas, comportamento e atitudes. Por mais que a gente tenha boa vontade, não há como reciclar.

Todavia, há pessoas, que por estarem enfrentando algum problema, e, por vezes, apresentarem uma falha, até a falta de entendimento mesmo, podem sim ser recicladas. Com ajustes aqui e ali, a convivência acaba fluindo e se tornando frutífera.

Em suma, nossos relacionamentos, sejam quais forem, quando não temos mais como reaproveitar, devemos ter a coragem para dispor daquele lixo que nos incomoda e colocá-lo num depósito devido, para que, com sorte, possa ser reciclado.

História real

Certa vez, estava eu e minha amiga que o Direito me deu, Gabriela, na Secretaria da Faculdade, para pegarmos uns certificados. A senhora que nos recebeu estava com aquela cara de ódio do mundo e de todos os seus habitantes, nos atendendo com muita rispidez.

Eu olhei para Gabriela e disse em alto e bom som, com uma voz bem meiga:

“_ Gabi, mas que simpática senhora! Veja, vai procurar nossos certificados. Às vezes, chegamos aqui e ninguém sequer nos vê. Eu fico tão feliz quando encontro pessoas como ela.” E Gabi, atordoada, com aquela cara de quem diz “você está louca?” E eu, me segurando para não rir, olhando com toda a cara de gratidão e admiração que pude fazer naquela hora, para a senhora.

Ela se abriu num sorriso. Agradeceu, começou a conversar sobre qualquer coisa. Trouxe nossos certificados, toda sorridente e comunicativa e eu, continuei a elogiá-la e agradecer a atenção. Depois que saímos, tivemos nossa crise de riso. Nas outras vezes que lá estivemos, ela sempre nos recebia com um sorriso. Não precisou de muito, meus amigos, só algumas palavras.

Entretanto, posso dizer que minha maior feita como agente de reciclagem humana foi meu marido, já sambado, de quatro casamentos. Tem dado certo, mesmo com os percalços de uma vida a dois, mas como falei, trago a mentalidade de sempre procurar consertar, não descartar.

A vida e sua mania de nos reaproveitar.

A vida é o verdadeiro agente de reciclagem. Vai nos moldando, fazendo ajustes, de forma tão sutil que nem percebemos. Nos tornamos mais compreensíveis, mais sábios, ganhamos mais discernimento para escolher nossas “tribos”, o que nos traz paz, o que faz sentido nessa sociedade tão controversa.

Aos poucos, vamos aprendendo coisas novas, deixando as que não nos servem mais pelo caminho, enfim, vamos nos aprimorando. É a vida sempre nos reaproveitando, nos dando mais uma chance de sermos melhores para nós e para os outros.

Agora me fale, você gosta de reaproveitar coisas ou prefere descartar e comprar novas?

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A Aventura que é Viver https://blogdosaber.com.br/2024/04/09/vida-aventura-riscos-perigo-genetica-viajar-trilhas-escalar/ https://blogdosaber.com.br/2024/04/09/vida-aventura-riscos-perigo-genetica-viajar-trilhas-escalar/#comments Tue, 09 Apr 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4682 Ler mais]]>

Em primeiro lugar, quero dizer que aventureiras não são somente as pessoas que praticam alpinismo, rapel, trilhas perigosas (como a do açude Gargalheiras, que deu medo só em olhar), ou paraquedismo. Não mesmo. Aventureiros somos todos nós, pois a grande aventura humana é viver!

A vida é uma grande aventura

Nossa aventura começa desde o momento que nascemos (quem presenciou um parto sabe disso). Depois, quando damos os primeiros passos, aprendemos a nos comunicar e vamos descobrindo, aos poucos, a loucura que é a vida e tudo que nela contém.

Em seguida, nos aventuramos em crescer, em conhecer, experimentar coisas, testar nossos limites, sentir, amar, até a comer (eu diria), viajar, passear pelo centro de São Paulo ou ir na esquina de casa. Nesse sentido, temos que a verdadeira aventura é a vida que presenciamos e não somente àquela que lemos nas notícias ou assistimos por aí.

Cada escolha, uma aventura

Estou num cruzeiro, e gosto muito de conversar com a tripulação. Por vezes, viajo nas narrativas que ouço. Dessa vez, conversei com uma brasileira que nos atende no restaurante que frequentamos toda noite.

Preservando o nome, ela nos falou um pouco sobre sua aventura de vida: que chegou ao navio através de amigos que trabalhavam em cruzeiros e acabaram convencendo-a a vir e que sempre foi ávida por viajar, passando temporadas em grandes cidades turísticas. Realmente, para quem deseja essa vida de viajante, o navio possibilita a oportunidade, pois oferece “casa e comida” e a tripulação vai conhecendo locais interessantes, a depender das rotas.

Por exemplo, uma das paradas desse cruzeiro em que estamos foi Aruba, uma ilha que esteve sob domínio holandês, herdando forte influência na arquitetura, artesanato e outras características dos ditos, países baixos. Eventualmente, em Aruba, o navio passa a noite, coisa muito rara.

Por esse motivo, a tripulação estava eufórica, pois é quando eles têm oportunidade de curtir a noite no Caribe. Nossa amiga nos contou que geralmente a maior parte da tripulação sai para dançar e experimentar a culinária local e que diversas nacionalidades vão se reúnem em “blocos”, mas quando a música toca, todo mundo se mistura.

No dia seguinte, quando conversamos, ela nos falou que a “noite foi uma festa” (parafraseando, Hemingway), que o povo local era muito animado, o que até me deixou desejosa de ter aceitado os convites que recebi, mas nunca fui de “curtir a noite.” Não estou dizendo que nunca irei. Quem sabe um dia, com meus olhos atentos, vá observar diferentes pessoas querendo se comunicar, fazer parte de algo. Deve ser algo interessante de se ver.

Por fim, ainda sobre nossa amiga, os planos dela convergem para a Espanha, onde pretende fincar raízes por lá. É um país que outrora dominou as grandes navegações e descobertas de continentes, que é muito cultural, nos deu grandes escritores, pintores, artistas em geral, a dança flamenca, a sangria (um coquetel com vinho, frutas e especiarias) e a culinária, outro ponto forte. Desejei-lhe boa sorte. É o que sempre desejo para todos que se aventuram em viver sem prejudicar ninguém.

Minha vida é “tão comum”, isso pode ser considerado uma aventura?

Definitivamente, a vida de todos é uma aventura e não estou dizendo que é necessário viajar, como nossa amiga ou arriscar-se em coisas radicais, mas sim, pelo fato de vencermos nossos obstáculos diários.

Recentemente, uma das minhas manias tem sido ouvir um canal no Youtube, “Ler até o Amanhecer,” da Jornalista Joice Rodrigues. Ela narra fatos reais, como crimes de grande repercussão no Brasil e no mundo e coisas sobrenaturais. Na semana passada, ouvi a narrativa de uma menina de oito anos que foi ao mercadinho da esquina comprar um refrigerante e não voltou.

Isso é admissível num país como o nosso, na época em que estamos, com recursos materiais, impostos altíssimos coletados. Mesmo assim, ainda vivermos com a falta de segurança, que nos impede de sair de casa até a esquina. Então, se você saiu de sua residência hoje e voltou sem ser assaltado ou sofrer alguma violência, agradeça a Deus, e saiba que sim, foi uma grande aventura.

Tal qual aquele ditado que “matamos um leão por dia” é o que temos visto no dia a dia das pessoas, correndo de um lado para outro para poder ter comida na mesa, o mínimo para existir e além de tudo, fugindo da violência. Isso é desafiante, e reafirmo, uma verdadeira aventura.

As aventuras da vida

Sobre isso, podemos citar algumas de nossas maiores aventuras da vida, a começar pelo nascimento, onde é sempre um risco para nós e nossa mãe. Não falei para vocês, mas quando nasci, minha mãe quase morria de infecção decorrente do parto, mas vencemos essa aventura juntas;

A vida estudantil, mais do que nunca, com essa história de bullying. O que tem de jovens crescendo com problemas ou desistindo de viver por brincadeiras de mau gosto dos colegas, é assustador (tema para outra crônica);

Conhecer uma pessoa, um ser totalmente diferente de você, com suas crenças, manias, coisas boas e ruins. Sempre é bom ter cuidado, dar um passo de cada vez e procurar sinais de que não seja uma cilada;

Nossa vida profissional, onde passamos a maior parte do tempo, interagindo com gente com todo tipo de problemas. É onde conseguimos amigos e desafetos. Escapar ileso é quase impossível;

Por fim, a nossa vida familiar, com coisas que não podemos resolver e aquela velha mania de tomar para si o problema dos outros. São alguns exemplos que nos mostram que viver, meus amigos, é uma verdadeira aventura. Dentre outros tantos exemplos cotidianos que poderíamos citar, mas para não alongar o texto, ficaremos por aqui.

A aventura, nos faz bem?

Em suma, eu diria que essa vida de aventuras é o que nos faz vivos. Se, porventura, paramos, nos entregarmos a qualquer situação, a gente deixa de viver.

Afinal, somos seres projetados para o perigo, para a caça, para a sobrevivência. Está em nossa genética, a curiosidade e a ousadia. Não é à toa, que se criaram programas espaciais, para que o homem descubra o que existe além da terra. Do mesmo modo, não é à toa que, de vez em quando, nos colocamos em “perigo’, nos desafiamos em algum aspecto da vida. Está em nosso DNA, negar isso, é se deixar morrer.

É conveniente aproveitarmos essa inquietude para conseguir o que desejamos. Se possível, tendo o cuidado de evitar parte das “surras que a vida nos dá” sempre traçando uma rota, com inteligência, confiantes naquilo que sabemos e acreditamos.

Enfim, faça seus planos deixando sempre um espaço para o inesperado, mas aventure-se. Vá viver!

Agora me conte, qual tem sido sua maior aventura? Um trabalho, um amor novo, uma viagem, um desafio pessoal? Eu gostaria muito de lhe ouvir, digo, ler.

Um grande abraço.

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A Felicidade https://blogdosaber.com.br/2024/04/02/felicidade-busca-objetivo-sonhos-visao-pessoal-filosofia/ https://blogdosaber.com.br/2024/04/02/felicidade-busca-objetivo-sonhos-visao-pessoal-filosofia/#comments Tue, 02 Apr 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4590

Antes de tudo, ao lerem essa crônica, não esperem sair com a definição de felicidade. Apenas, vou pincelar o que acho através de situações em que pessoas pensaram que a encontraria. Partindo daí, tentaremos compreender o que é isso que passamos a vida buscando, a tal da felicidade.

Felicidade através de relacionamentos.

Mariazinha era uma moça de família criada sob a proteção e cuidado dos pais. Fora educada para casar e constituir família, como meio de alcançar a felicidade. Uma visão que se tinha, num passado não tão distante. Com tal pensamento, vivia a preparar seu enxoval. Conheceu um rapaz, farmacêutico, que prescrevia e vendia medicamentos na pequena cidade. Um negócio que nunca iria falir, pois doença é algo lucrativo.

Ela tinha tudo que uma moça de sua idade poderia ter, além de ser muito amada pelos pais. Entretanto, não se sentia feliz. Ansiava casar e assim, desfrutar da tão alardeada felicidade conjugal.

O primeiro ano foi maravilhoso, afinal era novidade.  Os defeitos, que estavam escondidos como uma casa velha com a pintura nova, aos poucos, foram aparecendo. Ele era agressivo, narcisista e a fez definhar de tristeza. O divórcio veio, mas ela ficou perdida, pois não sabia como ser feliz, uma vez que acreditava que a felicidade estava no casamento.

A felicidade da aparência.

Luíza viu uma famosa influencer usando um lindo cardigã de caxemira, numa daquelas fotos publicitárias, com cafezinho no copo de papelão e um bom filtro que deixava tudo perfeito. Imaginou-se, por um momento, sendo como aquela influencer tão “feliz e realizada” se tivesse um cardigã daquela cor, daquela marca famosa.

Relutante, pegou as economias que estava juntando para consertar a geladeira e comprou um semelhante na loja, online. Recebeu a peça delicada. Vestiu. Fotografou. Todavia, as fotos dela não demonstravam felicidade, afinal, ela morava numa cidade bem quente, onde o frio era raridade. Ali, suas esperanças de felicidade se esvaíram e ela se entristeceu mais ainda, pois ficara com uma cara peça de roupa que não ia usar e a geladeira quebrada, o que aumentava a sensação de calor e de frustração.

A felicidade depositada nos filhos.

Rita sonhava ser mãe. Não seria feliz enquanto isso não acontecesse. Era bem sucedida, tinha um bom marido. Engravidou. Anos passaram e por mais que o amor de mãe fosse incomensurável, o filho cresceu e desviou-se dos caminhos que os pais ensinaram. Envolveu-se com o tráfico de drogas e trouxe a violência para dentro de casa, assassinando o próprio pai, num momento em que este o corrigia.

Agora, em frente ao presídio, Rita aguardava, junto à outras mães e parceiras dos detentos, a vexatória revista para visitar o filho. Aquilo estava longe de ser a felicidade que sempre buscara. Sua vida estava destruída.

A felicidade num objetivo

Ricardo almejava ser juiz. Concluiu o curso de Direito. Casou com uma colega de turma. Focado, estudava dia e noite. Vivia absorto nos códigos e entendimentos jurisprudenciais, que mudam de acordo com a conveniência jurídica. O primeiro filho veio. Deu os primeiros passos, mas ele não viu porque estava fazendo uma prova para a magistratura em outro Estado. O menino aprendeu a falar, foi para a escola. A esposa conduzia a casa sozinha. Estava cansada.

Depois de nove anos tentando, Ricardo foi aprovado, mas não tinha com quem comemorar. Ela, achou por bem viver, então separou-se. O filho, agora um pré-adolescente, quando ficava com ele durante o fim de semana, passava o tempo com fones de ouvido e a cabeça mergulhada em jogos eletrônicos. No dia da posse, Ricardo questionou se era feliz. Triste, preferiu não responder.

O que é felicidade?

Muitos filósofos tentaram explicar a felicidade com bases em estudos ou tendências, o que não vou trazer aqui, pois não é um texto acadêmico. Só precisamos saber que a felicidade, além de ser perseguida diariamente, também quiseram colocá-la dentro de um método, para que assim, todos pudesse consegui-la (algo similar aconteceu no Brasil, quando um ministro queria criar o “ministério da felicidade” para garantir que todos fossem felizes). Meu país me surpreende em criatividade.

Os métodos não deram certo, pois cada filósofo definiu a felicidade de acordo com seu conhecimento e sua visão de mundo, ou no que achava que era virtude ou não. Num mundo deste tamanho, meus amores, chegar a um consenso sobre isso é impossível.

Um falava que a felicidade era rir, outro, que era a função social que o indivíduo exercia, outro defendia que a felicidade era alcançada através da espiritualidade, no foco no ser e não no ter e por aí vai.

É o mesmo que a gente se reunir em um grupo de pessoas e pedir que cada um defina felicidade. Cada um vai ter uma resposta diferente, de acordo com o que lhe faz feliz. O que eu acho sobre a felicidade ou o que me deixa feliz, pode não significar nada pra vocês e vice-versa.

Os minicontos que escrevi acima demonstram que a felicidade é concebida, em primeiro lugar, em nossa mente. É quando imaginamos que podemos ser felizes através de um relacionamento, realizando algo, possuindo um bem ou se tornando alguém (ter uma profissão, sendo pais, virando um político ou celebridade), o que não é verdade.

Por vezes, ignoramos os reais momentos de felicidade, aqueles do dia a dia, por estarmos focados em buscá-la, imaginando que é algo grandioso ou surpreendente.

Tais quais nossos personagens dos minicontos eram, de certa forma, felizes, em suas vidas “simples”, o que alguns filósofos também defendiam como uma das maneiras de alcançá-la.

A felicidade existe?

A busca pela felicidade através de pessoas, bens, objetivos.

A felicidade existe. Na minha parca visão de mundo gosto de compará-la a uma brisa, que a gente sente, não pode pegar, mas sabe que existe e que é inconstante, vai e vem.

O bem-estar é um dos pilares da felicidade e podemos nos sentir bem com coisas simples: dançar a música predileta, ouvir a cantoria dos pássaros ao alvorecer ou som do riso de uma criança, dormir numa rede, comer algo que gosta, amar, ser amado, dar uma gargalhada e fazer o bem são exemplos que me ocorreram, mas sei que cada um tem sua forma de se sentir bem e feliz.

Fato é que essas coisas passam despercebidas, pois estamos nessa corrida desenfreada na busca pela realização de um sonho/objetivo, achando que é a felicidade. Com isso, não quero desencorajá-los a buscarem o que almejam. Apenas lhes advirto que apreciem o caminho, desfrutem do processo, sendo felizes também nessa fase.

Infelizmente, nunca teremos uma vida linear, sem problemas, como alguns filósofos defendiam que seria a felicidade. Coisas ocorrem sem o nosso consentimento ou pessoas podem ser perversas e nos machucarem. É da humanidade. Definitivamente, felicidade não é ausência de problemas.

Estado de felicidade.

O estado de felicidade vive conosco, em algum lugar em nosso interior. É o que nos dá paz diante das adversidades. É fácil percebê-lo naquele momento em que você se olha no espelho e se sente feliz com o que vê e não falo da aparência, mas da pessoa que você é/se transformou, do que já superou, da sabedoria que adquiriu, de sua integridade, em ser uma daquelas pessoas que os outros gostam de ter por perto, de ser alguém do bem.

Sentindo-nos dessa maneira, começamos a externar essa felicidade onde estivermos: em casa, no trabalho, com amigos e desconhecidos também. Quem não gosta de gestos de gentileza, quando alguém segura a porta para você ou lhe cede a vez de passar? Pessoas felizes são gentis e pulverizam a felicidade por onde passam.

Por fim, amigos, sejamos sensíveis para sentir a brisa da felicidade quando ela aparecer, e acreditem, ela sempre aparece. Só precisamos estarmos prontos para apreciá-la.

Agora, quero saber de vocês, o que lhes deixam felizes no dia a dia? Vou ler cada comentário com carinho até para conhecer um pouco mais de meus queridos leitores!

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Chuvas e Abrigos https://blogdosaber.com.br/2024/03/26/chuvas-e-abrigos-tempestade-seguranca-devocao-fe-sao-jose/ https://blogdosaber.com.br/2024/03/26/chuvas-e-abrigos-tempestade-seguranca-devocao-fe-sao-jose/#comments Tue, 26 Mar 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4515 Ler mais]]> A imagem trata de um guarda-chuva, um dos abrigos mais utilizados durante  as chuvas.

As chuvas no sertão

Para nós, do sertão do Nordeste, chuva sempre foi sinônimo de bênção. Algumas das minhas melhores memórias são daqueles momentos que antecedem a chuva: As nuvens mudando de cor, um cheiro de vida no ar. A ventania surgindo com uma força tão grande que parece capaz de varrer todos os nossos problemas para bem longe. Pássaros voando apressados, procurando abrigo, grasnando, como se avisando uns aos outros que a chuva está vindo.

Lembro também do quintal de casa, que antes achava enorme e hoje vejo o quão pequeno é, onde as aves se aquietavam, procurando um abrigo para passar a chuva. Até os cachorros se recolhiam. Todos se abrigavam, perante os sinais da chuva.

Já meus irmãos e eu, ansiávamos pelo o banho de chuva, que era uma das coisas mais divertidas que eu achava. Saíamos pelas biqueiras das casas, principalmente, a de nossa avó materna, nos divertindo, gritando, correndo, perdendo as Havaianas, mas aquele era o nosso momento.

Depois, voltávamos para nosso abrigo – nossa casa – para que nossa mãe fizesse o que todas as mães fazem, nos mandando tomar outro banho, dessa vez, “de verdade,” se secar, trocar de roupa e tomar um chá ou um leite quente, quando ela verificava nossos pequenos dedos, todos engelhados, por ter ficado muito tempo fora, tomando chuva. Ela era nosso abrigo. Da chuva e dos problemas. O lugar para onde voltávamos, onde sempre nos sentíamos seguros.

As chuvas de março

Voltando para a realidade, as águas de março vieram com tudo fechando o verão, como dizia Tom Jobim, trazendo alegrias e tristezas pelo Brasil.

Para quem não sabe, março é o mês de São José, o padroeiro das chuvas, muito devotado no Nordeste. Diz a tradição que, se chover nesse dia, o ano será “bom de inverno.” Ou seja, nós, nordestinos, teremos chuvas suficientes para plantar e colher o milho, o feijão, os tubérculos, enfim, aquela agricultura de subsistência, comum no interior de nossa região.

A religiosidade e devoção ao santo das chuvas.

Então, todo dia 19 de março, em muitas cidades, acontece a missa e a procissão em homenagem a São José. O interessante é que as pessoas levam guarda-chuvas, em um ato de fé, esperando que chova. Esse ano, o pai de Jesus (seguindo o raciocínio do ditado popular que “pai é quem cria”) honrou a fé e choveu em vários locais do Nordeste. Os fiéis comemoraram felizes, agradecendo a boa chuva, em vídeos disponíveis nas redes sociais.

Infelizmente, em outras regiões do Brasil as chuvas causaram verdadeiros desastres, mas não adianta culpar o santo. Muitas tragédias são resultadas da intervenção do homem na natureza de forma irresponsável. Por sua vez, a natureza reage com enchentes, seca, aquecimento elevado de temperaturas, deslizamentos de terras, rompimento de barragens, dentre outras.

Acompanhando as notícias, vi o desespero, em algumas cidades, causado pelas fortes chuvas: os governantes pedindo para as pessoas não saírem de casa e declarando estado de emergência diante do caos. Uma cena que me impressionou foi o deslizamento de terra num cemitério em Petrópolis/RJ, deixando os caixões expostos.

Então recordei a nossa querida Natal, quando houve um grande deslizamento no morro de Mãe Luíza, em 2014, deixando várias pessoas desabrigadas. No local, foi erguida uma linda escadaria, criando um novo ponto turístico na cidade, mas até onde sei, as pessoas que perderam suas casas ainda não foram contempladas com outras, o auxílio recebido diminuiu pela metade e o processo, anda de mesa em mesa no Tribunal de Justiça.

Os super abrigos.

As tragédias não escolhem pessoas, nem lugar e acontecem, claro, sempre alheias à nossa vontade. Entretanto, temos que viver como se estivéssemos prontos para tudo de bom e ruim. Eu sei que soa utópico, mas ser confiante ajuda muito.

Pensando nisso, Mark Zuckerberg, dono do grupo Meta (Facebook, Instagram, Threads) está construindo um grande abrigo, visando o fim do mundo ou grandes tragédias. É um bunker, como chamam aqui nos EUA, com energia própria, portas anti-explosão e saídas estratégicas. Ele e outros bilionários estão investindo nesses abrigos, temendo as incertezas climáticas e humanas.

Como não somos bilionários, cabe a nós pedir a Deus que nos proteja do mal que não sabemos ou não vemos. Pedindo sempre com fé, tais quais os devotos de São José que levam os guarda-chuvas acreditando que a chuva virá.

Precisamos de abrigo?

Entretanto, não me preocupo tanto com esses abrigos que o homem é capaz de construir. Os abrigos que mais me preocupam são àqueles para onde devemos nos refugiar quando uma tempestade paira sobre nossas cabeças: os tsunamis da alma, os deslizamentos que passamos na vida, as enchentes de problemas e situações que nos tiram a paz.

Hoje, adultos, sem nossa mãe como abrigo ou sendo a nossa vez se ser o abrigo delas, precisamos que nossos “bunkers” estejam prontos, aqueles abrigos, que construímos ao longo do tempo. Todos nós os temos.

Eu tenho meus abrigos, que são invioláveis, onde não deixo ninguém entrar. Foram construídos para resistir a qualquer furacão. São nossas fortalezas interiores. E sim, baseadas em nossa fé, em nossas crenças, naquilo que nos conforta, no encorajamento que recebemos de nossos pais e de pessoas do bem. Esses abrigos impedem que as tempestades nos destrocem e nos transformem em entulho.

Também costumo terceirizar meus “locais seguros.” Por vezes, preciso de uma palavra amiga, de alguém que confio, que pode me trazer de volta para a paz. São os abrigos representados pelos familiares e amigos, aqueles com quem, verdadeiramente, podemos contar.

Todavia, devemos ter cuidado para não entrar em abrigos errados, que são as dependências químicas, os vícios em geral, as pessoas erradas, em suma, os “becos sem saída” que a vida também oferece.

Como reagimos aos grandes impactos da vida, aos nossos desastres pessoais (muitas vezes, invisíveis aos outros) nos mostra como reagir diante de qualquer outra tragédia. O que não podemos é perder a fé e a certeza de que as tempestades sempre serão passageiras e, que depois delas, desfrutaremos da calmaria.

Agora, me conte você, onde tem sido seu abrigo mais seguro?

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Fotografia https://blogdosaber.com.br/2024/03/19/fotografia-historia-documentacao-momento-vida-eternidade-imagens/ https://blogdosaber.com.br/2024/03/19/fotografia-historia-documentacao-momento-vida-eternidade-imagens/#comments Tue, 19 Mar 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4438

“Na fotografia estamos felizes.”

Inicio nossa crônica de hoje com um trecho da música “Anos Dourados” de Tom e Chico, que ouço na voz de Gal, para falar que sim, que preferimos nossas fotografias sorrindo, para que o momento de felicidade seja registrado. Este, ficará ali, numa tela de celular, em nossas mãos, ou em um porta-retrato, na mesinha da sala.

Fotografia – Um pouco da história.

Essas coisas mágicas chamadas fotografias foram inventadas em 1826, por um francês curioso, chamado Joseph Niépce. Depois, Louis Jacques Mandé Daguerre criou a primeira máquina de fotografia, o daguerreótipo. Imediatamente, Dom Pedro II, sempre antenado nas tecnologias, trouxe um daguerreótipo para o Brasil, logo após seu lançamento.

No início do século XX, a Kodak popularizou a fotografia, mas foram os japoneses que criaram o primeiro aparelho celular com câmera, em 1999. De lá para cá, bilhões de fotos são tiradas diariamente. Somos uma sociedade predominantemente visual. Em outras palavras, vemos fotos a todo instante, em todo lugar e tiramos as nossas também, claro.

Analisando a etimologia da palavra fotografia, temos que foto significa luz e grafia, registro ou escrita. Em suma, fotografia é escrever com a luz. Eu me encantei com essa descrição, pois as fotos nos contam histórias, documentam, nos faz viajar no tempo e nos causam diferentes emoções.

As fotografias como parte do dia a dia

Como viajante, registro tudo que vejo, até para inspirar minha escrita. Meu marido chama de “fotos bobas,” mas eu não me importo, pois não sou uma profissional. Meu objetivo é registrar cores, momentos, pessoas em seu cotidiano, que representam materiais ricos demais para serem descartados.

Faço isso com muito cuidado, pois não é todo mundo que gosta de ser fotografado e precisamos respeitar cada um. As fotografias não deixam de ser uma “invasão de privacidade” mesmo sendo algo tão comum nos dias de hoje.

No verão passado, quando estava em Civitavecchia, uma cidade litorânea na Itália, tínhamos acabado de jantar e voltávamos a pé para o hotel. Foi quando vi um vendedor de flores tomando um espresso (um café curto, bem forte, bem italiano). Não resisti e o fotografei. Revendo a foto, meses depois, pensei “isso aqui é a alma da Itália.” Só pude constatar essa afirmação revendo um registro meu, feito “do nada”, pois as fotos têm essa magia de falar conosco, retratar um ambiente, uma pessoa, um modo de vida.

A fotografia como documentação histórica:

Além de congelar momentos, aplacar as saudades de pessoas e tempos que não voltam, uma das principais funções das fotografias é nos contar histórias.

Abaixo, comento rapidamente algumas fotos que marcaram a humanidade e que possuem uma importância histórica para todos nós. Elas trazem reflexões e, de certa forma, nos dão um norte para o que devemos buscar ou evitar a todo custo, como cidadãos do mundo:

Em primeiro ligar, trago as fotografias dos prisioneiros (a maioria, judeus) libertados dos campos de concentração nazistas. Essas fotos conversam conosco até os dias de hoje, nos mostrando um passado que não queremos nunca mais.

Concomitantemente, temos a famosa fotografia do beijo, do soldado americano e da enfermeira, na Times Square, Nova York, marcando o final da Segunda Guerra Mundial. Num mundo de tantos conflitos, a começar pelos nossos, internos, não precisamos mais de nenhuma guerra.

Logo após, a foto dos primeiros astronautas na lua – Mostra o poder de realização do homem.

Registros fotográficos que marcaram a humanidade

Não menos importante, a famosa fotografia da menina correndo nua, durante a guerra do Vietnã. Sempre quem paga o preço mais alto são os inocentes, os mais frágeis, os que não decidem fazer guerra.

Quem não lembra da icônica foto de um rapaz que, no ano de 1989, durante um protesto contra o regime comunista em Pequim, parou um comboio de tanque de guerra? A fotografia ganhou o mundo como um símbolo pela paz.

Sequencialmente, a foto da criança africana e o abutre, no Sudão, que denunciava a fome naquele continente.

Uma fotografia menos dolorosa, que acho bacana, é o almoço no arranha-céu, onde funcionários, sem se importar com os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) almoçavam tranquilamente, como se estivessem num boteco. A foto serviu para mostrar ao mundo que, em meio a uma grande recessão/crise financeira, os Estados Unidos continuava produzindo, construindo. O que também se vê nos dias de hoje.

São muitas fotos transmitindo mensagens e também um registro de tempo, uma história. Vou deixar aqui o link, para quem tiver curiosidade de mergulhar um pouco mais na história mundial através delas.

Algumas fotografias icônicas de nosso país:

No Brasil, separei algumas fotografias legais que marcaram nossa história. São poucas, para não alongar o texto. Ei-las:

Em primeiro lugar, o Bis de Santos Dumont – O mineiro colocou seu protótipo para voar em solo parisiense, em 12 de novembro de 1906.

Em seguida, temos o Cristo Redentor, logo após sua inauguração. É o nosso maior cartão-postal.

Sequencialmente, na Itália, um soldado brasileiro segurando um artefato explosivo com os dizeres “a cobra está fumando” direcionado aos nazistas. O jornalista designado para cobrir a participação do Brasil foi nada mais, nada menos que nosso maior cronista, Rubem Braga. Ele escreveu muito sobre isso, com sua inteligência peculiar.

Logo depois, temos Pelé, em 1958, quando o Brasil ganhou a Copa do Mundo pela primeira vez, na Suécia.

Juscelino Kubitschek inaugurando Brasília. Ah Brasília, cansada de guerra!

Em seguida, temos a foto do garimpo em Serra Pelada, do famoso fotógrafo Sebastião Salgado (creio ser o fotógrafo brasileiro mais premiado e conhecido mundialmente). Ele ficou famoso por fotografar/documentar a tentativa de assassinato de Ronald Regan, então Presidente dos Estados Unidos.

Uma fotografia nordestina que correu o mundo:

Finalmente, para nós, nordestinos, existem várias fotografias históricas, mas a que mais chama a atenção é a icônica foto da cabeça dos cangaceiros, capturados e mortos pela Volante (Polícia Militar), na escadaria do Palácio Dom Pedro II (atual sede da Prefeitura de Piranhas), em Alagoas. Além de documentar, a foto passa uma mensagem.

Das fotos históricas às pessoais

Da mesma forma que agências de notícias e profissionais documentam a história através das fotos, nossos familiares também têm o mesmo cuidado e tratam do assunto com maior importância. Eles documentam nossas vidas desde a infância. São registros fotográficos considerados “obrigatórios” tais quais as imagens de aniversários, casamentos, formaturas, etc. É a nossa vida passando através da fotografia.

Atualmente, com os celulares, o processo é mais rápido e podemos fotografar várias vezes, aleatoriamente e reciclar as que gostamos para a posteridade.

Constantemente, eu posto qualquer coisa que acho interessante, porque sei que com o passar dos anos, as redes sociais me lembrarão o que postei. Dessa forma, quando vejo as imagens de meus pais, de pessoas próximas que já se foram, no íntimo, agradeço por tê-los fotografado, mesmo que de qualquer forma.

Então, não se acanhem. Fotografem muito, registrem suas vidas. Mais adiante, você vai gostar de ter feito isso.

Era visual, era da fotografia digital.

Definitivamente, estamos na era das redes sociais, do visual. “Quem não é visto não é lembrado” não é assim que falam? Entretanto, respeito e admiro quem vive em off.

Por fim, a fotografia, é a oitava arte. Então, meus amores, somos todos artistas, pois atire a primeira pedra quem nunca tirou uma “fotinha” na vida!

Agora, quero lhe ouvir. Você gosta de registrar tudo ou prefere viver com mais privacidade?

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Caixa de Recordações https://blogdosaber.com.br/2024/03/12/caixa-de-recordacoes-memorias-vida-lembrancas/ https://blogdosaber.com.br/2024/03/12/caixa-de-recordacoes-memorias-vida-lembrancas/#comments Tue, 12 Mar 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4377 Ler mais]]>

Recordações – A caixa da vovó!

Quando crianças, entrava minha irmã Vitória e eu no quarto de nossa avó materna, como se estivéssemos numa ilha do tesouro. Abríamos uma enorme mala-baú, que mais parecia um ataúde e, dentro dela, encontrávamos o objeto de nossa curiosidade – uma pequena caixa contendo diferentes miudezas, que encantavam nossos olhos: Eram botões coloridos, moedas antigas, uma pequena boneca de pano preta, um lenço puído, mas imaculadamente branco, com três flores pequenas bordadas em uma das pontas, um frasco vazio de perfume que outrora fora uma escultura de uma imagem católica, dentre outras coisas.

Analisávamos um a um, como arqueólogas experientes, tentando decifrar a origem, data e importância de cada item, mas não conseguíamos.

De repente, a dona do curioso acervo, nossa avó, chegava e ralhava conosco, guardando os importantes achados e nos mandando ir para a sala, onde poderia ficar de olho nas duas curiosas. Ela guardava sua caixinha de tesouros, digo, recordações, e nos conduzia, como um guarda leva os prisioneiros, para o pátio.

As caixas de recordações são coisas muito particulares. Cada um pode ter a sua, onde deposita pequenos tesouros pessoais, acumulados ao longo do tempo. Alguns, são para sempre, outros, vamos nos desprendendo, sem perceber.

O valor que damos às nossas recordações depende muito de nossa criação, cultura, visão pessoal de mundo e, principalmente, experiências. O que é importante para mim, pode não ser para vocês e vice-versa.

Essas recordações podem ser coisas preciosas, como joias, armas, quadros de família ou bugigangas supérfluas, sem valor monetário, mas de incalculável valor emocional. Somos pessoas emotivas e adoramos nos “agarrar” às coisas que nos remetem a tempos bons, boas lembranças e lugares seguros, como a casa dos nossos pais, por exemplo.

Coisa de criança?

Não precisa ter idade certa para ter uma caixa de recordações ou segredos. Como narrei, vovó tinha uma caixinha dessas, cheias de artigos interessantes.

Por bem da verdade, não compreendíamos o que significavam. Para nós, eram apenas objetos de curiosidade, mas tenho certeza que ela tinha seus motivos para manter consigo tais prendas.

Na adolescência, comecei a juntar meus “tesouros,” pessoais que consistiam numa embalagem vermelha de um bombom, fotos de Brad Pitt, um ingresso de cinema e uns cartõezinhos que estavam super na moda, estilo “pop-up”, que poderiam ser de amigos ou namorados. Eram coisas que, para mim, eram muito importantes (naquela época). Depois, nem sei como desapareceram. Mamãe deve ter pensado que era lixo e jogado fora, como costumava fazer com tudo que via pela frente. Coisas de mães.

Já adulta, me pego guardando tickets do metrô de Paris, cartões postais, moedas estrangeiras, cadernos de anotações que compro e tenho pena de usar, marca-páginas tão elaborados, que parecem obra de arte. Enfim, itens que me despertam boas memórias. Quanto tempo irei mantê-los em minha caixa de recordações, não sei. Talvez passe para meus sobrinhos, num futuro não tão distante.

Caixinhas de recordações sentimentais

Entretanto, nossas caixas de recordações não precisam ser apenas materiais. Eu sei, que no fundo do coração de cada um de vocês, há uma caixinha repleta de bons momentos que a vida lhes ofertou, algum dia: o primeiro beijo, a primeira vez, uma conquista importante, uma aprovação, um gesto de carinho de uma pessoa especial (seja um familiar ou um amor), uma coisa estupenda que aconteceu e que você guardou como um tesouro.

Ah, eu tenho tantas coisas boas guardadas… Uma delas, que é inesquecível, foi um abraço que recebi do pároco de minha cidade natal, Padre Vicente, quando eu tinha nove anos. Eu entrei correndo na Igreja para a minha primeira eucaristia e ele estava bem no meio do corredor e, em vez de ralhar, me abraçou (ele era famoso por ter um temperamento difícil). Foi algo tão singelo que mantenho a memória até hoje.

O Beijo – De Gustav Klimt

Recentemente, guardei mais um momento marcante em minha caixa de recordações: A visita ao Palácio Belvedere, em Viena, onde hoje funciona um museu. Pois bem, o museu abriga uma grande coleção de obras do pintor austríaco Gustav Klimt. Dentre elas, o quadro intitulado O Beijo, uma obra que eu admiro há muito tempo. Já sonhei com ela, já me inspirei e escrevi poemas sobre ela, e me pego pensando nela, quando quero desligar-me de tudo. É um caso de amor de longas datas.

No momento que eu vi aquela tela em minha frente, não acreditei. Parecia um sonho. Foi algo surreal mesmo. Fiquei horas examinando cada detalhe. Emocionada, agradeci muito ao meu marido por ter me levado àquele museu. Dentre essas lembranças, há muitas outras ao longo dessa minha breve vida e sei que vocês também guardam as suas.

O tempo, sábio como é, aqui, acolá, faz as vezes de mamãe e leva algumas embora, sem que eu perceba. Acontecimentos que em algum momento eu pensava serem grandiosos, mas depois de certo período, com mais maturidade, vejo que não eram tão importantes assim.

Essas caixas de recordações nos ajudam a viver. Sabe, naqueles dias maus ou em que a gente esquece que é feliz? Nesses dias, extraia uma lembrança boa de sua caixinha e sorria para a vida.

A lixeira

Também temos nossa lixeira pessoal, onde jogamos as recordações desagradáveis. Nelas estão nossas decepções, nossas dores, os momentos em que duvidamos de nós mesmas, e aqueles em que fomos duramente golpeadas… Em síntese, as coisas mais terríveis que passamos.

Mais do que jogar essas memórias nessa lixeira interior, devemos também jogar no triturador do tempo. Esquecer para sempre. Apagar de nossas vidas. Definitivamente, há coisas que não dá para guardar, pois nos envenenam e sem querer, embaçam as coisas boas de nossas caixinhas de recordações.

É isso, amigos leitores. Tenho as minhas caixinhas de recordações materiais e sentimentais e cuido, com zelo, de cada uma.

E vocês, também pensam assim e gostam de guardar coisinhas especiais? Se puder, comente um objeto que vocês mantem pelo valor sentimental que possuem ou até mesmo uma lembrança boa, importante para vocês!

Um abraço apertado daqui do mar!

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Dia Internacional da Mulher https://blogdosaber.com.br/2024/03/05/mulher-desafios-comemoracao-violencia-luta-conquistas-direitos/ https://blogdosaber.com.br/2024/03/05/mulher-desafios-comemoracao-violencia-luta-conquistas-direitos/#comments Tue, 05 Mar 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4312

Sou Mulher

Sinto-me privilegiada por ter nascido mulher, ter meu corpo feminino, minha voz, minha sensibilidade apurada, apesar de tantos obstáculos e da luta diária que travamos por nossos direitos, por respeito e principalmente, pela vida.

No início do mês (do nosso mês), foi noticiado que uma brasileira foi vítima de estupro coletivo na Índia, um país que ainda mantém uma cultura de desvalorização da mulher, a exemplo de outros, na Ásia.

Nas viagens que faço, é comum me deparar com a discrepância entre os sexos em pessoas oriundas desses países. Por exemplo, nos cruzeiros pelo Caribe, em pleno verão, onde as temperaturas ultrapassam os 35 graus Celsius, os homens andam de camiseta, bermuda e chinelos e as pobres mulheres com sáris enormes (aqueles vestidos longos, cheios de tecido quente, e a depender do modelo, cobrem também a cabeça) suando, correndo atrás das crianças.

Sem falar nos países em que as mulheres usam a burca, aquela vestimenta que deixa somente os olhos de fora. Uma mulher vivendo em condições de medo e cerceamento, com certeza, não é feliz.

No Brasil, a violência e o feminicídio bate recordes. Hoje mesmo, enquanto escrevia, durante uma pausa que fiz para tomar água, abri as redes sociais e li a seguinte manchete da CNN:  jovem esfaqueada à beira de rodovia em Minas Gerais morreu ao fugir de cárcere privado.

Meus leitores, está muito perigoso ser mulher nos dias de hoje.

Dia Internacional da Mulher

O dia é internacional da mulher, mas temos mesmo o que comemorar? É inadmissível em pleno século XXI e na era da informação e tecnologia em que estamos nos depararmos com situações sociais perigosas e humilhantes para nós, mulheres.

Quis trazer um texto aprazível, em homenagem ao nosso dia. Até coloquei a música de Erasmo Carlos “Mulher, mulher, a forma em que você foi gerada, jamais tirei um dez, sou forte, mas não chego aos seus pés” para entrar no clima, mas não dá para colorir tudo de rosa. Parece que as cores estão mudando e vemos com mais frequência o roxo dos hematomas e a cor da morte dos cadáveres femininos.

O que é ser mulher?

Crescemos tidas como o sexo frágil, mas na verdade, somos as maiores fortalezas para aqueles que nos rodeiam. Não, não estou falando de trabalho braçal, pois para isso, criaram as máquinas. Estou falando daquelas grandes batalhas internas que destroçam qualquer ser humano.

Os homens têm demonstrado uma fraqueza assustadora. Não conseguem resolver os próprios conflitos e os trazem para dentro do lar, que deveria ser um refúgio para tudo de ruim que acontece lá fora. E o papel de apaziguadora, pacificadora, recai para nós, mulheres, seja através da maternidade ou do matrimônio. Muitas vezes, servindo de saco de pancadas para as frustrações dos outros.

Não estou querendo demonizar a figura masculina, mas nossos agressores são os homens. Isso é fato. Mas aí vem um grande questionamento: Quem educa esses homens? São as mães, as avós, as tias, as babás, em síntese, a mulher. Talvez seja o momento de rever que educação e ensinamentos estamos passando para a próxima geração.

O dia 08 de Março

O dia 08 de março foi criado oficialmente pela ONU, em 1975, para celebrar a luta pelos direitos das mulheres. Isso depois de várias manifestações mundiais que vinham ocorrendo na América e Europa. Nos anos anteriores, as mobilizações ocorriam sobre a igualdade salarial e redução de jornadas trabalhistas. Hoje, com aumento da violência contra a mulher, estamos pedindo paz, em primeiro lugar.

Mulheres que inspiram

Já vencemos muitos obstáculos, isso é notório e sem querer, estamos perdendo um pouco de nossa essência para mimetizar o ser masculino e assim, conquistar mais respeito.

Li uma frase que dizia assim “Ela não sonha com um príncipe encantado. A donzela da atualidade está se tornando o homem de seus sonhos” e achei extremamente desagradável. Eu não quero ser o homem dos meus sonhos. Eu quero ser mulher bem feminina e que esse “homem dos sonhos,” ou algo assim, esteja ao meu lado para somar, crescermos juntos.

Creio que precisamos manter nossa essência onde quer que estejamos.

Vamos olhar para mulheres como Marie Curie, a cientista premiada, que fez importantes descobertas para a medicina, Bertha Von Suttner, que ganhou o prêmio Nobel da Paz por expor a violência das guerras, Rosa Parks, que foi um ícone contra a segregação racial americana…

Bem perto de nós, temos nossa potiguar Alzira Soriano, protagonista da política, dentre tantas outras mulheres maravilhosas que deixaram sua marca e deixam por onde atuam. Estas, não precisaram perder a feminilidade para se posicionar como mulher e conquistadoras/defensoras de direitos.

Recentemente, conheci uma mulher notável, a Capitã Kate, que comanda o navio Beyond da companhia Celebrity. Muito simpática e com um aperto de mão firme. Lá está ela, comandando um navio enorme com uma tripulação de quase 3 mil pessoas, além dos hóspedes, num mercado predominantemente masculino. Ver uma mulher adentrado num espaço que “não lhe cabia” e exercendo a função com maestria, me deixou muito feliz.

Na verdade, há espaços para todos, em todas as áreas. Não queremos disputar queda de braço com ninguém, apenas ter nosso lugar ao sol.

Nascemos empoderadas!

Como mulheres, nascemos com a missão mais importante da terra, a maternidade. Somos nós que carregamos a vida por meses, parimos, amamentamos, acalentamos e criamos. Eu não vejo função mais nobre e importante no universo.

O empoderamento feminino que a mídia fala vem se confundindo com invasão e inversão de papeis. Essa individualidade que pregam é cansativa e sobrecarrega nossa vida. Não temos que fazer tudo sozinhas. Vivemos em sociedade e como tal, precisamos conviver com racionalidade.

Há particularidades inerentes às mulheres, da mesma forma que há atividades próprias aos homens, até pelas diferenças físicas que possuímos. Ser racional é reconhecer isso no dia a dia.

De qualquer forma, parabéns para nós, mulheres!

Todos os dias são nossos, pois fazemos acontecer. Somos nós que transformamos uma casa num lar, sabemos extrair o que há de melhor na alma humana e somos maternais por natureza. Com nossa essência, deixamos a vida mais bela.

Vivem falando que o mundo ainda será feminino. Bem, que seja um mundo bem mais delicado, pacífico, com jeito de mãe, cheio de amor e cuidado e mais acolhedor como nosso abraço. Que tenha mesmo a nossa cara e jeito de mulher!

Feliz Dia Internacional da Mulher!

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Música https://blogdosaber.com.br/2024/02/27/musica-magia-viagem-alegria-saudosismo-cultura-fases-de-transicao/ https://blogdosaber.com.br/2024/02/27/musica-magia-viagem-alegria-saudosismo-cultura-fases-de-transicao/#comments Tue, 27 Feb 2024 09:30:00 +0000 https://blogdosaber.com.br/?p=4225

Qual a trilha sonora de sua vida?

Nem sei se chamarei esse texto de crônica, mas sei que vou falar de algo que todo mundo gosta e que faz parte de nossas vidas desde sempre, a música.

Não se preocupem, pois não vou falar se estilo A é melhor que B, pois a música, para mim, vai além de molduras. Sua verdadeira importância se dá pelo que ela representa em nossas vidas, seja uma memória, uma viagem no tempo, um evento importante. Leiam e vejam se concordam!

Quando nascemos, temos as músicas de ninar que nos acalentavam até o soninho. Hoje, acompanhando o crescimento de meus sobrinhos, vejo quem domina essa parada é a Galinha Pintadinha e o Mundo Bita, não é mais a cantoria ao vivo dos familiares.

Quando criança, como não lembrar daquelas cantigas que nos faziam felizes: (senhora dona Cândida, o homem bateu em minha porta, etc.) São músicas, que por mais insignificantes que pareçam, nos trazem fortes recordações. Assim como as músicas-tema dos desenhos animados (Cavalo de Fogo, os clássicos da Disney, Ursinhos Carinhosos e tantos outros).

Outro dia achei um perfil nostálgico no Instagram com alguns dos grandes sucessos e, eu sabia a letra de todos. A música tem esse poder de “fixação” em nosso cérebro. Por tal razão, muitos cursinhos preparatórios a utilizam para fixar alguns assuntos na mente dos alunos.

Gênero musical vem de berço?

Meus pais sempre adoraram música, no gênero que gostavam: papai, apreciava o que chamamos de “brega.” Nomes como Noite Ilustrada, Waldick Soriano, Nelson Gonçalves, Silvinho, sempre eram ouvidos em nosso lar. Já mamãe, era do estilo romântico, Roberto Carlos e Julio Iglesias, principalmente e o “pop” de sua época, com aqueles conjuntos musicais: “Os Fevers, Os Incríveis, “Renato e Seus Blue Caps,” a turma da Jovem Guarda, que também aprendi a gostar. Sei as músicas de cor.

Um fato curioso sobre isso: Lembro que quando eu trabalhava no hospital em Lajes, um amigo taxista veio me pedir para escrever uma carta romântica para a pessoa que ele estava interessado. Pois bem, eu também querendo me divertir com aquela situação inusitada, comecei a escrever uma carta com pedaços de músicas bregas. Vocês imaginem como ficou essa missiva! Toda semana ele me trazia a “carta-resposta” e pedia para eu escrever outra. Eu ficava mordendo minhas mãos, para não desabar na risada, mas fato é que funcionou. O casal vingou, até que a morte os separou, literalmente. Ele já descansa com o Senhor.

Meus vizinhos em Lajes (alguns já se foram), sempre tiveram o hábito de colocar a música em mais alto volume e isso me deixava louca com tanto mau gosto. Nunca vi tanta música “curiosa”, mas nada comparada ao que se ouve hoje, pelo amor de Deus. Há músicas que são mesmo desagradáveis, como aquelas baixarias que narram uma relação sexual de forma grotesca. Nem sei se devo chamar isso de música.

A adolescência musical

Bem, pessoalmente, tive um clique em meus gostos musicais durante adolescência. Naquela fase de “rebelde sem causa” ouvia Rap com minha irmã e minha prima. Sim, ouvíamos e dançávamos parecendo umas baratas que tinham acabado de levar uma borrifada de Baygon, mas passou.

A minha cantora preferida era Joanna e eu até a dublei na escola, mas gostávamos mesmo de ouvir nossos nordestinos com suas letras reflexivas (Zé Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e nossa diva-mor, Elba Ramalho. Gonzaguinha, Gal, Caetano, Maria Bethania e Gil também faziam parte do repertório).

Lembro também que, durante a adolescência, todo mundo tinha que gostar de Legião Urbana. Parece que gerava um certo “respeito” dizer que gostava deles. Então, algumas músicas eu até apreciava, mas para dar uma de “do contra”, dizia que não. Sim, essa era eu, adolescente.

Então, eram os anos 90. Aquelas músicas “dance” estouraram: Corona (até hoje quando escuto, parece que o esqueleto obedece a um comando mental, pois começa a se mexer involuntariamente), Double You, Eurythimics, Red Velvet “Oh lady don’t cry”, dentre outros sucessos tidos como “Eurodance.” Sem falar nas trilhas sonoras dos filmes e das novelas. Naquela época, não existiam redes sociais e quem comandava o show era mesmo a turma do plim-plim.

Já mais adulta, meus términos eram embalados por “Trocando em miúdos ” (na voz de Emílio Santiago e Alcione) e “Atrás da Porta” de Elis Regina, em que eu chorava junto com ela, que cantou com a alma sangrando, dizem, ainda com dor de cotovelo por causa de Bôscoli.

A música tem um poder que desconhecemos. Elas marcam épocas, momentos, gerações.

Quem não lembra da música que tocava quando nosso querido Ayrton Senna vencia a corrida de Fórmula 1? Acredito que quem o acompanhava, quando ainda ouve aquele som (deixo o link) sente uma nostalgia boa, de um tempo em que um brasileiro trazia tantas alegrias para nosso povo. Semelhante também eram as músicas da Copa do Mundo, na ocasião em que um país inteiro se unia em torcida!

Assim como no Brasil, aqui nos EUA também acontece o mesmo. Uma das “música-hino” é “Don’t Stop, Believing’” da banda Journey. Eu AMO, até porque sou apaixonada por Steve Perry, o ex-vocalista.

Essa semana, falava com meu amigo cronista e radialista de Teresina, Chagas Botelho, sobre o documentário que a Netflix lançou sobre a música “We are the world” onde renomados artistas se reuniram para arrecadar fundos e ajudar a combater a fome na África. Foi uma música produzida com um propósito muito nobre e que deu certo, naquele momento difícil. Outros grandes concertos beneficentes aconteceram ao longo das décadas, com a música como produto principal, pois ela tem uma linguagem universal, que toca qualquer pessoa.

Músicas temáticas

Não sei vocês, mas há músicas que fazem chorar. Geralmente, aquelas católicas que se costuma cantar durante as cerimônias de despedidas finais, tal qual “Ninguém te ama como eu.” Tocam no fundo da alma e abrem a represa de lágrimas. Outro exemplo, é a música composta por Elton John, durante o funeral da Princesa Diana. Não tem como não ouvir “Candle In The Wind” e não lembrar daquele fatídico dia.

Os louvores, as músicas sacras, que enchem nosso coração de ternura, a marcha nupcial e os cânticos religiosos também detêm esse poder que não sei descrever com palavras: o de mexer com seu psicológico, com seus sentimentos, de enaltecer e entristecer o coração. Isso é a música, que dizem, ter sido inventada pelo deus Apolo, mas creio que é uma das muitas linguagens que o próprio Deus usa para falar conosco.

A música nos faz viajar

Quando vou visitar um país, cujo grande peso cultural é a música, procuro ouvir algo que me remeta àquele lugar, para que eu “entre em sintonia” antes. Podem achar loucura, mas comigo, funciona. Deve ser por isso que me adaptei rapidamente aos EUA, pois sempre ouvi muito a música americana.

Pois bem, no verão do ano passado, passamos um mês inteiro na Europa, tendo permanecido mais tempo numa pequena cidade italiana chamada Civitavecchia. Como em toda antiga cidade da Itália, havia muitos prédios com janelas antigas, as “finestras,” como eles chamam.

Uma música que ficou em minha mente e em meu coração foi “Marechiare” (composta em 1886), que diz que “quando nasce a lua no mar calmo, também os peixes fazem amor… Tem uma janela e a paixão está lá”.  Quando Carreras canta o refrão, parece que está tendo um ápice durante um colóquio amoroso. Sempre que a ouço, imediatamente, minha mente me transporta para aquele lugar, como num passe de mágica.

Do flamenco para a valsa.

Em Barcelona, a primeira coisa que vimos ao chegar, foi um conjunto de músicos tocando e dançando flamenco, a dança local, que mexe até com sua alma. Postei em minhas redes sociais dizendo que com essa recepção nem precisava dizer onde estava, porque a música fala por si e faz parte da característica de um povo.

Em Viena, as músicas clássicas ditavam o ritmo e o glamour da cidade. Afinal, alguns dos grandes compositores mundiais (Mozart, Schubert, Strauss, Brahms, Fahrbach e tantos outros), vieram da terra da valsa. Em Budapeste, da mesma forma. Quem já não ouviu falar da valsa “Danúbio Azul”?

Creio que quando os turistas chegam ao Brasil, esperam ouvir aquele samba bem feito, que tocava nos bares do Rio de Janeiro, antigamente.  Não há como não se falar em cultura sem passar pela música. Como é um tema muito longo, eu escreveria um verdadeiro tratado sobre isso, mas vou finalizar.

A conexão pela música

Longe de casa, a música é uma maneira de me conectar com meu país. Não sei se vocês já viram a apresentação dos Três Tenores cantando Aquarela do Brasil, uma de nossas mais lindas músicas, composta por Ary Barroso. Bem, quando estou com muita saudade de minha pátria, a coloco no maior volume nos fones de ouvido e, imediatamente, meu corpo reage, arrepiando todos os pelos dos meus braços.

Enfim, meus amigos, o que quero dizer é que a música tem um poder de curar e adoecer um coração. Eu consigo mudar meu humor através dela e desafio vocês a fazer o mesmo.

Tenho várias playlists: para escrever, para dançar, para sambar (gosto de Belo), a gospel, a de momentos românticos, só violão, só clássica e da era de ouro da música que traz o jazz e outros gêneros, bem como esses cantores atuais. Sou eclética e acredito que para cada ocasião há uma música especial.

Agora me fale sobre alguma música que lhe tocou, de alguma forma, e o motivo dela ser especial para você:

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